terça-feira, 20 de abril de 2010

22º Correndo contra o Tempo.


Vou ate o meio deles e peço para todos se sentarem para eu explicar o que estava acontecendo. Espero que todos eles não fiquem preocupados ou com medos, bom isso é meio impossível pela situação que já estávamos lidando.

-Bom pessoal escutem...preciso falar uma coisa, sentem-se – Todos se acomodam em um lugar.

Cha fica sentada ao meu lado, Marcelo fica encostado na mesa, Pati senta no chão ao lado de Nairo, e Be senta no sofá comendo uma barra de chocolate.

-É o seguinte...não quero preocupar ninguém, mas temos pouco tempo para sair dessa cidade.
-Como assim? – pergunta Cha.
-Se não sairmos daqui antes do Anoitecer...todos nossos esforços para tentar sobreviver vão ter sido em vão!
-Do que está falando Edward? – pergunta Marcelo.
-Nós conseguimos ouvir o rádio da policia dando as seguintes informações...

Conto-lhes tudo o que estava para acontecer, a partir de agora estávamos correndo contra o tempo, minha respiração fica acelerada de tanto falar. Engulo seco e tomo um pouco de água que havia dentro de uma pequena garrafa plástica em cima da mesa.

Respiro fundo, o silencio invade a sala deixando todos calados. Levanto de onde eu estava e caminho ate a janela olhando para o por do sol que já estava começando, deveria ser umas 18:00 horas da tarde naquele momento.

-Temos que achar uma saída desse lugar – falo olhando pela janela.
-Vamos encontrar um carro e tentar chegar o mais perto possível da saída dessa cidade – diz Marcelo olhando para todos.
-E onde vamos encontrar um carro? – pergunta Be.
-Aqui tem um estacionamento não tem? – pergunta Nairo.
-É isso que eu to falando, vamos ate lá, pegamos um carro e damos o fora daqui – Marcelo parecia muito confiante.
-Mas as ruas devem estar todas interditadas pelos carros Marcelo, só caminhando passaríamos por eles. – digo para ele.
-Tem razão – concorda ele.
-Edward...quando você ouviu o rádio qual foi a primeira coisa que eles disseram? – pergunta Cha.
-Que era para todas as unidades retornarem as suas bases, em outras palavras reagrupar-se...mas...por que esta perguntando isso?
-Faz muito que você escuto isso?
-Acho que uns 30 minutos!
-Ou seja, ainda deve ter soldados pela cidade retornando para suas bases, se nós encontrarmos algum deles podemos sair daqui, eles devem saber onde fica o ponto onde todos estão reunidos não é? – Charlene lanço sua idéia, agora era ver se todos concordavam.

Eu não tinha pensado nisso, tentar chegar ao grupo dos militares que estavam saindo da cidade antes da bomba de gás. Se bem que seria uma tentativa muito arriscada, não temos como fazer alguma sinalização ou algo parecido.

-Tem razão, mas e como nós vamos encontrar eles? – pergunta Patrícia.
-Bom parados aqui é que não vamos mesmo – diz Nairo.
-Vamos pegar o carro que o Marcelo falo no estacionamento e procurar, provavelmente eles estejam perto da ponte onde sai da cidade – proponho eu.
-Então vamos, peguem suas coisas e vamos. – diz Cha muito ansiosa e confiante de mais, ou era eu que estava com um pressentimento negativo, definitivamente tenho que parar com isso.

Todos preparados para ir, saímos eu, Marcelo na frente para cuidar quem vinha, Be e Nairo certificaram-se de cuidar os fundos, Cha e Patrícia ficaram entre nós. Abrindo a porta lentamente íamos saindo um por um, depois de sair todos descemos as escadas cuidando por todos os lados para ver se aparecia alguém.

Cha ia logo atrás de mim segurando-se na minha mochila, Marcelo ia com um machado parecido com o de Be empunhado nas mãos. Caminho ate a porta de entrada onde estava toda bloqueada, olho para o lado de fora por um pequeno buraco que tinha na porta, não havia ninguém lá, estava deserto.

-Ta tudo limpo...podemos sair sem fazer barulho e entrar pela frente do estacionamento...Vamos! – explico.

Eu, Cha e Marcelo somos os primeiros a sair, quando Be e os outros foram sair gritos ecoaram lá dentro que chamo a atenção de todos. Olhando pelo vidro da porta vejo sombras de pessoas correndo na direção deles, Be e Nairo se preparam para se defenderem, pareciam que eram 6 pessoas mas mesmo assim não era motivo para se tranqüilizar. Be tranca a porta e começa a falar comigo.

-Be...O que esta fazendo abre a porta – grito.
-Edward...vai logo pro estacionamento que nós encontramos com vocês lá! – diz ele.
-O que? Não venham agora!
-Se abrir a porta não vai dar para fechar de novo, vai logo! – grita ele.
-Vamos Edward...faz o que ele ta pedindo – diz Marcelo me puxando pelo braço.

Corremos ate o portão do estacionamento que estava aberto pela metade, passamos por baixo do portão e corremos em direção do primeiro carro que encontramos, um Gol preto com os vidros pretos também era muito bonito.

-É incrível isso...- digo chegando ate o carro.
-O que? – pergunta Marcelo.
-Quando esta todo mundo junto, sempre tem uma coisa que nos separa novamente.
-Realmente... – concorda Cha.
-Espera Marcelo, deixa isso comigo...
-Onde aprendeu a fazer isso? – pergunta Marcelo.
-Com meu irmão, segundo ele, se eu soubesse fazer uma ligação em um carro, me daria bem na vida...não me pergunte por que ele disse isso...Pronto vamos.
-Agora é comigo...
-E cadê o Be e os outros? – pergunta Cha.
-Olha lá vem eles – diz Marcelo olhando pelo espelho.

Be, Nairo e Patrícia entram rapidamente pelas portas de trás junto com Cha, Marcelo corre o mais rápido possível arrombando o portão que estava entre aberto. Virando a esquina ele segue em direção a saída da cidade, logo observando, víamos aqueles corpos na rua estripados e ensangüentados.

Era uma sena muito triste de se ver, um carrinho de bebe que estava parado ao lado de um telefone publico, estava com tripas pendurada na borda do carrinho.
Agora eu paro e penso, será que Deus que nos ajudou esse tempo todo, será que foi ele que sempre estava ali nos protegendo ou foi tudo nós, somente...nós. Eu não sei mais em o que acreditar, se existe mesmo um Deus, por que ele deixou que isso acontecer? Ou será que estamos pagando por tudo que nós havíamos feito de mal, será que é o fim de mundo? E se essa bomba não funcionar? Droga...pergunta, perguntas, perguntas...não consigo nem tentar adivinhar o que pode acontecer de agora em diante.

-Edward...o que foi? - pergunta Marcelo.

Estava um silencio total dentro do carro, vejo pelos vidros os olhares de Cha e dos outros, em pânico e confusos sem saber o que poderia acontecer.

-Nada eu só...estava pensando em todas...as pessoas em que nós ajudamos, Inocêncio, a namorada dele, Larissa, Jeferson...Emily. – realmente eu pensava neles o tempo todo, e eu ainda não conseguia imaginar como Emily havia sido infectada.

Olho de canto para Marcelo e vejo que sua expressão mudo, suas mãos apertaram o volante do carro mais forte, sinto que o clima dentro do carro mudou então tento ficar na minha.

-Juro por Deus que se isso tudo acabar, eu quero é viajar pra bem longe e curtir uma praia no Rio de Janeiro tomando Água de coco – comenta Be se jogando para trás no banco do carro.
-Eu só teria isso no meu aniversario... – diz Nairo olhando pela janela.
-Ahhhhhh falando em Aniversario...hoje ainda é 31 de Agosto seu Edward... – diz cha se movendo para frente e me abraçando.
-Nossa eu tinha ate esquecido...ainda é meu aniversario – comento com uma leve risada.
-Parabéns maninho...tudo de bom pra você! – diz Cha.
-Obrigado Cha...
-Parabéns Edward... – diz Patrícia tocando em meu ombro ao lado de Be.
-Parabéns Cara... – Marcelo tira uma das mãos do volante para me cumprimentar.
-Valeu Marcelo, Valeu pati...mas infelizmente esse esta sendo o pior aniversario de todos – comento olhando pela janela.
-Mas veja o lado bom! – diz Cha
-Ah e ainda tem um lado bom? Qual? – pergunto.
-Você já é maior de idade seu bobo, 18 anos em...ta ficando velinho!
-Que isso...essa era a idade que eu nunca queria que chega-se – comento.
-Do que você esta falando? Essa é a melhor parte de toda sua vida...por que você vai... – Be é interrompido por Patrícia.
-Marcelo cuidado... – grita pati.

Três pessoas se jogam contra o carro fazendo Marcelo sair da rua e destruir o acostamento e baixar um barranco enorme, vejo a única luz do carro acessa iluminando o caminho que baixávamos.

-Dobra...Dobra...cuidado com a árvore Marcelo! – grita Be.

Com a força da batida a árvore destrói totalmente o motor do carro, olho para o lado e vejo Marcelo desacordado com a cabeça contra o volante sangrando, levanto lentamente colocando a Mão na cabeça sinto um pequeno corte ao lado da sobrancelha que sangrava um pouco.

-Alguém ai se machuco? Cha? Be? Estão todos bem?- pergunto.
-E...Edward...me ajuda... – eu ouvia fracamente a voz de Cha logo atrás de mim.

Virando para trás vejo cha sentada normalmente no banco do carro, mas estava com uma expressão de dor, vejo ao lado de sua barriga um pedaço de vidro cravado que estava fazendo ela perder muito sangue.

-Cha...calma, calma, eu vou tirar agente daqui ta? Fica calma... – tento acalmá-la.

Mas eu não conseguia ver ela naquele estado, se eu a deixa-se ali por muito tempo ela poderia morrer. Encosto Marcelo novamente no banco e tento acordá-lo, mas ouso um gruído do meu lado na janela que estava quebrada, viro lentamente o rosto e para a minha surpresa era um deles que havia feito o carro cair. Ficamos cara a cara um olhando no rosto do outro, era um homem com aparência de 30 anos, com cabelo bem curto.

Seus olhos amarelados e em volta vermelhos de sangue fizeram eu engolir seco, ele estava com a cabeça dentro do carro quase entrando. Ouvia os gemidos de Charlene atrás de mim, seu desespero logo aumentava, se eu fizesse algum movimento ele atacaria naquele instante.

Ele vestia uma jaqueta de coro preta, e calças jeans claras com botas estilos coturno, parecia aqueles motoqueiros de estrada. Be logo acorda fazendo um barulho que faz ele soltar seu grito de morte bem perto do meu rosto fazendo minha franja ir e voltar.

-Mas que Merda é essa? – diz Be.
-Pra trás Edward... – diz Marcelo do meu lado.

Marcelo retira a arma da minha perna e no mesmo instante ele me encosta no banco e atira na cabeça do cara, o barulho que fez o disparo da bala quase me deixo surdo, deixando aquele barulhinho irritante no ouvido.

E lá se foi mais uma bala, havia somente mais 4 tiros espero não ter que usá-los. O cara fico debruçado na janela do carro, empurro ele para fora e abro a porta, já no lado de fora caio de joelhos no chão após sair do carro.

Abro a porta onde ficava Cha e ajudo ela a sair, os de mais também deixam o veiculo, sinto um enorme cheiro de gasolina vazando e o motor estava saindo muita fumaça, não era bom ficarmos por aqui. Coloco o braço de Charlene por cima do meu ombro tendo cuidado com seu ferimento.

-Be me ajuda aqui rápido, a cha esta ferida.
-O que houve?
-Tem um pedaço de vidro cravado ao lado da barriga dela, ela esta começando a perder muito sangue, o que vamos fazer?
-Primeiro vamos sair de perto desse carro, é perigoso – diz Marcelo logo atrás de mim.
-Ajudem aqui... – grita patrícia.

Havia mais um deles que tinha saído da frente do carro, estava puxando o braço dela para morder, Nairo corre na direção dela e bate com força com o pé de cabra no rosto dele derrubando o cara. Ele não perde nenhum segundo e crava no seu olho, Nairo retira seu pé de cabra com uma expressão de maldade no rosto e volta para junto de nós limpando o rosto por algumas gotas de sangue.

-Ta tudo bem patrícia? – pergunto
-E...eu to bem sim – responde ela gaguejando.
-Droga estamos no meio do mato...onde vamos agora? Pergunta Be.
-Vamos sair de perto desse carro, ajuda aqui Be – digo.
Longe do veiculo, sento no chão esticando as pernas para que cha deite com a cabeça para descansar. Be retira do bolso um lenço branco com vermelho, ele olha bem pra Cha e fala.

-Cha agente vai ter que retirar esse vidro que esta ai...caso contrario pode infeccionar você entende? – explica ele.
-Tem certeza do que esta fazendo Be? – pergunta ela.
-Eu já dei pontos no meu próprio braço, depois que eu fiz um curso de enfermagem é claro...eu vou retira-lo de uma só vez viu? Você vai ter que ser forte.
-Ta bom... – diz ela chorando pela dor que aquele vidro estava causando.
-Marcelo, Nairo, Pati fiquem atentos para qualquer um que venha! – peço para eles, essa era a pior hora para acontecer uma coisa dessas.
-Vou contar ate 3 viu Charlene – avisa Be.
-Cha me da sua mão, eu vou estar aqui com você maninha!
-Ta...
-1...2...3!

Cha tenta gritar menos possível, mesmo com a vida em risco ali ela não quis soltar seu grito para prejudicar agente. Ela aperta com muita força minha Mão, eu fecho o olho no mesmo momento em que Be retira o vidro.

Ele coloca o lenço em volta do ferimento para estocar o sangue, seu lenço branco logo fica vermelho. Cha chorava de dor deitada no meu colo, eu tento conter mas cai uma lagrima minha em seu rosto, ver minha melhor amiga, minha Irmã ali sofrendo era uma das coisas que mais me machucava.

-Vai precisar levar pontos Cha...o sangue não vai parar – explica Be.
-Mas acha que ela pode conseguir ficar...bem ate sairmos da cidade Be? – pergunto.
-Não sei, tudo depende do que ainda vamos enfrentar...se tudo der certo sim.
-Bom não queria dizer isso mas, temos que seguir em frente mesmo sem carro... – digo.
-Quer ir pelo meio do mato? – pergunta Be.
-É nossa única opção...se fomos rápidos e com muita cuidado, nós vamos conseguir. – explico.

Marcelo, Nairo e Pati caminham ate onde nós estávamos, Be me ajuda a levantar Cha do chão. Colocando Cha novamente no ombro com a ajuda de Be, continuamos caminhando, para nossa desgraça gritos e mais gritos logo se encontravam atrás da gente. Sim, eles atavam vindo!

-Essa não...- diz Marcelo.
-O que vamos fazer? – pergunta Patrícia.

Cha encosta a cabeça no meu ombro e respira fundo, de alguma forma sinto o coração dela pulsando rapidamente como se ela estivesse dizendo que esse era nosso fim.

-É...eles estão vindo! – digo. Mas derrepente uma voz estranha nos chama logo atrás!
-Venham...por aqui, Rápido!!