quarta-feira, 26 de agosto de 2009

9º Na cidade.


Caminhamos lentamente com cansaço em nossas pernas. Quando saímos do beco, para a nossa surpresa olho ao nosso redor, carros batidos em outros carros, postes derrubados em cima de ambulâncias, vidros de lojas quebrados, caminhões em chamas.

Na esquina havia pessoas estripando uma mulher que gritava ao ver sua barriga ser aberta por elas. Pessoas ainda corriam por todo lugar pedindo socorro, sendo perseguida por três e a cada momento ia crescendo o numero deles. Nosso pesadelo estava apenas começando.

-Não... Não pode estar acontecendo – Minha voz sai seca e roca me fazendo estremecer por dentro.
-Não é possível... – Diz Marcelo assustado ao meu lado.
-Vamos sair daqui – Cha foi a primeira a tomar iniciativa nos puxando pelo braço para trás – Agora... Eles não podem nos ver aqui.

Fizemos volta no beco e nos sentamos para descansar. O silencio fica ao nosso redor deixando todos calados, a única pergunta que estava na nossa mente era’’O que fazer agora?``. Eu ficava me perguntando se tudo o que fizemos ate agora para nos manterem vivos valeu a pena. Será mesmo que saindo da escola teríamos uma chance de continuar vivendo? Emily que estava sentada do meu lado toca em meu braço fazendo uma pergunta.

-Edward... Por que os monstros não vão embora? – Sua pergunta me faz sentir refletir.
-Não sei Emily... Mas não vamos deixar que eles no peguem - Baixo a cabeça e continuo pensando no que fazer.

Não sabia no que pensar o que falar, estava tudo em silencio tirando os barulhos e gritos que eles faziam destruindo casas, incendiando carros, matando pessoas inocentes. Ao mesmo tempo a raiva tomava conta de mim me dando vontade de fazer loucuras, será possível achar ajuda agora? Para piorar um deles entra no beco gritando e se debatendo nas lixeiras, mas não tinha nos visto, pois estava correndo sem direção, levanto apertando firmemente o pé de cabra, ele me vê em pé a sua frente e me ataca.

Fico parado esperando seu ataque, minha franja tapa meus olhos e fico com a cabeça baixa esperando ele se aproximar, o barulho que ele fazia era horrível de se ouvir. Não entendo como isso pode ter acontecido, sem explicação, horas atrás tudo era normal e agora esta esse caos todo.

-Edward cuidado – O grito de Cha me faz olhar para frente quando ele estava logo ali.

No momento que ele me alcança bato de frente com o pé de cabra com toda força no seu nariz que o faz ir pra trás desnorteado, corro e fico em cima dele, ele tenta levanta, mas eu não o deixo, então começo a bater com a ponta do pé de cabra na sua cara inúmeras vezes ate deixá-la como um queijo cheio de furos.

-Seu filho da mãe... - Coloco toda minha raiva para fora, o rosto do cara fica deformado com as minhas pancadas, quando meu braço finalmente cança eu paro e saio de cima dele. Minha respiração estava muito acelerada por causa da adrenalina.

-Chega Edward – Charlene agora estava atrás de mim com a mão em meu braço ensangüentado que tremia sem parar.

Encosto-me na parede soltando o pé de cabra no chão, tento relaxar respirando fundo, olho no relógio e eram 7 horas já estava escurecendo, o céu estava ficando nublado pronto para chover. O sol estava totalmente coberto, isso iria dificultar mais as coisas.

-Eu vou para casa – Era a única coisa que me interessava no momento, tinha que saber se meu irmão estava bem.
-O que? – Pergunta Cha virando o rosto.
-Eu vou para minha casa Cha – Digo ainda encarando o chão.
-Mas Edward a sua casa fica a cinco quadras daqui, como você vai chegar lá? – Cha parecia não entender a preocupação que eu tinha.
-Eu vou dar um jeito, acho melhor nos separarmos aqui... Eu preciso encontra meu irmão, eu tenho que saber se ele esta bem.
-Ela tem razão Edward... Não podemos nos separar agora – Diz Marcelo encarando-me.
-Olha eu sei que passamos por varias dificuldades juntos, mas... Eu preciso sabe se o Alexandre ainda esta vivo, vou ate a loja dele... E vou sozinho – Não queria por a vida deles em risco por causa minha.
-Quer dar uma de machão agora? Eu também tenho uma irmã em casa que eu nem sei se ela esta bem... – Diz Cha agora de pé ao meu lado me dando mais um sermão.
-Mas... – Ele me interrompe novamente.
-Minha tia também esta lá e ela não sabem se eu estou viva também, elas devem estar preocupadas... E agora você diz para irmos embora para você acabar sendo morto? – Ela estava completamente coberta de razão, discutir com ela era como levantar a mão para uma irmã mais velha – Olha... Nós chegamos aqui por que ajudamos um ao outro, por que nos separarmos agora? Nós vamos com você e ponto final – Terminou ela levantando Emily.
-Tem razão Cha... Desculpe – Mordo o lábio inferior fazendo a maior cara de arrependido.

Decidimos ir juntos ate a loja de motos do meu irmão para encontrá-lo, andamos ate a saída do beco que fazia uma curva ate o outro lado, estava escuro e ficando mais frio. O beco era escuro e sombrio não podíamos ver muito bem então eu ia à frente, cha e Emily ao meu lado e Marcelo cuidando atrás.

Andando no beco começamos e pensar por aonde iríamos sem que eles notem nossa presença, ali não havia nenhum deles por perto, caminhando fomos conversando baixinho de como chegaríamos ate a loja do meu irmão.

-Não tem como chegar ate lá sem sermos vistos, é loucura – diz Charlene.
-Mas tem que haver um jeito... E se nos fossemos pelos becos ate pelo menos chegar perto da loja? – Proponho a única idéia que veio em mente.
-Mas como nós vamos saber se nos outros becos não vai ter nenhum deles para nos pegar? – Cha já estava sendo muito pessimista.
-É um risco que temos que correr... Alem disso, já corremos riscos de mais por isso estamos aqui.
-Olhem estamos chegando ao final do beco... – Diz Marcelo.

Chegando ao final do beco escuro já dava pra ver a rua claramente, tinham muitos deles nela, em cima de carros, outros parados andando feito múmias, outros devorando alguém no chão, estava bem difícil passar sem ser percebido. Escondemos-nos atrás de um latão de Lixo e observamos do outro lado da rua o outro beco, nele já no começo tinha uma cerca para pularmos não era muito alta.

-Olhem no outro lado da rua tem outro beco, vamos correr ate ele e pular aquela cerca... - falo baixinho.
-Você quer que a gente atravesse a rua com eles atrás de nós? – Pergunta Cha assustada com a idéia.
-Sim... É a nossa única opção Cha.
-E se não conseguirmos pular a tempo?- Pergunta Marcelo.
-Vai dar tempo... Faremos o seguinte...

Explico para Marcelo o que devemos fazer para pular a cerca rápido, então nos preparamos para correr, entrego minha mochila para Marcelo. Fico eu na frente Charlene atrás de mim, Emily e Marcelo, corremos rapidamente tentando não fazer muito barulho, mas era impossível, pois já tinham nos avistado correndo em direção ao beco.

Entrando no beco e já chegando à cerca dou um impulso com as mãos nos pés de Charlene para subir. Emily consegue subir com a ajuda de Marcelo. Depois Marcelo apóia-se em meu Joelho com um pulo alcança cerca passando para o outro lado. Vejo-os se aproximando por trás e não perco nenhum minuto para pular, com o pé na parede e com a mão na cerca consigo ultrapassar e seguir com eles.

Corremos sem direção alguma, e para a nossa surpresa eles haviam conseguido pular também a cerca fazendo assim continua a perseguição.
Correndo pelo beco seus gritos ecoavam por tudo atraindo mais deles atrás de nós, havia mais caminhos pelos lados, mas tínhamos que continuar correndo em frente, pois muitos vinham pelos ambos os lados.

-Edward a Emily ta cansada não agüenta mais correr... - diz Cha logo ao meu lado de mãos com Emily.
-Ta – Damos uma parada rápida para Emily subir nas minhas costas – Vamos... – Eu também estava exausto e quase não conseguia mais correr.

O peito de Emily batia inúmeras vezes contra minhas costas com a velocidade que estávamos correndo em pensar que consegui salvar ela depois que saímos daquela passagem do ar da escola. Continuando correndo, o beco já estava chegando ao fim e eles ainda nos perseguiam um pouco atrás de nós, chegando ao fim nos deparamos com uma enorme parede de tijolos esburacados e quebrados, não tínhamos para onde correr.

-E agora? – Pergunta Marcelo atrás de mim.
-Olhem uma porta, é nossa única saída – Grita Cha apontando com o dedo.
-Emily desse um pouco... – Emily desce e fica ao lado de Cha – Marcelo me ajuda aqui – Marcelo e eu começamos a chutar a porta, com três batidas fortes ela meche um pouco, mas Marcelo termina de arrombá-la com um jogo de corpo.

Entramos na porta e não víamos nada alem de escuridão, eu apenas ouvia os suspiros de Marcelo, Cha e Emily... Mais uma vez chegamos perto da morte, se não houvesse essa porta aqui certamente estaríamos sendo estripados lá fora.

-Essa foi... Quase – Diz Cha numa voz rouca e tensa.
-Eu não vejo nada... Deve ter algum interruptor em algum lugar – Desencosto da parede passando levemente minha mão por ela para encontrar algum botão para acender a luz.
-Aqui – Logo após ouvir a voz de Emily baixa e rouca, tudo é iluminado.

Deparamos-nos com uma cena muito bizarra, estávamos no deposito de um Mercado da cidade, as paredes sujas de sangue, pessoas mortas com facas no peito, umas sem as pernas. Emily se abraça na minha cintura espremendo o rosto em minha barriga para não ver aquilo.

-Vamos... Vamos seguir em frente – Minha voz quase não saia, eu tentava respirar o mínimo possível, pois o cheiro que estava ali era horrível.
-Pobres coitados – Diz Cha logo atrás.

Caminhamos ate a porta de saída do deposito, quando saímos estávamos no setor de Frutas do mercado, as prateleiras a maioria delas tudo destruída com grutas no chão, sangue e havia alguns deles dentro do Mercado.

-Vamos sair daqui e todo mundo quieto – Seguro a mão de Emily para irmos abaixados atrás das prateleiras que estavam ainda em pé.

Caminhamos lentamente para não alertá-los, nós caminhávamos quase na ponta dos pés, cuidando para não cair resvalando nas frutas. Pego algumas maças e bananas e coloco nos bolsos, a fome estava começando surgir de novo. Saindo do estoque de frutas corremos silenciosamente ate o estoque de Limpeza, tínhamos que atravessá-lo para chegar ao outro lado, mas estava com sabão e outros produtos líquidos derramados no chão.

-Não podemos cair se não vamos fazer muito barulho – diz Marcelo.
Começamos a caminhar afirmando bem os pés no chão para não cair, não havia nenhum deles por perto, pois a maioria estava perto dos caixas eletrônicos, como também na saída.

Chegando perto do final Emily acaba resvalando e quase caindo se não fosse Marcelo para assegurá-la pela mão. Fazendo uma Caixa de sabão em pó cair no chão juntos com outras caixas.

-Vamos rápido – falo
-Mas para onde?- pergunta Charlene.

As caixas fazem muito barulho que alerta a Horda, nós só ouvíamos seus gritos e batidas com os pés. Não sabíamos para onde correr, pois eles estavam vindo de trás e pelos lados.

-Droga... Eles nos viram – Diz Charlene.
-Edward rápido por aqui... – Marcelo estava com Emily atrás do Balcão da Padaria na porta para o Deposito.
-Vamos Cha... – pego Charlene pelo braço e começamos a correr.

Entrando no deposito não havia nada para nos trancar a porta, então pego minha corda que eu havia pegado no colégio e amarro a maçaneta para nos ganharmos algum tempo.

-Não tem saída por aqui pessoal – Grita Marcelo correndo do fundo da sala.
-Essa corda não vai segura-los para sempre – Diz Charlene.

Olhos para todos os cantos da sala e não vejo uma única janela, só havia Caixas e mais caixas uma em cima da outra. Corro o olho para cima e vejo uma abertura na parede no canto superior da sala, poderíamos chegar ate lá subindo pelas caixas.

-Olhem por ali... É a nossa única saída, Vamos! – Grito.
-Vem Emily – Diz Charlene.
-Rápido cara eles estão quase entrando. – Diz Marcelo.
-Estamos chegando...

A porta se abre e eles invadem a sala, eles olham para cima e nos avistam tentando sair pela parede. Eles começam a Subir rapidamente pelas Caixas atrás de nós um por cima do outro, querendo nos pega.

-Rápido Edward abre logo isso ai... - grita Marcelo.
-To... Tem... Tando!

Dou inúmeras batidas com o pé, finalmente ela abre e nos entramos rapidamente rastejando. Era mais um tubo de ar condicionado não deu tempo de fechar a grade novamente então tivemos que correr, eles começaram a entrar no tubo junto com a gente.

-Eles estão aqui – Grita Charlene.
-Rápido...

Eles vinham se arrastando pelo tubo, pois eles não sabiam andar direito nele, eles se batiam e como era muitos dificultava sua passagem o que nos dava mais tempo de correr, olho Emily assustada correndo na frente.

-Emily espera... Espera Emily... – Grito.

Emily para e me olha, quando chego perto dela a parte de baixo do tubo que ela estava em cima começo a se mover e a cair para baixo.

-Cuidado Emily – Puxo-a pelo braço fazendo a ficar perto de Charlene e Marcelo, mas eu acabo caindo para baixo saindo do Tubo.
-Edward... Edward... Você esta bem? – Pergunta Cha ainda no tubo.
-Vamos Charlene eles estão chegando – Grita Marcelo.

Caio em cima de uma Prateleira de material de Musculação, levanto e vejo que alguns me viram e correm na minha direção.

-Corre Edward – Charlene avista os que se aproximavam e entra em desespero – Corre!

terça-feira, 11 de agosto de 2009

8º Isso foi apenas o Começo.



-Então como vamos sair? – Marcelo agora estava em pé indo ate a janela que estava fechada pelas cortinas.
-Eu tenho uma idéia, mas não sei se vai dar certo – Era a única coisa em mente que eu tinha.
-Estamos ouvindo... - diz Charlene.

Sentamos os Quatro no sofá da sala, começo a falar da minha idéia que tive para sair dessa escola, não é apenas uma idéia e sim um plano de fuga também não posso esquecer de que essas criaturas não podem sair daqui.

-É o seguinte, quando eu estava indo atrás dos guris, eu estava no corredor do pátio, perto do refeitório havia um bueiro em frente a o refeitório, se nos conseguíssemos chegar ate ele seguiríamos o caminho pelo esgoto ate a cidade sem fazer com que eles saiam da escola. – Derrepente parecia que eu estava falando sozinho, Cha e Marcelo ficaram mudos, mas logo ela rompe esse silencio.
-Me deixa ver se entendi você quer que agente chegue ate esse bueiro atravessando o pátio da escola no meio de uma legião de canibais que quer nossas cabeças para tentar chegar ate a passagem de esgoto e seguir por ela ate a cidade? – Charlene não parecia acreditar que isso daria certo.
-Sim – Respondo calmamente.
-O esgoto? – Pergunta ela novamente.
-É Cha qual o problema? – Agora eu estava pensando em todos os motivos para não tentarmos.
-Você piro? Nem sabemos se conseguiríamos chegar ate a cidade – Cha não era a pessimista dali e sim estava sendo realista mais que qualquer um de nós três.
-A qual é cha é o nosso único caminho que temos agora, não tem como nos sairmos pelo portão de entrada por que eles nos seguiriam e sairiam daqui – Uma coisa que não deveríamos deixar acontecer.
-Ele ta certo agente não pode deixa que eles saiam da escola, eles espalhariam esse vírus essa doença para todos na cidade imagina a destruição total – Concorda Marcelo comigo.
-Bom vocês tem razão enquanto a isso mas... – Antes que ela fala-se algo mais eu a interrompo.
-Então ta, vamos sair pelo esgoto - Continuo
-Como vamos chegar ate ele?Não sei se você percebeu Edward, mas temos um grande problema lá fora – Cha não conseguia parar de pensar que morreríamos se sairmos daqui.
-Marcelo como você esta melhor do que eu pra correr você vai tentar distrair eles, enquanto isso nos vamos direto pro refeitório pra tentar abrir o bueiro, quando agente já estiver entrando você corre para ir conosco – Não era o melhor plano que tínhamos, mas era a única coisa que poderíamos fazer.
-Entendi – Concorda ele sem ao menos olhar.
-Vamos encontrar alguma coisa que ajude a abrir o bueiro para passarmos – Sair daqui só com um plano não iria funcionar, teríamos que ter ao menos algo que servi-se como arma também.

Começamos a vasculhar toda secretaria em busca dos objetos necessários para nossa fuga, Eu e Emily fomos para sala onde guardavam os materiais de Educação Física, encontro duas cordas e uma lanterna, vou ate o armário e pego uma mochila que tinha ali.
Voltando a sala da secretaria cada um coloca na mesa tudo o que encontraram.

-Eu fui ate a sala onde eles guardavam um kit de primeiros socorros e peguei o necessário como faixas, ataduras, metiolate, linhas essas coisas – Diz Cha, ela sempre foi boa nisso, fazer curativos, tudo o que tem a ver com primeiros socorros.
-Eu fui à sala onde eles guardavam os matérias de conserto das classes, mesas, cadeira essas coisas, daí eu peguei esse martelo e achei um pé de cabra- Diz Marcelo deixando tudo em cima da mesa.
-Ótimo, eu e Emily conseguimos uma corda e mais uma mochila e essa lanterna, acho q isso vai ajuda.

Então começamos a nos organizar colocando as comidas que ainda restavam dentro da minha mochila e na outra os matérias de primeiros socorros.
Devoramos alguns biscoitos que ainda restavam e tomamos o resto do café. Preparamos-nos para sair, por distração olho para cima e vejo uma abertura no teto para o forro da secretaria, talvez se eu consegui-se subir ali, poderia ver como esta à situação lá fora.


-O que esta fazendo Edward? – Pergunta Cha me olhando com um biscoito de chocolate na boca.

-Vou tentar ir ate o telhado para ver se o caminho esta livre para irmos – Respondo arrastando uma mesa para baixo do pequeno alçapão que havia no teto.

Empurro a mesa e coloco mais uma cadeira em cima para alcançar o teto. Abro lentamente o alçapão, com a cabeça dentro do forro, vejo apenas raios do sol entrando pelas fissuras que havia no teto. Caminhando agora lentamente com o Maximo cuidado para não quebrar as madeiras vejo uma luz passando por um pequeno buraco, com o martelo que Marcelo pegou bato com força faço uma pequena abertura para sair.

Em pé em cima do telhado vou agachado para ver se havia muitos por perto do refeitório, mas eu estava enganado. Havia uns dez pelo que eu pude contar, não estava parecendo nada fácil chegar ate lá. Resolvo voltar e entrar novamente no buraco no telhado por aonde eu vim, mas por um descuido acabo pisando em um pedaço de telha quebrado e escorrego caindo de costas no telhado. Vou deslizando em cima de alguns pedaços de telhas indo ao chão, era morte certa se eu cair ali, não teria para onde correr, eles me cercariam por todos os lados.

Mas por sorte consigo me segurar com a mão em uma telha, os barulhos de pedaços de telha caindo no chão eram impossíveis de não ouvir. Com isso podia dar Adeus ao silencio, pois eles já notaram que eu estava ali, por um minuto penso que eles não poderiam subir, mas lembro que as janelas tinham grades que eles poderiam subir e chegar ate o teto. Com toda força tento subir, mas meus dedos estavam escorregando e ficando cortados pelas telhas de cor cinza, vejo um subindo logo abaixo tentando me alcançar.

Ele agarra meu tornozelo e começa a me puxar fortemente, sinto a telha rachando com a força que ele estava fazendo a telha não estava agüentando o meu peso, então ela se parte em pedaços. Vou deslizando novamente para o chão com o menino que estava tentando me puxar, acerto um chute no seu rosto que o faz cair novamente. Continuo a cair, mas no ultimo momento Marcelo consegue me alcançar e me puxa pelo braço. Vejo o suor escorrendo na pele branca feito papel, a expressão de culpa e de sofrimento que ele tinha a pouco já não estava mais ali.

-Eles estão vindo... – Mais deles estavam subindo atrás de mim, mas Marcelo não conseguia ir mais rápido, para ajudá-lo subo com os joelhos e consigo finalmente entrar.


Descemos rapidamente do teto da secretaria, dava para se ouvir o barulho deles correndo por cima do telhado e não tinha como impedir que eles entrem, pois com aquele buraco que fiz no teto, já não podíamos fechá-lo.

-Corram eles vão entrar aqui, vamos embora – Grito dando um pulo de cima da mesa.
-Vem Emily – Grita Cha colocando a Mochila e indo com Emily ate o corredor.

Fecho o alça pão do teto para ganharmos tempo, mas aquilo não vai impedi-los de entrarem por muito tempo. Pego minha mochila rapidamente e corro ate a porta onde estavam Cha e os outros.

-Rápido Edward... - Grita Cha fechando a porta.

Trancamos a porta com o pequeno sofá que havíamos trancado a porta de entrada, alguns segundos ouvimos os barulhos do teto quebrando e eles entrando na sala, não podíamos perder mais tempo, essa era a hora de sair da escola.

-Marcelo não poucos no caminho, e não se distancie muito para você não demorar a entrar no bueiro – Começo a explicar rapidamente o plano de fuga - Cha o refeitório não esta longe se corrermos o mais rápido, podemos chegar numa boa, Emily você vem comigo, sobe nas minhas costas, Marcelo fica com a minha mochila e me da o pé de cabra – A tensão estava me matando, minhas mãos e pernas estavam tremulas de um jeito que eu nunca pensei que ficassem, mas essa era a chance que nós tínhamos de sair.

-Entendi... Mas tenta não demora Edward, se não e não vou conseguir chegar a tempo – Diz Marcelo colocando minha mochila nas costas.
-Eu sei, vou ser o mais rápido que eu puder... – Emily agora estava acavalada em mim, me apertando fortemente, ela era tão leve que não me atrapalharia em nada.
-Toma cuidado Marcelo – Diz Cha.
-Sejam rápidos e não gritem – Por fim abro a porta e começamos a nossa fuga.



Não tinha nenhum na frente havia muitos em cima do telhado querendo entrar, parece que eles sabiam que estávamos aqui e estavam esperando uma chance de entrar, Marcelo caminha lentamente por trás dos primeiros pilares e nos faz sinal com a cabeça para seguirmos em frente.

Marcelo corre na direção do ginásio chutando latões de lixo, vejo que nossa distração estava dando certo, os que não haviam subido no telhado foram atrás dele. O desespero estava começando a tomar conta, mesmo sabendo que com o caminho livre poderíamos conseguir a única pergunta que estava em minha mente Era_será que vamos conseguir?_ na direção do refeitório ninguém a vista.

-Essa é nossa chance, Emily quando eu gritar você pula e vai pra perto da Cha entendeu? Vamos... – Agora era nossa vez de corrermos um pouco, eu podia ouvir os gritos do Marcelo dizendo: Aqui, venham me pegar seus desgraçados. Espero que ele consiga voltar a tempo.

Chegando ao bueiro do refeitório, o cheiro de comida estragada era insuportável, mas era o nosso único caminho. Emily pula das minhas costas e corre para perto de Cha, coloco o pé de cabra na tampa e começo a empurrar para frente, mas era muito pesado

Para a minha surpresa dois estavam vindo por trás do refeitório. Quando o primeiro se aproximou, eu só virei o braço com força e acerto com a ponta do pé de cabra na cabeça dele que o faz cair no chão inconsciente do meu lado, o segundo que vinha atrás dele, eu desvio pelo lado e o empurro contra o pilar que estava do lado de Charlene, ele se bate com o rosto nele. Quando ele vira novamente eu perfuro seu olho com o pé de cabra e o empurro para o lado.

-Tudo bem? – Pergunto com a cabeça baixa e as mãos nos joelhos.
-Tudo bem Edward – Cha estava aparentemente tranqüila ao ver aquilo, já Emily estava muito assustada segurada na sintura de Cha.
-Cha rápido... Ajuda-me aqui – Meu fôlego estava voltando pouco a pouco.

Empurramos a tampa do bueiro enferrujada e suja de sangue, era muito pesada, Emily grita apontando com o dedo para o meu lado esquerdo. Nós já estávamos quase na metade, mas tive que soltar a tampa para me defender, mas ele foi mais rápido do que eu pensei, atirando-se em cima de mim ele tenta me morder.
Eu o afastava com o braço em seu ombro, viro o rosto para ficar distante de seus dentes amarelados e sujos, mas sua força era incrível, sua pele estava quente de mais, parecia estar ardendo em febre. Cha percebe que deveria soltar a tampa para me ajudar, eu não daria conta desse também, então ela pega o pé de cabra no chão e fica atrás de seu pescoço, o pé de cabra atravessa seu pescoço e a ponta afiada para perto do meu pescoço também. Sinto o sangue se espalhando por minha camiseta suada e úmida. Empurro-o para o lado e com a ajuda de Cha eu levanto ficando em pé a sua frente.

-Obrigado – A imagem de Cha matando um aluno para me salvar, vai fica na mente por muito tempo, acho que para sempre.
-Não por isso... – Diz ela dando um sorriso torto arrumando a mecha de cabelo escuro atrás da orelha.

Terminamos de abrir o bueiro, com a tampa aberta começamos a descer e Cha foi à primeira descer seguida por Emily. Ouço a voz de Marcelo gritando longe, o vejo correndo com muitos atrás dele. Eles estavam a pouca distancia dele, se ele não conseguir entrar agora não termos outra chance e eles poderiam entrar junto.

-Vamos Marcelo você consegue – Eu estava só esperando que ele chega-se para fechar a tampa, pois por dentro era mais fácil.

Marcelo rapidamente pula diretamente para dentro, vejo que ele cai sentado, mas logo levanta lentamente gemendo por ter batido as pernas fortemente. Começo a descer rapidamente, paro no meio da escada e tento fechar a tampa mas não consigo por ser muito pesada acabo deixando-a pela metade, talvez eles não consigam entrar. Eles não conseguiriam nos seguir.

-Vamos... Vamos embora – Pulo da escada e começo a correr levando Marcelo com o braço em meu ombro.

Quando descemos corremos e corremos sem olhar para trás, o cheiro era horrível, a umidade do ar era desagradável, não dava para respira direito isso seria um problema para Emily se ficarmos muito tempo, mas agora ela tem a bombinha isso ajudaria um pouco. Parece que o plano de fuga deu certo e já estávamos fora daquela escola maldita, agora era só seguir e chegar ate a cidade e pedir ajuda.

-Edward... Vamos descansar - diz Cha já esgotada.
-Vamos – Respondo parando devagar.
Sentamos contra a parede suja e úmida, nossas respirações era ouvida por todo esgoto junto com o barulho das gotas de água que saia do teto. Agora estávamos seguros, era só explicar para a policia o que estava acontecendo lá, se eles saíssem da escola a cidade inteira estaria em perigo.

-Conseguimos – Digo repondo o fôlego.
-É, mas ainda temos que seguir, ainda não estamos na cidade – Diz Cha lembrando que ainda não estávamos seguros.
-Sim estamos no lugar mais sujo dela – Tento romper a tensão que estava entre nós.
-Não devemos estar muito longe de uma saída que nos leve a superfície – Diz Marcelo limpando o suor de seu rosto com a camiseta azul escuro suja de sangue.
-Tem razão... Vamos embora – Cha foi a primeira a levantar, seguida por Marcelo e depois Emily e por fim eu.
-Ta tudo bem Emily? Não esta cansada? – Pergunto colocando a mão na cabeça de Emily enquanto caminhávamos.
-Não tudo bem – Emily estava começando a se acostumar com agente, embora estivesse muito assustada, senti que eu conseguia transmitir a ela segurança e confiança, o que era muito bom.

Caminhando contra as paredes do esgoto evitando a água suja em nossos pés, tínhamos uma visão assustadora, os medos que algum deles apareça em cada encruzilhada que passava para nos atacar, todos caminhavam juntos, Emily estava bem atrás de mim segurando com a ponta dos dedos minha camiseta suja, atrás dela vinha Cha e Marcelo que cuidava nossa traseira.

-Esperem... – Minha voz embora sendo baixa, ecoou em uma boa parte do esgoto – Estão ouvindo isso? – Barulhos estavam em todo esgoto, parecia que vinha das paredes, mas não pude deixar de notar que estava vindo atrás de nós.
-Barulho? – Cha deu de ombros, o que ela queria mesmo era sair dali de uma vez.
-Esta ficando cada vez mais alto, vocês não estão ouvindo? – Agora não teria como eles não ouvirem, estava ficando cada vez mais alto, parecia som de pés batendo fortemente no chão.
-Agora eu ouvi... Pode ser da superfície – Por mais que eu estivesse certo, eles não estavam preocupados como eu estava o famoso arrepio na espinha estava em mim, o que me deixava ainda mais inquieto.
-Marcelo pode estar certo, vamos – Cha começara a tentar passar por mim.
-Não espera – Seguro seu braço e a impeço de passar – Escutem com atenção, são passos, muitos passos... Tem algo errado.

Passo por eles e fico de ultimo, vejo que pela pouca claridade que havia ali dentro eu pude ver ao longe todo caminho que percorremos os vultos de pessoas correndo em nossa direção. Não havia duvidas que fossem eles, pelas minhas contas eram um grupo de mais ou menos dez pessoas correndo. Os gritos no esgoto ecoavam que fazia eu pensar que seria nosso fim se não encontrássemos a saída.

-Corram... Eles estão vindo – Pego Emily pelo braço e a coloco nas costas.
-Como vamos achar a saída? – Pergunta Cha correndo ao meu lado.
-A primeira escada que encontramos vamos subir – Diz Marcelo na minha frente.

Estávamos correndo o máximo que podíamos, eu sentia a respiração de Emily se acelera cada vez mais, não podíamos ficar aqui em baixo por mais tempo, estávamos em um escuro total que eles nos encontrariam fácil. Comecei a sentir minhas forças nos braços e nas pernas se esvaindo novamente quando fizemos uma curva para a esquerda, Emily não era pesada, mas eu estava cansado de mais para carregá-la e se ela corre-se não ia nos acompanhar.

-Por aqui, uma escada – Marcelo estava subindo rapidamente por ela.
-Droga ta ficando cada vez mais escuro, onde esta Marcelo? – Gritava Charlene tentando encontrar a escada no meio da escuridão.
-Segam o som da minha voz, venham pelas paredes e rápido – Dava para ouvir o som do ferro que Marcelo batia com os pés.
-Vem Emily, me de sua mão – Emily desce de minhas costas dando sua mão para mim.
-Estão vindo – Grita Emily assustada.

Vejo a horda toda correndo logo atrás de nós deixando meus olhos arregalados e fazendo-me tremer. Agora acho que era tarde de mais avisar a cidade sobre eles, se eles conseguissem sair do esgoto e for para cidade viraria o caos total. Milhares de pessoas morreriam pessoas inocentes, crianças... Isso não poderia acontecer. Por um momento pensei em ficar e tentar enfrentá-los para não os deixar virem, mas seria suicídio.



Começamos a subir, Charlene foi a primeira e Marcelo o segundo e Emily subia logo acima de mim. Um grito abaixo de mim chamou minha atenção, eles estavam começando a subir logo atrás de nós, se demorássemos muito seria nosso fim.

-Emily tenta subir mais rápido, vai para perto da Cha que eu vou tenta atrasar eles... Marcelo rápido – Desço dois degraus esperando que eles chegassem ate mim, quando o primeiro alcançou meu tornozelo, chuto seu rosto inúmeras vezes para fazê-lo cair, suas mãos já não estavam mais agarradas na escada e sim estavam tentando agarrar minha perna.

O primeiro caiu, mas em seguida outro já estava abaixo de mim. Senti sua boca em minha perna quase penetrando seus dentes afiados nela, com a perna direita chuto com o calcanhar seu olho que o empurra de volta. Um chute no seu peito o faz cair novamente, minha respiração estava aumentando cada vez mais, o cheiro do asfalto dava para sentir dali mesmo. Escuto o barulho do tampão do bueiro abrindo, Marcelo, Cha e Emily já estavam na superfície esperando por mim, começo a subir rapidamente para trancar a passagem. O sol estava quase completamente escondido trazendo a noite mais rápida.

Chegando a superfície reparo que estávamos em um beco da cidade, latas e sacos de lixos em toda parte. Logo em baixo eles estavam subindo rapidamente, não perco nenhum minuto e fecho a tampa com a ajuda de Marcelo. Arrasto um latão de lixo quadrado de cor cinza para cima da passagem para que não possa ser aberta por eles.

-Tudo bem? – Pergunto caindo sentado de costas para o latão.
-Sim – Cha estava repondo o fôlego que acabara de perder, estava de costas para uma parede ao lado de Marcelo, com as mãos nos joelhos e de cabeça baixa.
-É tudo – Responde Marcelo com um tom grosso e rude.
-Bom, não quero ser estraga prazeres galera... Mas temos que chegar a uma delegacia mais próxima e pedir ajuda – Minha garganta estava seca, já doía um pouco ao falar, sem contar em minha voz rouca.
-Tudo bem... Vamos, a delegacia fica aqui perto – Diz Cha se desencostando da parede.

Caminhamos lentamente com cansaço em nossas pernas. Quando saímos do beco, para a nossa surpresa olho ao nosso redor, carros batidos em outros carros, postes derrubados em cima de ambulâncias, vidros de lojas quebrados, caminhões em chamas.
Na esquina havia pessoas estripando uma mulher que gritava ao ver sua barriga ser aberta por elas. Pessoas ainda corriam por todo lugar pedindo socorro, sendo perseguida por três e a cada momento ia crescendo o numero deles. Nosso pesadelo estava apenas começando.

-Não... Não pode estar acontecendo – Minha voz sai seca e roca me fazendo estremecer por dentro.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

7º Fim das Aulas.

Eu me esquivo e prendo os braços dele, mas com um chute ele se solta de mim e me empurra na direção de Carol. Caio de costas no chão, olho para cima e vejo Carol quase em cima de mim tentando me morder.

-Cuidado – Escuto a voz de Marcelo vindo na minha direção, der repente sinto que meu coração vai sair pela boca.

Nesse momento Marcelo puxa minhas pernas para me tirar de perto de Carol, mas ela consegue se soltar e avança em nós. Ela pula em cima de Jéferson e tentava morde-lo, Marcelo ajuda-me a levantar, vou ate ela e a puxo da cintura para tirá-la de cima dele, mas a força que ela fazia para mordê-lo era incrível.

-Ah tira ela de cima de mim – Seu grito de desespero ecoou por toda sala, Marcelo seguro seus braços e os puxou para trás.

Carol se livra por um segundo dos braços de Marcelo e consegue morder o pulso de Jeferson que agora estava se esvaindo em sangue. Dou um chute forte no seu rosto que á faz ficar tonta e sair de cima de Jéferson, o levanto e o deixo no canto da parede da sala onde estávamos. Seu braço estava sangrando muito, tinha medo que o cheiro de sangue atrai-se mais deles, pois o cheiro estava por toda sala quase insuportável.

-Ela... Ela me mordeu – Gagueja ele agora com os olhos cheios de lagrimas, a dor que ele estava sentindo deveria ser horrível.
-Calma vamos te ajudar relaxa... Marcelo – Vejo Marcelo atrás de Carol segurando os dois braços dela fortemente, mas nem ele estava conseguindo conte-la.
-Ela esta descontrolada – Disse ele agora andando por toda sala com ela.
-Trás ela aqui rápido – Abro um armário da sala, marrom de porta dupla e a trancamos ali dentro para não precisarmos machucá-la.

Colocamos duas classes uma em cima da outra para bloquear e não deixarem-na sair, seus gritos eram de arrepiar eles ecoavam dentro do armário. Ela batia com toda força na porta para tentar abrir, as classes balançavam fortemente, não haveria mais o que se fazer ali.
Por alguns segundos nenhum de nós falamos alguma coisa, apenas o silencio permaneceu ate ele ser rompido com um gemido de dor. Jéferson havia sido mordido por ela um pouco acima do pulso, vou ate ele e vejo que estava perdendo bastante sangue. Rasgo um pedaço de minha camiseta e enrolo no seu pulso, teria que ser suturado, mas já estávamos longe da enfermaria e acho que ele não iria agüentar ate lá, agora a secretaria era o único lugar para onde deveríamos ir.

-Eu deveria ta recusando sua ajuda – Diz Jeferson sem ao menos me olhar.
-É, mas sei que não vai – Retribuo com um pequeno sorriso sarcástico.
-Valeu cara, e desculpa pelo que eu disse – Agora ele estava me olhando nos olhos, eu o estranhei naquele momento, pois ele nunca foi de se desculpar com ninguém.
-Só to fazendo o que é certo... Pronto, levanta temos que ir – Levantamos e nos olhamos por alguns segundos, e imaginei que ele pudesse me atacar ali naquele momento – Marcelo, vamos!

Quando vamos sair lá porta muitos deles começaram a vir pelo lado da sala quebrando a janela.

-Corram... – Grito saindo em direção à porta.

Saímos da sala rapidamente, pelo lado direito vinha 10 deles correndo pelo corredor, começamos a correr para o outro lado, não tinha ninguém em nosso caminho, pois eu havia trancado um grande numero deles dentro da outra sala. Nós corríamos muito, e parecia que eles estavam sendo atraídos por alguma coisa, pois não tínhamos feito barulho que chama-se a atenção deles, poderia ser o sangue de Jéferson?

Depois de ter saído do corredor avisto a secretaria, mas estava cheia deles na frente, então tivemos que seguir em frente passando por ela. Vejo Charlene olhando na janela através da cortina, faço um gesto com a mão dizendo que voltaríamos. Corremos em direção ao ginásio da escola estava muito perto e seria o único lugar para se proteger deles.

Eles estavam se aproximando pouco a pouco da gente, por um instante um deles passou sua mão de raspão na minha camiseta, que estava suada e suja de sangue. Mas eu não conseguia correr mais do que aquilo, minhas pernas já estavam quase no limite, se eu para-se agora eu morreria sendo estripado por eles.

-Vamos para o Ginásio – Grito quase sem fôlego.

Entrando pelo portão do ginásio, ele era de cor azul escuro com ferrugens nas dobradiças. Não havia nada para trancarmos ele apenas o deixamos encostado e continuamos correndo, mas para a nossa surpresa eles pararam por um instante no portão tentando abri-lo. Não estávamos seguros ali, o lugar era totalmente fechado, não havia outra saída a não ser pelo próprio portão de entrada. O numero de pessoas não era tão grande, no Maximo deveria ter uns sete ali atrás da gente, não teria como passar por eles, paramos no meio da quadra que estava ainda toda encerada e brilhosa para repormos o fôlego.

-Escutem... – minha voz estava falhando – Vamos nos separar... Vocês vão para a sala dos materiais de esporte e – Meu fôlego estava muito baixo, eu estava com as mãos no joelho e olhando para baixo para ver se conseguia repor o fôlego perdido – E eu vou para os vestiários, depois se a barra tiver limpa, vão para a secretaria, a Cha esta lá com a Emily.
-Tudo bem – Responde Marcelo olhando diretamente para o chão também repondo o fôlego.
-Jéferson tudo bem? – Ele estava com uma aparência horrível, a mordida que Carol lê deu, estava ficando infeccionada em volta, isso lembro o Leonardo com o corte dele no braço.
-É... Eu to bem – Sua voz também estava roca e seca.

Separamos-nos naquele momento, o portão havia sido arrombado finalmente por eles, invadindo todo ginásio. Ao meu ponto de vista eram uns dez e a maior parte dele foi para o lado de Marcelo e Jéferson.

Correndo pelo corredor azul escuro, as luzes falhando deixando uma visão de filmes de terror, nas paredes marcas de mãos de sangue. Entrando no vestiário vejo a chave na porta ao lado de fora, tiro rapidamente e tranco a porta. Empurro um banco de madeira contra a porta, uma batida forte deles a porta me fez recuar e cair sentado indo para trás. No vidro da porta seus rostos ensangüentados gritando e batendo contra ela, levantei do chão e fui para o fundo do vestiário ate os chuveiros.



Para minha surpresa um aluno com apenas um chorte azul sai de um dos Box e avança com os braços tentando me morder. Sua aparência era pálida e fria como uma estatua de mármore, a única cor viva que havia nele era a cor do sangue na boca e de uma mordida no pescoço.

Com uma força incrível, ele me empurra contra parede e avança com a boca tentando morder meu rosto, com toda força eu tento afastá-lo com o braço empurrando seu pescoço, mas o cara era mais forte que eu. Com uma joelhada na sua barriga consigo ter distancia dele. Mas ele torna a atacar, no momento eu desvio e bato com força sua cabeça na pia do banheiro duas vezes fazendo-o cair inconsciente.

Noto que o sol estava entrando naquela sala escura por uma pequena janela, subo em uma prateleira onde ficavam as toalhas de banho e alcanço a pequena janela. Ela estava trancada por um pequeno cadeado muito forte e resistente.

Com um estrondo a porta do vestiário é arrombada deixando quatro deles entrarem, eles correm na direção da prateleira e começam a tenta subir, eles ficavam balançando sem parar esperando que eu cai-se. Começo a chutar a janela na tentativa de quebrar o cadeado, mas nada dava resultado. O desespero estava tomando conta de mim, o que fez eu entrar em pânico e fazer qualquer coisa para sair dali, começo a bater no vidro com o cotovelo, mas nada adiantava o vidro era grosso demais. Com três batidas apenas consigo uma rachadura nele, continuo a bater com toda força, mas a prateleira estava balançando e isso dificultava.

Dou um chute forte que acaba quebrando o vidro, a janela era um pouco pequena, mas dava para eu passar. Quando comecei a rastejar na direção dela, um deles consegue alcançar meu tornozelo e acaba me puxando para baixo me fazendo cair no chão rolando. Agora meu coração estava completamente disparado e eu não tinha idéia se eu conseguiria sair dali vivo. Levanto rapidamente e corro ate a porta saindo do vestiário, mas me esbarro de frente com mais um deles, caio sentado, mas não perco nenhum minuto e passo pelo meio de suas pernas e volto a correr pelo corredor escuro, mas vendo a luz no final dele.





Correndo pela quadra do ginásio, minhas pernas pediam descanso, quando eu ia parar lembrava que estava fugindo da própria morte. Nenhum dos guris estava por ali, nem Marcelo nem Jéferson, sinal que eles já devem estar lá. Então essa é minha chance de correr para secretaria, eles já estavam novamente atrás de mim. Chegando ao portão vejo que estava novamente trancado, e por uma barra de ferro, quem colocou isso ai?

-Nem isso vai me em pedir de passar – Minha voz quase não se escutava mais.

Aproveito a velocidade da correria e pulo afirmando o pé na barra de ferro e consigo atravessar o portão. No momento em que coloco meus pés no chão minhas pernas não se agüentam me fazendo ficar de joelhos por alguns segundos. Faço o ultimo esforço para me por de pé e continuar, a secretaria estava logo na minha frente, e morrer aqui seria idiotice. Chegando a secretaria a porta estava trancada, isso não era bom, eles haviam pulado o portão com muita facilidade, quando eles caiam já levantavam no mesmo instante e corriam na direção da secretaria.

-Abra essa porta, Charlene, Marcelo – Minhas batidas na porta eram tão forte que minha mão estava doendo – Rápido – Minha voz estava ficando fraca novamente, eles não escutariam meus gritos.

O numero deles estava aumentando cada vez mais minhas pernas não aguentavam mais a perseguição eu tinha que parar, já não dava mais para correr. Chego a passar pela minha cabeça em desistir e deixar que eles viessem eu já não agüentava mais. Quase sem ar, começo a chuta a porta fracamente já sem força alguma nas pernas. Reúno todas as forças e grito uma ultima vez.

-SOCORRO - Minha visão vai ficando embasada, tudo vai ficando turvo e lento, escuto tudo baixinho. Vou perdendo as forças e caio sentado de costas para porta, consigo ver sombras vindo na minha direção, vai ser meu fim. Pelo menos Cha e os outros estão bem.

Sinto uma mão me tocando no ombro e me puxando para trás, meus pés estavam sendo puxados para o lado oposto, mas depois logo para e acabo desmaiando. Estou em casa meu irmão esta preparando o café para ir pro trabalho, no noticiário esta passando noticias sobre assaltos em banco, previsão do tempo, levanto da cadeira e vou ate a frente de casa.
Vejo as pessoas caminhando normalmente na rua, casais com os bebes em carrinhos, carros estacionados tudo como era normalmente, o cheiro de fumaça no ar, o frio do inverno de manha que dava vontade de ficar dormindo.

O que será que houve? Cadê aqueles monstros no qual eu fugia? Cadê a Charlene e meus amigos? Será que voltei no tempo? Ou tudo foi apenas um sonho? Eu não fugi de nenhum monstro nem nada, eu não vi muitos amigos morrerem? Por que isso esta acontecendo? Esta tudo normal como era antes nas ruas, olho e vou ate o armazém da esquina e pergunto para o atendente.

-Senhor que dia é hoje? Que mês é? – Minha aparência era de uma pessoa perturbada, não queria lhe causar um espanto.
-Hoje? Hoje é sexta feira do dia 28 de agosto, por que menino? – Era um senhor gordo com um bigode de cor cinza que tapava o lado superior de seus lábios.
-28 de Agosto... Ta obrigado – Esse dia ficava me perturbando me deixando mais confuso ainda.

Foi o dia em que tudo começou na escola, volto correndo pra casa pra falar com Alexandre e conta tudo para ele, talvez eu tivesse sonhado, ou talvez eu tivesse previsto que aconteceria, eu já não sabia mais em o que acreditar. Chegando à cozinha resvalo e em um liquido vermelho que tinha na entrada da porta, eu havia batido o joelho no momento em que cai. Olhando adiante vejo a cena que eu preferia nunca ter visto, Alexandre estava sendo devorado por dois deles, arrancaram seus olhos e abriram seu peito comendo suas tripas, meus olhos arregalados e meu queixo pareciam que estava nas pernas.

Tento levantar mais uma vez, mas acabo caindo novamente resvalando no sangue que eu estava em cima. Eu conseguia escutar os gritos de desespero e de dor de Alexandre pedindo ajuda, mas meu corpo não saia da posição em que ele estava ali. Eles notam que eu estava ali e avançam na minha direção, sem poder me mover, eles me deitam no chão e comecei a sentir meu peito se abrindo.

-Edward? Edward – Meu nome estava sendo repetido varias e varias vezes por uma voz familiar – Edward acorda, por favor, acorda!
-O que? – Minha visão estava voltando pouco a pouco, junto com minha voz rouca e seca, eu estava confortável ali, sentia o couro arranhando meu braço nu e seu barulho quando me movia nele.
-Ta tudo bem? – Pergunta à mesma voz.
-Cha? O que houve? Cadê o meu irmão? – Eu estava mesmo delirando, eu agora estava novamente na escola deitado no sofá da diretoria junto de Cha.
-Calma você tava só sonhando – Sua voz tentava me acalmar, podia sentir seu hálito quente batia no meu cabelo humido movendo ele aos poucos.
-Ainda bem – Agora eu estava aliviado por saber que minhas tripas e órgãos ainda estavam no lugar – E o Marcelo e o Jéferson, conseguiram chegar aqui? – Agora eu estava levantando do me conforto ficando de frente para Cha.

Vejo que Cha fica um tanto quieta e no mesmo momento olha para o lado onde estava Marcelo encostado na mesa de braços em seu lado pressionando a mesa com muita força, ele estava com uma expressão muito seria e dura. Minhas pernas estavam bem melhor, conseguia move-las sem sentir dor, eu estava precisando descansar. Vou ate ele e me encosto ao seu lado e vejo que ele ainda pressionava a mesa com muita firmeza.

-Tudo bem cara? – Tentei parecer o menos preocupado possível, mas eu não estava vendo Jéferson ali conosco, então eu deveria estar.

Marcelo simplesmente balança a cabeça dizendo ‘‘Não’’, noto que sua camiseta e suas mãos estavam com um pouco de sangue, eu estava tentando não pensar no pior, mas eu não poderia deixar de pensar na única coisa que vinha na cabeça.

-Dez de que ele chegou, ele ta assim Edward – Diz Cha se aproximando atrás de mim ficando ao meu lado.

Com uma expressão fechada ele finalmente conta, e era o que eu menos queria ouvir naquele momento. Marcelo parecia estar mudando de personalidade a cada hora que passava, ele já quase não era mais o mesmo.

-Eu tive que Matar o Jéferson – Era o que eu temia, depois que saímos daquela sala, Jéferson estava de um jeito um tanto diferente parecia doente ou com alguma coisa que estava o deixando com uma aparência horrível.
-Po... Por quê? – Pergunto gaguejando.

-Ele tinha virado um deles, ele se levanto e foi pra me mata, então eu com o susto eu cai em cima de uns tacos de madeira e ele caiu pro lado, eu me levantei e peguei o taco de basebol e me preparei quando ele viesse, daí eu acertei a cabeça dele.

Com um certo frio na barriga e com os olhos arregalados eu encaro Marcelo por alguns minutos, ele senta no sofá e fica mudo. Viro para Cha e vejo que ela estava como eu, espantada com o que acabamos de ouvir. Sinto uma leve dor na barriga que me faz reagir, a fome estava batendo, eu já não comia nada dez do café.

Vou ate a mesa e bebo um pouco de água, minha barriga estava vazia estava morto de fome, vejo que em cima da mesa havia alguns biscoitos, sirvo um pouco de café que estava morno e bebo isso enganara meu estomago ate que saímos daqui.

-Olha guris vou falar uma coisa, talvez vocês concordem comigo. – Eu já não agüentava mais ficar nessa escola maldita, os telefones daqui estavam mudos e nem internet tinha, estávamos incomunicáveis e esperar por ajuda seria morrer na certa.
-O que é? – Pergunta Cha ao lado de Marcelo.
-Nos não podemos espera mais, vamos sair daqui, as pessoas na cidade não tem idéia do que ta acontecendo aqui, nós precisamos avisar todo mundo, e não deixa que essas pessoas saírem daqui da escola mordendo todo mundo passando essa... Doença.
-Como assim Edward? – O olhar de Cha era de alguém confusa e em duvidas.
-Eu tenho prestado atenção nas pessoas lá fora, e todos parecem ter feridas bem feias, no pescoço, braço, perna, rosto... – Agora nenhum deles estava me entendendo.
-É eu também notei isso, mas e daí? – Pergunta ela ainda confusa.
-Eu to achando que essa doença, seja lá o que for, é transmitida por uma mordida. – Era a coisa mais obvia que já dava para ser notada.
-Como você tem certeza disso? – Cha parecia não acreditar, mas era a verdade.
-O Jéferson tinha sido mordido por Carol, depois ele era como eles – Diz Marcelo olhando para baixo.
-Isso mesmo, eu acho que é transmitido pelo sangue ou pela saliva deles.
-Mas e como essa doença veio para aqui na escola?- pergunta Cha.
-Eu não sei, mas tenho uma idéia de quem possa ter começado tudo isso.

-Sabe? – Agora Marcelo me encarava com uma expressão de dor e angustia.
-Sim, lembra do Leonardo nosso colega? Eu vi que ele tinha arranhões no corpo e estava assim, meio pálido com os olhos avermelhados – Nessa hora me passou a imagem dele me desprezado quando eu ofereci ajuda, e por causa dele nosso dia na escola esta um inferno.
-É eu vi quando ele gritou com você – Cha agora estava em sentada na cadeira da frente na mesa – Então não devemos deixar que eles nos mordam é isso?
-Sim tenho certeza! – Respondo comendo mais um dos biscoitos de Chocolate em cima da mesa.
-Já tentaram os telefones para pedir ajuda? – Pergunto Marcelo.
-Sim eu fui à direção, mas estão todos mudos - diz Charlene.
-Então como vamos sair? – Marcelo agora estava em pé indo ate a janela que estava fechada pelas cortinas.
-Eu tenho uma idéia, mas não sei se vai dar certo – Era a única coisa em mente que eu tinha.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

6º Reencontro X Conflito entre Amigos.

A menina levanta a cabeça lentamente, seus olhos pretos pareciam perolas negras de tão bonitos que eram pintados em volta com um tom escuro, mas estava meio borrado por estar chorando. Eu reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar.

-Cha? É você? – Nunca é tarde para se perder as esperanças.
-Edward?- Ela levanta e corre para me dar um forte abraço.
-Como... – Eu não sabia qual pergunta que eu deveria fazer primeiro, eu quase nem acreditava que ela havia conseguido chegar aqui – Como você conseguiu chegar aqui? Eu já estava perdendo as esperanças em te encontrar sabia? – A desencostei de meu peito cansado e a olhei nos olhos.
-É eu também pensei que nunca mais iria te ver... – Ela torna a me abraçar fortemente.
-É bom ver que você esta bem – Nesse momento lembro-me do motivo pelo qual eu estava aqui -Nossa esqueci a Emily... Cha me ajude aqui.
-Quem? – Pergunta ela totalmente perdida.
-A Emily é essa menina, esta respirando super mal, achamos que ela tenha Asma – Agora estávamos de joelhos ao lado de Emily no sofá que parecia estar apenas dormindo.
-Nós? Quem mais ta com você? – Pergunta Cha virando sua atenção de Emily para mim.
-Jeferson e Marcelo foram ajudar Carol enquanto eu vim ate aqui... – Seria perda de tempo explicar tudo agora – É uma longa historia, mas você sabe como ajudá-la Cha?
-Não sei é complicado, minha irmã ela tinha paradas respiratórias e eu ate conseguia fazer ela respira novamente por um jeito que o medico dela ensinou minha Tia e que me ensinou – Charlene agora parecia preocupada também com Emily, afinal ela sempre se importo com os outros, não seria surpresa ela estar assim – Há quanto tempo ela esta assim Edward?
-Tempo de mais, mas a professora de Literatura tinha Asma lembra será que ela não tem algum remédio? Eu achei a bombinha dela ajuda? – Retiro do bolso a bombinha da professora e estendo a mão para Cha.
-Ajuda, mas se ela tivesse cociente, mas espera me deixa ver uma coisa – Ela levanta e vai ate o armário da professora que estava totalmente bagunçado por minha causa, espero que ela encontre alguma coisa que ajude Emily.

-Olha Edward eu vou ver o que eu posso faze pra ajudá-la, mas você tem que ser paciente e espera ali, vá ver se a porta esta bem trancada – Agora Cha estava totalmente concentrada no que iria fazer, seja lá o que for.
-Tudo bem – Levanto e retiro um pouco da mesa da porta para eu poder passar e ir para o corredor.

No corredor novamente da secretaria vou ate a porta em que eu havia deixado a cadeira bloqueando-a, ao invés disso arrasto um pequeno sofá que havia no corredor para as pessoas que ficassem esperando no dia de alguma reunião e coloco contra a porta. Volto para a sala onde Cha e Emily estavam, vou ate a mesa e me sirvo de um pouco de café e como algumas das bolachinhas que eu havia pegado da sala dos alimentos da escola.

Depois de ter comido alguma coisa sinto o cansaço me batendo nas costas e pernas, então resolvo descansar no sofá pequeno que havia ali. Eram para estarmos no recreio agora, nos divertindo, conversando, rindo, mas parece que hoje esta sendo um dia bem diferente. O barulho dos ponteiros do relógio e o silencio que estava na sala estavam me fazendo ficar lento e mais cansado ainda. Caio no sono, volto alguns dias no tempo e vejo a escola como era antes, pessoas caminhando juntas rindo, brincando, se abraçando, vejo o grupo de torcida das meninas da escola reunidas no mastro do colégio conversando.

Os nerds lendo seus livros, os Emos escutando musicas e conversando, os Hepers fazendo uma pequena pichação no muro da escola, pois é tempos que não acredito que voltem mais. Eu estava no saguão da escola agora caminhando lentamente reparando em cada detalhe que passava ao meu redor, vejo Emily correndo e rindo com suas amigas, ela me vê e sorri acenando, retribuo o sorriso e aceno também.

-Edward... Acorda - Abro os olhos lentamente e vejo Cha sorrindo para mim, pensei que nunca mais veria um rosto desses sorrindo, mas ela nunca deixaria de sorrir mesmo que estivesse na pior situação.
-Cha? – Levanto do sofá ficando em pé, mas Cha me encosta novamente nele para descansar – O que foi?
-Calma esta tudo bem, Emily esta bem eu consegui fazer com ela respira-se normalmente, os pulmões dela estavam quase fechados Edward, por pouco não perdemos ela – Cha estava com uma expressão de alivio, sinal que ela se preocupou com Emily mesmo.
-Onde ela esta? – Olho em toda sala, então vejo seu cabelo liso e preto escorrido em uma almofada onde estava descansando no sofá ainda.
-Ela esta descansando ali, não se preocupe ela esta apenas dormindo – A voz de Charlene parecia que era a única coisa que conseguia me acalmar.
-Obrigado Cha, que bom que você conseguiu ajudar ela – Dou um sorriso torto para ela.
-É foi bem a tempo, se você tivesse demorado um pouco mais acho que ela já teria parado de respira... – Ela olha com um olhar de pena para Emily, acho que Cha agora estava com o mesmo sentimento que eu – Mas e ai, o que aconteceu com você e os guris quando saíram da aula?
-Bom tivemos um pequeno imprevisto, Jeferson caiu do mastro e bateu a cabeça ficando inconsciente, dai entramos no refeitório... –Continuei.

Conto tudo o que aconteceu para ela, dez da hora em que saímos da sala ate o momento da separação. Ela sempre foi boa de ouvidos, sempre escutava com atenção antes de fazer qualquer pergunta agora nós tínhamos que pensar em um jeito de ir ajudar eles.

-E agora o que vamos fazer? – Cha estava determinada a ajudar agora, mas eu não podia deixar ela se arrisca novamente.
-Voce não vai faze nada, eu vou ir atrás deles – Levanto do sofá esticando as pernas.
-Voce ta brincando né? Quer que eu fique aqui de braços cruzados esperando vocês voltarem sem eu fazer nada? – Ela não entenderia a preocupação que eu tinha com qualquer amigo meu, a fazer passar por mais perigos correndo o risco de morrer era uma coisa que eu deveria evitar.
-Cha eu não vou discutir com você, voce e Emily ficam aqui e eu vou atrás deles – Eu já estava me dirigindo para a porta quando ela me puxa pelo braço.
-Edward, por favor, nós somos amigos dez da 4º serie, nos consideramos praticamente irmãos, sempre ajudamos um a outro, e agora voce não quer deixar eu te ajudar? – Agora ela estava implorando para ir, mas isso não mudaria na minha decisão.
-Exato Cha, voce é como uma Irmã para mim, e como irmão mais velho eu peso que voce fique aqui com a Emily – Minha voz saiu falhada, parece que Cha não conseguia entender minha preocupação.
-Voce é muito teimoso sabia? – Sua voz ficou rígida e isso lembrou minha mãe quando ela sempre me dava uma bronca.
-Não se preocupe, eu vou voltar com eles três – Dou uma piscadela para ela seguido por um abraço apertado seu.

Charlene me acompanha ate a porta depois do corredor saindo da secretaria. Olhava pela janela e via alguns deles parados sem movimentos andando em círculos pareciam em transe, me viro e vejo a cara de preocupada de Charlene, eu queria muito que elas fossem comigo mas seria muito arriscado, e eu já coloquei a vida de uma criança em risco hoje, e não quero cometer o mesmo erro.

-Vou tenta volta por aonde eu vim com Emily, eles devem estar naquele corredor, eles não devem ter saído da sala onde estava Carol, será mais fácil de encontrar eles – Agora meu coração estava batendo novamente em ri timo acelerado, ao ver aqueles canibais novamente eu me arrepiava ate o ultimo fio de cabelo.
-Olha eu sei que discutir com você é a mesma coisa que discutir com a parede, então tome cuidado – O abraço dela sempre me ajudava nos momentos em que eu precisava, e agora era um deles, me deixava mais calmo mas nem tanto.
-Sempre tomo – Dou outra piscadela para ela – Cha preciso que voce fique atenta na hora em que chegarmos, para voce abrir a porta, por que eles podem entrar junto entendeu – Hora de falar serio.
-Ta pode deixa – Ela da um meio sorriso concordando com a idéia.

Empurro o sofá que eu havia posto na porta um pouco para o lado para passar, saindo da secretaria caminho lentamente por trás dos pilares eles estão todos de costas pra mim uma boa chance pra eu passar por eles sem ser visto, mas meu coração estava disparado e minhas pernas tremulas eles davam muito medo só de olhar pra eles.

Saio cautelosamente de trás dos pilares indo em direção ao corredor de onde eu vim com Emily, me aproximo de um pequeno muro seria melhor pular para eu poder cortar caminho, faço um pequeno impulso com as mãos e subo quando vou descer olho pra baixo e vejo um deles devorando as tripas de um menino que aparentemente tinha uns 14 anos atrás do muro.

Meus olhos ficam arregalados e meus pelos do braço sobem arrepiados ao ver aquele sangue e o peito do menino aberto quase vomitei o café que eu havia tomado a pouco, coloco a mão na boca e fecho os olhos por um instante.

Uma gota de suor desliza sobre meu rosto caindo na direção dele, a gota cai na sua nuca que o faz virar e olhar para cima gruindo me olhando. Sou descoberto uma simples gota de suor, se ele gritar vou ter que começa a correr mais uma vez, mas agora posso correr melhor.

Ele avança na minha direção e no mesmo momento acerto um chute no seu rosto que o faz cair pra trás, pulo em cima dele colocando minhas mãos na sua cabeça e a torço. Consigo manter o silencio sem atrair mais deles, então continuo calmamente já que a maioria deles está no saguão, estranho não ter nenhum deles no corredor.

Caminho mais rápido agora, mas sempre tomando cuidado com algum que apareça do nada, finalmente chego ao corredor onde nos separamos. Caminhando por ele vejo uma sala aberta com umonte deles dentro e ao que parecia estavam devorando alguém, se eles me virem será meu fim então. Arrisco em fechar a porta e trancá-los ali dentro da sala para que não me vissem.

Entro lentamente para pegar a chave que estava no lado de dentro da porta, mas por descuido acabo batendo na porta a fazendo bater na parede. Um deles nota minha presença ali e corre em direção a mim, mas felizmente consigo trancar a porta antes que mais deles viessem, eles se debatiam contra a porta branca onde era a sala da 7º serie.

Volto para meu caminho, chego perto de uma porta que não tinha muitas manchas de sangue, mas que estava fechada forço lentamente a fechadura para abrir e não fazer barulho. Abrindo a porta vejo que é arrastada uma classe que estava bloqueando a porta, dentro da sala vejo Jéferson sentado no chão no canto da parede, mas onde estava Marcelo e Carol? Sou surpreendido por um empurrão que faz eu cair de lado no chão.

-Calma sou eu – Coloco os braços no rosto para defender caso não acredita sem.
-Edward – Disse Marcelo baixando a guarda me ajudando a levantar – Foi mal pensei que fosse um deles.
-Vocês estão bem? Por que não foram para secretaria fiquei esperando vocês lá - Eu estava em pé tentando entender o motivo deles se trancarem aqui e não irem me encontrar.
-Jeferson quis ficar aqui e eu não quis deixá-lo aqui – Disse ele olhando para baixo.
-Como assim? Cadê a Carol? – Eu já não estava entendendo mais nada, foi ai em que eu vi o porquê.



Carol estava com os braços amarrados em uma janela, ela havia virado um deles, mas como? Como ela ficou desse jeito? Ela gritava baixo por causa do pano que estava na sua boca, seus olhos estavam brancos como os dos outros, estava espumando pela boca um liquido branco com um pouco de sangue. A cor da sua pele que era clara e branca como neve, agora estava com uma cor roxa e escura como se fosse um cadáver.

-Carol – Minha voz saiu seca no momento em que eu vi minha amiga daquele jeito.
-Ta vendo Edward, por sua causa Carol viro um monstro como eles, voce preferiu ajudar aquela garota que você nem ao menos conhecia – Jeferson tinha levantado do chão vindo na minha direção me encarando.
-Espera ai, a culpa é minha? – Não acreditei no que eu havia escutado.
-É isso mesmo, se você tivesse ido conosco a Carol estaria bem, é sua culpa – Jeferson havia me empurrado me fazendo dar dois passos para trás em direção a Carol.
-Voce não pode ta falando sério, depois de tudo o que fizemos por você, você ainda me critica? Voce queria que eu deixa-se aquela menina morrendo sem ar? Enquanto a Carol estava segura ali em cima?
-Que se dane aquela menina, por sua culpa Carol é uma deles – Eu podia ver a raiva que ele estava nos olhos, seus punhos estavam fechados ambos preparados para me atacar.
-Jeferson você vai querer brigar por um mal entendido? Qual é cara, dez de pequenos você nunca teve chance contra mim – Agora eu tinha que aceitar o fato de que um de meus melhores amigos queria brigar comigo por causa de um mal entendido.
-Talvez, mas os anos passam e as pessoas mudam – Disse ele agora pronto para me atacar com os dois braços empunhados.
-Você esta certo sobre uma coisa – Olho para Marcelo e vejo que ele estava sentado em uma classe apenas assistindo a discussão, e sei que ele não fará nada para separar a briga – As pessoas mudam.

Carol não parava de gritar querendo se solta batendo nos vidros da janela, ela estava totalmente descontrolada. Noto que a mordida em sua perna se torna um ferimento mais feio do que antes, estava totalmente infeccionado e com veias soltadas em volta.




-Se você quer brigar vamos acabar logo com isso, prometi a Charlene e a Emily que voltaria com vocês – Agora passa pela minha cabeça quando disse eles três contando com a Carol.
-Charlene? Ela ta com você? – Pergunto Marcelo agora olhando seriamente para mim.
-Sim eu a encontrei na secretaria, e eu vim aqui para buscar vocês – Não tiro minha atenção nem por um minuto vendo Jeferson me encarando.
-Como se você se importa-se com agente – Disse ele num tom de voz grosso e seco.
-Se eu não me importa-se não teria vindo seu imbecil – Com isso ele resolveu me atacar dando um soco com a mão esquerda.

Eu me esquivo e prendo os braços dele, mas com um chute ele se solta de mim e me empurra na direção de Carol. Caio de costas no chão, olho para cima e vejo Carol quase em cima de mim tentando me morder.

-Cuidado – Escuto a voz de Marcelo vindo na minha direção, derrepente sinto que meu coração vai sair pela boca.