
Caminhamos lentamente com cansaço em nossas pernas. Quando saímos do beco, para a nossa surpresa olho ao nosso redor, carros batidos em outros carros, postes derrubados em cima de ambulâncias, vidros de lojas quebrados, caminhões em chamas.
Na esquina havia pessoas estripando uma mulher que gritava ao ver sua barriga ser aberta por elas. Pessoas ainda corriam por todo lugar pedindo socorro, sendo perseguida por três e a cada momento ia crescendo o numero deles. Nosso pesadelo estava apenas começando.
-Não... Não pode estar acontecendo – Minha voz sai seca e roca me fazendo estremecer por dentro.
-Não é possível... – Diz Marcelo assustado ao meu lado.
-Vamos sair daqui – Cha foi a primeira a tomar iniciativa nos puxando pelo braço para trás – Agora... Eles não podem nos ver aqui.
Fizemos volta no beco e nos sentamos para descansar. O silencio fica ao nosso redor deixando todos calados, a única pergunta que estava na nossa mente era’’O que fazer agora?``. Eu ficava me perguntando se tudo o que fizemos ate agora para nos manterem vivos valeu a pena. Será mesmo que saindo da escola teríamos uma chance de continuar vivendo? Emily que estava sentada do meu lado toca em meu braço fazendo uma pergunta.
-Edward... Por que os monstros não vão embora? – Sua pergunta me faz sentir refletir.
-Não sei Emily... Mas não vamos deixar que eles no peguem - Baixo a cabeça e continuo pensando no que fazer.
Não sabia no que pensar o que falar, estava tudo em silencio tirando os barulhos e gritos que eles faziam destruindo casas, incendiando carros, matando pessoas inocentes. Ao mesmo tempo a raiva tomava conta de mim me dando vontade de fazer loucuras, será possível achar ajuda agora? Para piorar um deles entra no beco gritando e se debatendo nas lixeiras, mas não tinha nos visto, pois estava correndo sem direção, levanto apertando firmemente o pé de cabra, ele me vê em pé a sua frente e me ataca.
Fico parado esperando seu ataque, minha franja tapa meus olhos e fico com a cabeça baixa esperando ele se aproximar, o barulho que ele fazia era horrível de se ouvir. Não entendo como isso pode ter acontecido, sem explicação, horas atrás tudo era normal e agora esta esse caos todo.
-Edward cuidado – O grito de Cha me faz olhar para frente quando ele estava logo ali.
No momento que ele me alcança bato de frente com o pé de cabra com toda força no seu nariz que o faz ir pra trás desnorteado, corro e fico em cima dele, ele tenta levanta, mas eu não o deixo, então começo a bater com a ponta do pé de cabra na sua cara inúmeras vezes ate deixá-la como um queijo cheio de furos.
-Seu filho da mãe... - Coloco toda minha raiva para fora, o rosto do cara fica deformado com as minhas pancadas, quando meu braço finalmente cança eu paro e saio de cima dele. Minha respiração estava muito acelerada por causa da adrenalina.
-Chega Edward – Charlene agora estava atrás de mim com a mão em meu braço ensangüentado que tremia sem parar.
Encosto-me na parede soltando o pé de cabra no chão, tento relaxar respirando fundo, olho no relógio e eram 7 horas já estava escurecendo, o céu estava ficando nublado pronto para chover. O sol estava totalmente coberto, isso iria dificultar mais as coisas.
-Eu vou para casa – Era a única coisa que me interessava no momento, tinha que saber se meu irmão estava bem.
-O que? – Pergunta Cha virando o rosto.
-Eu vou para minha casa Cha – Digo ainda encarando o chão.
-Mas Edward a sua casa fica a cinco quadras daqui, como você vai chegar lá? – Cha parecia não entender a preocupação que eu tinha.
-Eu vou dar um jeito, acho melhor nos separarmos aqui... Eu preciso encontra meu irmão, eu tenho que saber se ele esta bem.
-Ela tem razão Edward... Não podemos nos separar agora – Diz Marcelo encarando-me.
-Olha eu sei que passamos por varias dificuldades juntos, mas... Eu preciso sabe se o Alexandre ainda esta vivo, vou ate a loja dele... E vou sozinho – Não queria por a vida deles em risco por causa minha.
-Quer dar uma de machão agora? Eu também tenho uma irmã em casa que eu nem sei se ela esta bem... – Diz Cha agora de pé ao meu lado me dando mais um sermão.
-Mas... – Ele me interrompe novamente.
-Minha tia também esta lá e ela não sabem se eu estou viva também, elas devem estar preocupadas... E agora você diz para irmos embora para você acabar sendo morto? – Ela estava completamente coberta de razão, discutir com ela era como levantar a mão para uma irmã mais velha – Olha... Nós chegamos aqui por que ajudamos um ao outro, por que nos separarmos agora? Nós vamos com você e ponto final – Terminou ela levantando Emily.
-Tem razão Cha... Desculpe – Mordo o lábio inferior fazendo a maior cara de arrependido.
Decidimos ir juntos ate a loja de motos do meu irmão para encontrá-lo, andamos ate a saída do beco que fazia uma curva ate o outro lado, estava escuro e ficando mais frio. O beco era escuro e sombrio não podíamos ver muito bem então eu ia à frente, cha e Emily ao meu lado e Marcelo cuidando atrás.
Andando no beco começamos e pensar por aonde iríamos sem que eles notem nossa presença, ali não havia nenhum deles por perto, caminhando fomos conversando baixinho de como chegaríamos ate a loja do meu irmão.
-Não tem como chegar ate lá sem sermos vistos, é loucura – diz Charlene.
-Mas tem que haver um jeito... E se nos fossemos pelos becos ate pelo menos chegar perto da loja? – Proponho a única idéia que veio em mente.
-Mas como nós vamos saber se nos outros becos não vai ter nenhum deles para nos pegar? – Cha já estava sendo muito pessimista.
-É um risco que temos que correr... Alem disso, já corremos riscos de mais por isso estamos aqui.
-Olhem estamos chegando ao final do beco... – Diz Marcelo.
Chegando ao final do beco escuro já dava pra ver a rua claramente, tinham muitos deles nela, em cima de carros, outros parados andando feito múmias, outros devorando alguém no chão, estava bem difícil passar sem ser percebido. Escondemos-nos atrás de um latão de Lixo e observamos do outro lado da rua o outro beco, nele já no começo tinha uma cerca para pularmos não era muito alta.
-Olhem no outro lado da rua tem outro beco, vamos correr ate ele e pular aquela cerca... - falo baixinho.
-Você quer que a gente atravesse a rua com eles atrás de nós? – Pergunta Cha assustada com a idéia.
-Sim... É a nossa única opção Cha.
-E se não conseguirmos pular a tempo?- Pergunta Marcelo.
-Vai dar tempo... Faremos o seguinte...
Explico para Marcelo o que devemos fazer para pular a cerca rápido, então nos preparamos para correr, entrego minha mochila para Marcelo. Fico eu na frente Charlene atrás de mim, Emily e Marcelo, corremos rapidamente tentando não fazer muito barulho, mas era impossível, pois já tinham nos avistado correndo em direção ao beco.
Entrando no beco e já chegando à cerca dou um impulso com as mãos nos pés de Charlene para subir. Emily consegue subir com a ajuda de Marcelo. Depois Marcelo apóia-se em meu Joelho com um pulo alcança cerca passando para o outro lado. Vejo-os se aproximando por trás e não perco nenhum minuto para pular, com o pé na parede e com a mão na cerca consigo ultrapassar e seguir com eles.
Corremos sem direção alguma, e para a nossa surpresa eles haviam conseguido pular também a cerca fazendo assim continua a perseguição.
Correndo pelo beco seus gritos ecoavam por tudo atraindo mais deles atrás de nós, havia mais caminhos pelos lados, mas tínhamos que continuar correndo em frente, pois muitos vinham pelos ambos os lados.
-Edward a Emily ta cansada não agüenta mais correr... - diz Cha logo ao meu lado de mãos com Emily.
-Ta – Damos uma parada rápida para Emily subir nas minhas costas – Vamos... – Eu também estava exausto e quase não conseguia mais correr.
O peito de Emily batia inúmeras vezes contra minhas costas com a velocidade que estávamos correndo em pensar que consegui salvar ela depois que saímos daquela passagem do ar da escola. Continuando correndo, o beco já estava chegando ao fim e eles ainda nos perseguiam um pouco atrás de nós, chegando ao fim nos deparamos com uma enorme parede de tijolos esburacados e quebrados, não tínhamos para onde correr.
-E agora? – Pergunta Marcelo atrás de mim.
-Olhem uma porta, é nossa única saída – Grita Cha apontando com o dedo.
-Emily desse um pouco... – Emily desce e fica ao lado de Cha – Marcelo me ajuda aqui – Marcelo e eu começamos a chutar a porta, com três batidas fortes ela meche um pouco, mas Marcelo termina de arrombá-la com um jogo de corpo.
Entramos na porta e não víamos nada alem de escuridão, eu apenas ouvia os suspiros de Marcelo, Cha e Emily... Mais uma vez chegamos perto da morte, se não houvesse essa porta aqui certamente estaríamos sendo estripados lá fora.
-Essa foi... Quase – Diz Cha numa voz rouca e tensa.
-Eu não vejo nada... Deve ter algum interruptor em algum lugar – Desencosto da parede passando levemente minha mão por ela para encontrar algum botão para acender a luz.
-Aqui – Logo após ouvir a voz de Emily baixa e rouca, tudo é iluminado.
Deparamos-nos com uma cena muito bizarra, estávamos no deposito de um Mercado da cidade, as paredes sujas de sangue, pessoas mortas com facas no peito, umas sem as pernas. Emily se abraça na minha cintura espremendo o rosto em minha barriga para não ver aquilo.
-Vamos... Vamos seguir em frente – Minha voz quase não saia, eu tentava respirar o mínimo possível, pois o cheiro que estava ali era horrível.
-Pobres coitados – Diz Cha logo atrás.
Caminhamos ate a porta de saída do deposito, quando saímos estávamos no setor de Frutas do mercado, as prateleiras a maioria delas tudo destruída com grutas no chão, sangue e havia alguns deles dentro do Mercado.
-Vamos sair daqui e todo mundo quieto – Seguro a mão de Emily para irmos abaixados atrás das prateleiras que estavam ainda em pé.
Caminhamos lentamente para não alertá-los, nós caminhávamos quase na ponta dos pés, cuidando para não cair resvalando nas frutas. Pego algumas maças e bananas e coloco nos bolsos, a fome estava começando surgir de novo. Saindo do estoque de frutas corremos silenciosamente ate o estoque de Limpeza, tínhamos que atravessá-lo para chegar ao outro lado, mas estava com sabão e outros produtos líquidos derramados no chão.
-Não podemos cair se não vamos fazer muito barulho – diz Marcelo.
Começamos a caminhar afirmando bem os pés no chão para não cair, não havia nenhum deles por perto, pois a maioria estava perto dos caixas eletrônicos, como também na saída.
Chegando perto do final Emily acaba resvalando e quase caindo se não fosse Marcelo para assegurá-la pela mão. Fazendo uma Caixa de sabão em pó cair no chão juntos com outras caixas.
-Vamos rápido – falo
-Mas para onde?- pergunta Charlene.
As caixas fazem muito barulho que alerta a Horda, nós só ouvíamos seus gritos e batidas com os pés. Não sabíamos para onde correr, pois eles estavam vindo de trás e pelos lados.
-Droga... Eles nos viram – Diz Charlene.
-Edward rápido por aqui... – Marcelo estava com Emily atrás do Balcão da Padaria na porta para o Deposito.
-Vamos Cha... – pego Charlene pelo braço e começamos a correr.
Entrando no deposito não havia nada para nos trancar a porta, então pego minha corda que eu havia pegado no colégio e amarro a maçaneta para nos ganharmos algum tempo.
-Não tem saída por aqui pessoal – Grita Marcelo correndo do fundo da sala.
-Essa corda não vai segura-los para sempre – Diz Charlene.
Olhos para todos os cantos da sala e não vejo uma única janela, só havia Caixas e mais caixas uma em cima da outra. Corro o olho para cima e vejo uma abertura na parede no canto superior da sala, poderíamos chegar ate lá subindo pelas caixas.
-Olhem por ali... É a nossa única saída, Vamos! – Grito.
-Vem Emily – Diz Charlene.
-Rápido cara eles estão quase entrando. – Diz Marcelo.
-Estamos chegando...
A porta se abre e eles invadem a sala, eles olham para cima e nos avistam tentando sair pela parede. Eles começam a Subir rapidamente pelas Caixas atrás de nós um por cima do outro, querendo nos pega.
-Rápido Edward abre logo isso ai... - grita Marcelo.
-To... Tem... Tando!
Dou inúmeras batidas com o pé, finalmente ela abre e nos entramos rapidamente rastejando. Era mais um tubo de ar condicionado não deu tempo de fechar a grade novamente então tivemos que correr, eles começaram a entrar no tubo junto com a gente.
-Eles estão aqui – Grita Charlene.
-Rápido...
Eles vinham se arrastando pelo tubo, pois eles não sabiam andar direito nele, eles se batiam e como era muitos dificultava sua passagem o que nos dava mais tempo de correr, olho Emily assustada correndo na frente.
-Emily espera... Espera Emily... – Grito.
Emily para e me olha, quando chego perto dela a parte de baixo do tubo que ela estava em cima começo a se mover e a cair para baixo.
-Cuidado Emily – Puxo-a pelo braço fazendo a ficar perto de Charlene e Marcelo, mas eu acabo caindo para baixo saindo do Tubo.
-Edward... Edward... Você esta bem? – Pergunta Cha ainda no tubo.
-Vamos Charlene eles estão chegando – Grita Marcelo.
Caio em cima de uma Prateleira de material de Musculação, levanto e vejo que alguns me viram e correm na minha direção.
-Corre Edward – Charlene avista os que se aproximavam e entra em desespero – Corre!