- O...o que quer dizer com Esterilizar? – gagueja Be perguntando.
-Eles vão lançar bombas com um gás muito forte, para matar tudo e a todos que estiverem nela, um gás que pra mim pode acabar com qualquer ser vivo, seja plantas, pessoas o que for, eles vão matar.
-E como você sabe sobre esse gás? – pergunta Nairo.
-A algum tempo saiu uma reportagem na Internet que cientistas estavam criando um tipo de gás que pode acabar com qualquer coisa viva, seria uma nova arma nuclear, ao invés de destruir a cidade inteira, eles vão destruir apenas os que habitam ela.
-Bom então...Ferro – diz Be sentando-se no chão.
-Eles não podem fazer isso cara...nós ainda estamos aqui – diz Nairo desesperado.
-Bom e como avisar a eles? – pergunto.
-Droga! – diz ele.
-O que vamos fazer galera? – pergunta Be.
-Em minha opinião...é melhor darmos um jeito de sair daqui antes do Anoitecer – termino colocando o facão nas costas.
-Então vamos chegar na prefeitura e dar um jeito...de sair daqui – diz Be levantando do chão.
Agora tudo fazia sentido, os corpos dos infectados baleados no chão, o numero deles que diminuiu, tiros e mais tiros naquele momento. O governo estava realmente fazendo alguma coisa pela cidade, então quer dizer que ainda tem pessoas vivas fora daqui. Agora temos que chegar ate a prefeitura e pensar em alguma coisa e sair daqui ates as 21:30 caso contrario acho que não veremos a luz do dia novamente.
Nós estávamos duas quadras da prefeitura, nós estávamos indo bem pelas ruas, olhos bem atentos em qualquer barulho ou movimento. Pois se um deles nos avista-se alertaria muitos outros, olho para Be e Nairo e vejo que essa noticia no radio nos deixo mais apavorados como nunca.
-Nós vamos continuar pelas ruas? – pergunta Nairo
-Temos que aproveitar, não tem quase nenhum deles pela rua – Aconselha Be com um tom de voz um pouco confiante de mais.
-Bom então vamos...não podemos desperdiçar tempo, Cha e os outros não sabem do que vai acontecer. – falo firmemente lembrando que estamos correndo contra o tempo.
Voltando ao percurso ate a prefeitura, seguimos pelos costados das ruas, também nos escondendo atrás dos carros. Estávamos nos aproximando de outro super mercado, eu estava com muita fome, não comia a horas, precisava comer algo se não eu não teria mais forças para seguir, paramos na esquina e observamos cuidadosamente se havia algum deles na entrada.
-O que vocês acham? Será que seria uma perca de tempo se formos ate lá pegar alguma coisa? – pergunta Be.
-Não sei mas eu to morrendo de fome...não como nada dez da sua casa Be – explico.
-Tem razão eu também to com muita fome – concorda Be.
-Agente não pode perder muito tempo, se nós fomos temos que ir muito rápido – Nairo diz com a voz muito tremula.
-Então vamos pelos fundos – digo.
Corremos ate os fundos do mercado para tentar entrar pela porta dos funcionários, chegando ate lá vejo a porta entre aberta. Ela range rapidamente indo para trás, com uma maçaneta enferrujada e torta como se alguém tivesse tentando arrombar.
-Nairo cuida ai atrás, Be você dos lados.
-Pode deixa – diz Be.
Entrando pelo setor dos funcionários, um corredor obscuro que parecia aqueles de filmes de terror, onde o você não sabe o que vai acontecer quando você tiver atravessado ele. Se bem que nesses últimos dias tudo tem se parecido com um filme de terror, no qual ainda não sabemos o que vai acontecer no fim. Tomara que os mocinhos sobrevivam, mas nem sempre isso acontece.
-Parece que estamos em um filme...de terror – diz Be.
-Foi o que eu tava pensando – concordo.
-Vamos mais rápido, quanto mais lento fomos mais vamos perder tempo. – Avisa Nairo, mas ele esta coberto de razão.
-Vamos nos dividir para ser mais rápidos, vamos pegar o Maximo de comida que conseguirmos, quando terminarem esperem lá fora e com cuidado – proponho.
-Ta pode ser...eu vou ate o setor dos chocolates – diz Be com os olhos brilhando.
-Eu vou ate onde tem as Frutas – diz Nairo.
-Eu vou com você Nairo – Diz Be
-Eu fico encarregado do setor de cereais...Vamos.
Chegando ate o final do corredor, saímos um de cada vez pela porta dupla de metal suja de sangue, depois que sai Nairo e Be eu reparo no chão pegadas, e ao que parecia era de algum animal, e espero não descobrir qual foi que fez isso.
Saio logo depois deles indo em direção ao corredor dos cereais e doces e para a nossa sorte não havia quase nenhum deles dentro do super mercado, chegando ao corredor vejo aquelas embalagens de chocolate e cereais tudo fechado, nossa não perco nenhum minuto e coloco umas barras de chocolate na minha mochila.
Vou ate o freezer que tinha ali do lado, pego algumas latinhas de coca cola e Fanta que estavam bem gelada. Volto para as prateleiras e pego 3 caixas de bombons, aproveitei e fui comendo uma barra pequena do chocolate Lacta branco, meu preferido.
-Quanto tempo sem comer chocolate...nossa – falo baixinho.
Bom hora de voltar para a porta, minha mochila tava um pouco pesada por causa dos suprimentos, ainda comendo meu chocolate passo na frente de uma veterinária e alguma coisa me chamou atenção. Resolvo entrar lá, não havia ninguém mas eu escutava um barulho esquisito que me atraiu para dentro.
Passando por trás do balcão vou lentamente ate o fundo da loja, para ver o que era aquele barulho que eu estava ouvindo, abrindo a porta dupla de metal eu vejo as gaiolas dos animais destruídas, algumas caídas no chão, sem fala que havia cachorros e gatos estripados no chão.
E o barulho continuava, caminho ate a sala onde se fazia o banho e a tosa dos animais e encontro um veterinário atirado contra um armário com as barriga aberta, e com dois cachorros batendo com o rabo na mesa de metal fazendo aquele barulho que eu escutava, eles estavam comendo as tripas dele.
Engulo seco vendo aquilo, reparo que na Mão do veterinário havia uma seringa, e em cima da mesa logo ao seu lado havia pequenos frascos de tranqüilizantes para cachorros, ele deveria ter se injetado para não atacar ninguém.
Com a maior cautela e silencio não termino de abrir a porta e já vou dando passos lentos para trás, finalmente eu fecho a porta sem fazer nenhum barulho.
Então sigo em direção a saída da Pet shop, passando pelo balcão de recepção deixo cair minha pequena barra de chocolate no chão, e com o maior descuido acabo batendo com a mochila em um cachorro de pelúcia que começou a latir.
Eu levanto rapidamente e sinto uma gota de suor gelado escorrendo por minhas costas, então olho de canto para a porta dupla de onde eu vim e reparo que o barulho do cachorro tinha parado, e isso não era bom sinal.
Não perco nenhum minuto e caminho rapidamente ate a saída e me bato de frente contra Nairo que estava caminhando muito rápido por sinal.
-Nossa! Edward! Que susto que você me deu cara...
-Xiii cala essa boca! – coloco a Mão na boca de Nairo para ele parar de falar, ele não tinha idéia do que eu havia visto.
Olho para trás ainda com a Mão na boca dele, vejo a porta se abrindo lentamente, meu coração acelero mais ainda do que já estava. Puxo Nairo pelo braço para nos esconder atrás do balcão do caixa do super mercado.
-O que você esta fazendo cara? – pergunta Nairo.
-Fica quieto imbecil, olha aquilo – falo bem baixo apontando para a porta da veterinária.
Os dois cachorros saíram da veterinária caminhando lentamente, a aparência deles era horrível, parecia com aqueles cachorros dos jogos de zumbis. Se eles nos vissem seria um grande problema, e o pior Be não estava ali com agente, ele não sabe sobre eles, agente tinha que encontrar ele e dar o fora.
-Mi...Minha nossa...agente ta ferrado – diz Nairo do meu lado.
-Agente tem que encontrar o Be e sair daqui...Vamos.
Os cachorros foram para o lado direito e nos pelo esquerdo, Nairo e eu fomos em direção ao Be, segundo Nairo ele estava no corredor de tênis e equipamentos de esportes, corremos ate lá.
No caminho tropeço em um balde de água e acabo caindo por cima da minha perna que estava machucada, a dor volta novamente e nesse momento em que cai pude ver os pés de Be parados e logo atrás as patas dos cachorros indo em sua direção. Nairo me ajuda a alevantar para seguirmos em frente, chegando ao corredor onde estava Be paramos na ponta da prateleira e vemos Be parados olhando um tênis preto e branco da Nike.
Não podíamos alertar Be pois ele se assustaria e os cachorros iria vê-lo, então tenho uma idéia de ultima hora.
-Nairo fica aqui...tive uma idéia!!!
Vou por trás da prateleira e pelos meios consigo ver os cachorros se aproximando de Be, não perco nenhum minuto e começo a balançar a prateleira para ela cair em cima deles, ela estava muito pesada. No primeiro impulso ela vai mas volta e no segundo também, mas no terceiro ela vai e fica parada no mesmo lugar por causa dos parafusos que a prendia no chão, olho para Baixo e vejo Nairo empurrando ela também.
-Rápido – diz ele.
E ela finalmente cai em cima deles, Be se assusta com o barulho e não sabe o que fazer então eu o chamo para irmos embora.
-Vamos Be, por aqui – Be corre fazendo a volta pelo lado em que viemos.
-Por que derrubaram a prateleira? – pergunta Be.
-Você não ia querer saber – diz Nairo.
-Vamos embora – Falo recuperando o fôlego.
-Espera... o que é aquilo? – pergunta Be apontando na direção da prateleira caída.
Os cachorros estavam levantando e correndo em nossa direção, escuto os suspiros de Be e Nairo logo do meu lado, engulo seco novamente dando um paço para trás.
-Vamos dar o fora daqui...Agora – falo Baixinho.
-A saída fica longe? – pergunta Nairo quase se borrando de medo.
-Esta logo atrás da gente – Avisa Be.
-Ótimo...então não olhem para trás – digo.
Viramos para trás e começamos a correr, os cachorros levantaram e correram com tudo em nossa direção. Não podíamos olhar para trás e nem parar por um momento se não já era, chegando a porta dupla de metal que levava ao corredor onde chegamos, passamos por ela rapidamente mas minha mochila tranca no momento em que ela fecha.
-Droga! – digo.
-Vamos Edward... – grita Be e Nairo.
-Podem ir... –grito.
Nairo sai pela porta mas Be volta para me ajudar, tirando a mochila vejo a cara deles pulando na porta pela janelinha que nela havia tentando abrir.
-Vamos correr – Diz Be.
Corremos e no mesmo momento a porta abre com eles latindo logo atrás da gente. Saindo finalmente do Super mercado Nairo fecha a porta rapidamente trancando eles lá dentro, Be e eu arrastamos um latão de lixo para bloquear a porta.
-Essa eu quase me borrei – diz Be.
-Eu tava correndo com o coração na Mão – comento repondo o fôlego, minha perna ainda estava doendo.
-Vamos temos que chegar a prefeitura. – diz Nairo.
-Espera vocês conseguiram pegar alguma coisa de comida? – pergunto.
-Eu peguei essa sacola de frutas...tem Maçã, Pêra, Uva, Banana e Pêssegos. – comenta Nairo.
-Eu consegui pegar chocolates e algumas latinhas de refrigerante. – comento.
-Eu não consegui pegar nada, por causa daqueles cachorros – diz Be.
-Bom eu vou comer alguma coisa agora, por que eu to morrendo de fome – digo pegando 2 maçãs da bolsa de Nairo.
Depois que todos comeram de tudo um pouco continuamos nosso caminho ate a prefeitura, a noite se aproximava cada vez mais e nosso tempo estava se esgotando pouco a pouco. Pulamos o muro e finalmente avistamos a prefeitura na outra esquina, agora era só correr, mas a entrada parecia que não iria estar aberta.
-Olhem aquilo – aponta Be
-Deve ser um sinal deles – diz Nairo.
-Tem quer...Vamos! – era uma bandeira na janela de cima avisando que á pessoas vivas lá dentro.
Pulamos o muro com máxima cautela, agora estava um pouco mais fácil de caminhar pelas ruas pois o números de infectados estava menor, mas mesmo assim não era motivo para baixar a guarda.
-Vamos tentar entrar pelos fundos, a porta da frente deve estar trancada – comento.
- Certo...vamos então – diz Be.
Corremos ate o beco mais próximo e fomos indo por ele, chegando a porta da prefeitura resolvemos entrar por uma janela próxima dali. Abrindo ela lentamente sou o primeiro a entrar, passando por baixo da cortina branca com detalhes marrons, empunho a arma verificando se tem algum deles por perto.
-Ta tudo bem...entrem – aviso Be e Nairo para entrarem.
-Finalmente chegamos – diz Nairo.
-Agora, Cha e os outros devem estar na sala da direção, vamos pelas escadas? – pergunta Be.
-Não deve ter alguns deles por lá, olhem ali tem uma passagem de ar condicionado, podemos ir por ela! – comento.
-É não custa tentar – diz Nairo.
-Vamos arrastar aquela mesa para subirmos – digo.
Arrastando uma mesa marrom ate a parede para alcançarmos a passagem, eu sou o primeiro a Subir, logo vem Nairo e Be. Rastejando pela passagem não se ouvia quase nada, e estava muito escuro também, andar por passagens de ar condicionados já virou rotina nesses últimos dias.
-Edward...você que esta indo na frente...leve isso – Be tira uma Mini Lanterna da perna com uma pequena luz azul.
-Ta...vai ajudar!
-Temos que ter cuidado para não cair, algumas dessas passagens tem o chão falso e nós podemos acabar caindo – comenta Nairo.
-Nem me fale... – isso aconteceu na escola no momento em que a Larissa caiu, e no Super mercado onde eu encontrei Nairo.
Paramos por alguns minutos, estava ficando abafado e quente, quase não tinha ar para nós respirarmos ali e era muito estreito o caminho, logo em frente teríamos que subir, as bolsas e minha mochila dificultavam ainda mais a passagem.
-Bom vamos continuar, parece que nós vamos ter que subir galera – comento.
-Perfeito, era só o que faltava – Comenta Be.
Começamos a subir, havia umas mini escadinhas para nos assegurarmos e subir, logo em frente havia um erro na passagem, estava amassado e dificultava ainda mais a passagem por ser mais estreito.
-Guris tenham cuidado aqui...passem de vagar- alerto.
Retiro a mochila e passo tranquilamente, essa é a vantagem de ser magro, nunca pensei que fosse me ajudar em alguma coisa. No momento em que Nairo foi passar ele acaba entalando no caminho pela bolsa que fico presa.
-Ah...Droga eu to preso –diz Nairo
-Eu ainda Avisei...Be empurra a perna dele que eu pulo ele pelo braço.
-Ta...
-Agora...
Nairo se desprende e continua subindo, chegando no final dobramos a direita e continuamos rastejando, acho que estávamos no segundo terceiro andar.
-Isso não acaba nunca – reclama Nairo.
-Calma estamos chegando – digo.
-Como você sabe? Ah esqueci você já é especialista em rastejar em Passagens de ar condicionado né! – Diz Nairo tentando me provocar.
-Se eu não fosse, não teria te achado e te tirado daquele maldito Super Mercado.
-E por que não me deixo lá? Eu não te pedi pra me tirar.
-Eu fiz o que eu achei certo...se não gosto da o fora.
-E eu devia ter deixado a porta aberta pra aqueles cachorros te pegarem – Diz Nairo já gritando.
-Que sabe...eu já to cheio de...AHHH – A passagem em baixo de mim se quebra fazendo eu cair.
-Droga... – diz Be.
-Para...Para com isso!!! – no momento em que caio uma menina fica me batendo com uma pedaço de madeira.
-Ai me desculpa... – diz ela arrumando a Franja por trás da orelha.
-Cha?
-Graças a Deus vocês chegaram! – era ela mesma, Cha se atiro em cima de mim e me abraço muito forte.
-Calma Cha...cuidado com a minha perna. – eu estava tão feliz em ver minha melhor amiga, minha Irma ali na minha frente que não tinha palavras.
-Cadê os guris? Be e Nairo? – pergunta ela me ajudando a levanta.
-Estamos aqui Charlene – Diz Nairo.
Be e Nairo pulam e logo são surpreendidos com um abraço forte de Charlene. Olho para o lado e vejo Marcelo encostado na mesa dando uma pequena risada me olhando, ele se vem e me aperta a Mão.
-Bom te ver de novo cara! – diz ele.
-Não vai se livrar de mim tão fácil – dou uma pequena risada.
Olho logo atrás dele e vejo Patrícia sentada no sofá arrumando seu All star e logo vindo na minha direção.
-Finalmente achei que vocês nunca chegariam – diz ela dando um leve sorriso e me dando um abraço.
-Bom te ver Pati...
Vou ate o meio deles e peço para todos se sentarem para eu explicar o que estava acontecendo. Espero que todos eles não fiquem preocupados ou com medos, bom isso é meio impossível pela situação que já estávamos lidando.
-Bom pessoal escutem...preciso falar uma coisa, sentem-se – Todos se acomodam em um lugar.
Cha fica sentada ao meu lado, Marcelo fica encostado na mesa, Pati senta no chão ao lado de Nairo, e Be senta no sofá comendo uma barra de chocolate.
-É o seguinte...não quero preocupar ninguém, mas temos pouco tempo para sair dessa cidade.
-Como assim? – pergunta Cha.
-Se não sairmos daqui antes do Anoitecer...todos nossos esforços para tentar sobreviver vão ter sido em vão!
quarta-feira, 31 de março de 2010
sexta-feira, 12 de março de 2010
20º Quarentena!

-Vamos...pra dentro – grita Be.
-Não tem com que trancar a porta – avisa Nairo.
-Aquele Armário guris...empurrem! – peso para arrastarem o armário de sinuca para trancar a porta, mas não havia nada melhor.
-Edward liga pra ela que agente segura a porta, vai logo! – diz Be pondo-se contra a porta.
Pulo ate o telefone e disco rapidamente os números, começa a chamar...
Depois de 5 chamadas finalmente atendem.
-Alo!
-Cha!
-Edward...
-É sou eu cha...
-Graças a Deus, você esta bem? Onde você está? – a voz dela parecia ansiosa e ao mesmo tempo preocupada.
-Cha, me escuta...eu to legal, consegui chegar em casa, Nairo e o Be estão comigo, nós estamos perto da sua casa, agente ta dentro da sala da diretoria do clube de piscina da cidade sabe onde fica?
-Sei sim...o Cruzeiro?
-Isso...nós estamos aqui, eles tão tentando entrar na sala...os guris tão bloqueando ela com uma mesa mas não vai segura muito.
-Edward rápido – diz Be empurrando a mesa ao lado de Nairo.
-Mas nós não estamos mais na minha casa Edward... – quando Charlene diz isso, engoli seco.
-E onde vocês estão Cha?
-Nós estamos na prefeitura...chegamos aqui de carro, é uma longa historia. Achamos que aqui deve haver algum radio para chamarmos ajuda, vocês tem que chegar ate aqui!
-Nós vamos dar um jeito, mas espere por nós...
-Achei que nunca mais iria ouvir sua voz maninho...precisamos da ajuda de vocês! – A voz de Cha ficou mais baixa e mais melancólica.
-Não te preocupa cha...eu vou chegar ai...Cha? Cha? Ta me ouvindo?
-Edward...que chiado é esse?...Edward? Alo...
-Cha? Droga...
Be e Nairo já não agüentavam mais, então abri a enorme janela onde dava para a sacada do clube. Observo que há uma passarela que daria para nós caminharmos pelos costados da parede, era o único jeito de escapar. Só que minha perna não ajudava muito também, então olho para Nairo e Be e os chamo para sairmos pela janela.
-Be...Nairo vamos por aqui...
-Vai você primeiro Nairo, eu seguro o Maximo que eu puder que eu já te alcanço... – diz Be.
-Não precisa falar de novo...
-Be vem... – grito para ele.
Be corre ate a janela e em 3 segundos a porta é arrombada por eles, vejo Nairo já na frente deixando agente pra trás, eles invadiram a sala da diretoria rapidamente, derrubando cadeiras, mesas, fazendo a maior bagunça. Uns 3 vem correndo ate a sacada onde agente estava, mas n conseguiram nos pegar pois já estávamos longe caminhando pelas beiradas.
-Ta tudo bem Edward? – pergunta Be.
-Sim...só não consigo ir mais rápido...minha perna ainda dói!
Chegando ate Nairo que espero agente no costado da parede, ao lado de um ar condicionado enorme. Estávamos no 2º andar no prédio, mesmo assim não dava para pular, principalmente eu com a perna ferida.
-Guris olhem aquilo. – Aponta Nairo com o dedo.
-Fala serio! – digo jogando a franja pra trás e enxugando o rosto, não dava para acreditar no que estávamos vendo!
Um helicóptero passava por nossa cidade rapidamente, seu barulho dava um certo alivio sabendo que ainda há pessoas vivas lá fora. Mas não tínhamos como sinalizar, uma enorme tristeza e angustia invadiu meu peito.
Se eles tivessem nos visto, sairíamos daqui imediatamente, mas por outro lado deixaríamos Cha e os outros. A tarde chegou e o sol estava ate agradável por causa do inverno, você fechava os olhos e sentia a leve brisa passando pelo seu rosto, o silencio dominava o lugar. Fechando os olhos parecia que tudo estava normal, nada estava acontecendo, mas depois quando você abria os olhos a ilusão havia terminado.
-Eles não vão nos ver aqui...vamos embora – diz Be logo do meu lado.
-Como vamos descer? – pergunta Nairo.
-Vamos dar um jeito – digo olhando para baixo.
Continuamos dando a volta pelo prédio lentamente, chegando por fim aos fundos do clube, logo em baixo havia um beco cheio de latões de lixo em baixo.
-Se nós não tivéssemos saído da casa da Charlene, não estaríamos aqui!
-Nairo eu não obriguei você a vir comigo, você veio por vontade própria. E alem disso, se eu não tivesse ido ate em casa, eu não encontraria o Be, ele poderia estar morto agora!
-Não me vem com essa Edward...eu me ofereci ter ido com você, por que você iria sozinho, o Marcelo que diz ser teu amigo não quis ir!
-Eles fico lá com as gurias, queria que ele deixa-se elas sozinhas?
-Não seria uma má idéia...as vezes temos que nos virar sozinhos em certas situações.
-Ah eu devia ter pensado nisso antes de tirar você daquela sala do super Mercado!
-Eu não te pedi...
-Não não pediu, eu quis te ajudar por que eu costumo a ajudar as pessoas por que eu gosto...não só como você que ajuda achando que esta sendo obrigado.
-CHEGAAA! -Grita Be atrás de mim, o grito dele ecoa pelas paredes do prédio.
-Só to falando o que eu penso. – diz Nairo
-Podia fica com isso pra você...- digo.
-Mas eu quis falar e daí?
Escuto um grito vindo logo da janela onde Nairo estava, pés batendo fortemente no chão, Nairo para e olha para mim como uma expressão de medo. Vejo uma sombra se aproximando pela janela, era um deles que pulo contra janela na direção de Nairo.
Com força empurro Nairo para frente que o faz cair de joelhos, mas quando ele pula na janela ele me segura e que faz eu cair junto com ele.
-EDWARD! – Grita Be.
Por sorte caio em cima de um latão de lixo aberto, mas machuco as costas com o impacto, mas o cara que caiu junto comigo ainda se levanto e correu na minha direção, com a perna eu o afasto e retiro a pistola e do o 6 tiro na cabeça dele.
Não consigo me mover, a dor na perna ainda permanecia, e com essa pancada nas costas tava mais difícil de levantar, vejo Be e Nairo andando mais rápido para tentar encontrar um jeito de descer.
Com muito esforço puxo a tampa do latão de lixo para me proteger e para não ser visto, então definitivamente eu apago. Desta vez eu não via nada, não era nada, não tinha o que pensar, eu tava na maior escuridão apenas relembrando o passado.
Será que meu irmão esta bem? Será que ele conseguiu sobreviver com o resto das outras pessoas, espero que sim, se eu não tivesse ido pra escola hoje eu estaria lá com ele. Mas e meus amigos? Será que eles teriam sobrevivido mesmo assim?
Por que tudo saiu do controle? Por causa de uma misera cobra, como pode um animal desses causar tanta destruição e morte dentro de uma cidade, eu não entendo.
As pessoas lá fora não tem noção do que esta acontecendo com agente, se esse vírus sair dessa cidade vai ser o fim. Será que tem alguém fazendo algo por essa cidade? Será que á cura para esse tipo de Vírus? Eu só sei que preciso sair daqui e encontrar meu irmão, e avisar quem eu poder sobre isso.
Escuto um tom de voz muito baixo chamando meu nome, era a voz de Be e Nairo eles estavam chegando. O latão é aberto por Be que me estende a Mão para me ajudar a levantar, saio do latão de lixo imundo e limpo minha camiseta que estava suja.
-Você esta bem? – pergunta Be.
-To sim...não se preocupe, a sorte tava do meu lado, se não fosse esse latão de lixo eu estaria espatifado agora no chão.
-Pois é...nós encontramos uma escada que descia ate aqui logo ali atrás – Diz Be passando a Mão na testa secando o suor.
-Bom temos que chegar ate a prefeitura...
-Temos? – pergunta Nairo.
-É...a Cha e os outros estão lá Nairo, cadê meu facão?
-Ta ali... toma – Be pega o facão que estava atrás de uma lixeira de lixo.
-Bom vamos ter que ir pelos becos da cidade, esta dia e sair no meio da rua agora correndo não vai adiantar nada. – digo.
-Tem razão...vamos – Diz Be.
Empunho o facão no meu lado e arrumo minha mochila, seguido pelo beco nós vimos pichações nas paredes dizendo palavras horríveis como, Morte, Chegou o Apocalipse, Ninguém sobreviverá, Onde está Deus agora?, não eram coisas boas a serem lidas, ainda mais na situação em que estávamos.
Chegando ao final do beco vemos a única passagem trancada, uma porta de grades estava trancada por cadeado e amarrada por uma corda, era impossível de abrir, então resolvemos tentar outro lado.
-Eu só espero que a Cha, Marcelo e a Patrícia estejam bem – comento em voz baixa.
-Eles estão cara, não te preocupa – diz Be tentando me acalmar.
Escutamos um grito e aparentemente era de uma menina, e estava nesse beco. O grito estava diminuindo pois estava se distanciando então começamos a correr em frente para ver se conseguimos alcançá-la. Quando fomos virar a direita era tarde de mais, 4 deles encurralaram uma jovem de aparentemente 20 anos, cabelos loiros e corpo de modelo.
Os 4 estriparam ela rapidamente, paramos antes de virar respirando fundo, Nairo resvala com o pé que chama atenção deles, mas ele logo se esconde e eles voltam a estripar a menina. Tínhamos que passar por eles de qualquer jeito, pois o outro caminho era apenas um muro enorme que não havia jeito de escalar.
-Venham aqui – falo baixo para eles.
Recuamos um pouco para pegar distancia deles, parar preparar um ataque.
-Esse é o nosso único caminho, se não for por ali vamos ter que dar toda a volta. – explico calmamente sem fazer barulho.
-Você ta querendo que agente acabe com aqueles quatro? – diz Nairo assustado.
-É nossa única opção – digo.
-Edward você não pode usar a arma, tem apenas 5 balas nela, e se você usar ela aqui o barulho vai ecoar por todo beco e vai chamar mais deles. – diz Be.
-É eu sei Be, por isso vamos atacar todos juntos.
-Vocês só podem estar ficando loucos – diz Nairo colocando a Mão nos olhos.
-Olha só Nairo, se você não quiser ajudar fica lá atrás, mas não atrapalha – Eu tinha que dizer isso a ele, pois um simples erro chamaria a atenção de mais deles.
-Se esconde lá atrás Nairo, e observa como se faz – diz Be empunhando o machado.
-Pronto Be?
-Pronto!
Raspo o facão no chão para chamar a atenção deles, e os gritos logo começaram, 3 deles dobraram o beco e foram em nossa direção. O primeiro foi em Be, ele o acerta com o machado no ombro que o faz cair de joelho e no mesmo momento ele arranca sua cabeça.
O segundo veio em mim, desvio passando por baixo do seu ombro batendo com o facão nas suas costas, puxo novamente e finco na sua nuca. E o ultimo que faltava veio em minha direção também, mas para nossa surpresa Nairo surge e fica na sua barriga com o pé de cabra. Quando ele vai soltar seu grito de dor eu torço sua cabeça, Nairo retira seu pé de cabra limpando na sua camiseta.
-Estamos nos empatados – diz ele para mim.
Be larga um pequeno riso e coloca o machado no ombro e passa por nós, logo em seguida sigo atrás dele olhando de canto para Nairo que me encarava no mesmo instante.
-Coitada...ela era tão bonita – diz Be balançando a cabeça.
-Pois é cara...se tivéssemos chegado um pouco mais cedo ela ainda estaria bonita. – digo dando duas batidas leves nas costas de Be.
Chegando ao final do beco vemos as ruas da cidade vazia, sem nenhum deles, o que será que aconteceu? Cadê todo mundo? Não sei se podíamos chamar isso de sorte, pois ainda não havíamos escapado da cidade.
-Acha que podemos ir pela rua? – pergunta Be logo atrás de mim.
-Não há ninguém nela, é a primeira vez que vejo essa cidade vazia, onde esta eles? – pergunto.
-Não sei mas é bom que fiquem onde estão – diz Nairo chegando por ultimo.
-Vamos arriscar, caso se encontrarmos um bando deles, voltamos para os becos – Diz Be muito confiante.
-Ta certo vamos... – concordo.
Andando pelas ruas da cidade ‘‘abandonada’’, encontramos vários corpos mortos na rua, havia buracos de tiros de armas em seus corpos. O silencio permanecia entre nós, apenas por olhares que nos comunicávamos, não podíamos falar nada, comentar nada, apenas caminhar e ficar atento a cada movimento.
Começamos a ouvir um radio da policia vindo do carro derrubado contra um poste. Corremos ate ele, havia uma voz no radio dizendo alguma coisa que não dava para entender direito, então entro no carro e vejo que o alarme estava ativado, qualquer batida nele poderíamos dispará-lo.
-Você sabe mexer nisso Edward? – pergunta Be logo do meu lado.
-Não mas deve ser como um radio comum...temos que baixar a freqüência para poder entender melhor.
Baixo a freqüência do carro e escuto uma voz masculina, e ao que parecia estava dando ordens, mas ordens para quem e por que? A voz dizia o seguinte.
-Atenção...Atenção, todas as unidades, deixem seus postos e retornem a base...Código vermelho. A infecção esta fora de controle, não podemos conte-la, evacuem a cidade, vamos usar bombas de gás para exterminar os infectados. Repito, todas as unidades...deixem seus postos imediatamente...vamos deixar a cidade em QUARENTENA, ninguém poderá sair desta cidade quando for lançado as bombas.
-Do que ele esta falando Edward? – pergunta Nairo.
-Cala a boca!
-No horário das 21:30 começaram a operação de extermínio dos infectados, retornem a suas bases...repito.
Desligo o radio para não fazer mais barulho, fico sentado no banco do carro olhando para frente com os olhos arregalados. Engulo seco quando lembrava de tudo o que eu ouvi no radio, não sabia como contar-lhes o que eu havia escutado.
-Edward...o que houve? O que eles estavam falando no radio? – diz Be colocando a Mão no meu ombro tentando me acalmar.
-Be...é provável que não conseguiremos sobreviver.
-Por que diz isso...depois de tudo o que fizemos – diz Nairo elevando a voz.
-Cala a boca Nairo – diz Be.
-Vamos chegar ate a prefeitura e pensar ate lá – falo saindo do carro.
-Nada disso você vai nos contar agora. – diz Nairo me empurrando contra o carro.
-Deixa ele Nairo.
-Não tudo bem Be...eu conto sim.
-Ta...então conta!
-Nós achamos que o governo não estava fazendo nada por essa cidade não é?- começo.
-Sim e daí? – pergunta Be.
-Pois eles estão...eles deixaram essa cidade em Quarentena, ninguém vai poder sair dela ate as 21:30 desta noite, por que vão esterilizar a cidade.
- O...o que quer dizer com Esterilizar? – gagueja Be perguntando.
-Eles vão lançar bombas com um gás muito forte, para matar tudo e a todos que estiverem nela, um gás que pra mim pode acabar com qualquer ser vivo, seja plantas, pessoas o que for, eles vão matar.
-E como você sabe sobre esse gás? – pergunta Nairo.
-A algum tempo saiu uma reportagem na Internet que cientistas estavam criando um tipo de gás que pode acabar com qualquer coisa viva, seria uma nova arma nuclear, ao invés de destruir a cidade inteira, eles vão destruir apenas os que habitam ela.
-Bom então...Ferro – diz Be sentando-se no chão.
-Eles não podem fazer isso cara...nós ainda estamos aqui – diz Nairo desesperado.
-Bom e como avisar a eles? – pergunto.
-Droga! – diz ele.
-O que vamos fazer galera? – pergunta Be.
-Em minha opinião...é melhor darmos um jeito de sair daqui antes do Anoitecer – termino colocando o facão nas costas.
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