sexta-feira, 3 de julho de 2009

2º Deve haver uma saida!

A cada passo que ele dava, parecia que meu coração estava mais perto de sair pela boca ao ver sua expressão. Puxo Marcelo para dentro cravando meus dedos no braço dele. Faltando poucos metros pra nos alcançar entramos na sala batendo a porta bloqueando-a de costas, uma batida forte faz meu corpo ir pra frente e volta contra a porta, todos me olharam apavorados sem saber o que estava acontecendo. -Me ajudem aqui rápido... - Minha voz estava quase sumindo pelo pânico que eu estava sentindo. Junior, Jeferson e mais dois vieram pra bloquear a porta, nos sentíamos as batidas do professor gritando sem parar, todos ficaram com os olhos arregalados sem reação. Charlene levanta lentamente vendo que não estávamos brincando, a única coisa que eu sabia era que não podíamos o deixar entrar de qualquer maneira. Às batidas estavam ficando mais intensas e o peso da porta estava aumentando, o que dava a entender que não era apenas o professor do lado de fora querendo entrar. Nos não estávamos conseguindo aguentar mais, por um momento vejo o armário onde os professores onde guardavam alguns de seus materiais – Segurem firme ai – Deixo a porta por alguns minutos para poder arrastar o armário ate lá, no momento em que comecei a empurrar Charlene e Carol vieram para ajudar. -O que houve? – pergunta Charlene sem entender nada, fazendo força para empurrar o armário que estava muito pesado. -Não sei, mas não podemos deixar que eles entrem. Pronto, estávamos seguros por enquanto, o armário se mexia levemente com as batidas, impossível alguém entrar aqui. Ficamos parados diante do armário marrom de porta dupla, gritos e mais gritos por trás da porta. Espero que os outros alunos estejam bem e a salvo dentro de suas salas. O silencio permaneceu por alguns segundos, ninguém mais estava sentado nos seus lugares, todos ficaram olhando atentamente para a porta, outros começaram discutir e uns a me perguntar o que estava acontecendo. Sinto que estava começando a perder o equilíbrio e as pernas ficando tremulas, caminho procurando uma cadeira passando por todos. Não escuto nada, somente as batidas do meu coração acelerado, fico tentando processar e tentando acreditar em tudo que eu acabei de ver. -Você esta bem?- Pergunta Charlene ajoelhando-se em minha frente. -Eu... Estou bem – Respondo com a voz roca – Eu... Eu só... Preciso de um minuto ta bom? -Você esta tremendo – Ela toca no meu peito – Edward, seu coração esta acelerado, o que houve fala pra mim – Ela estava realmente preocupada comigo. Levanto em um salto e abraço ela fortemente, seu corpo estava quente, que transmitia um aspecto de proteção enquanto eu estava em volta de seus braços. Será que tudo o que eu vi há alguns minutos era real? O professora abrindo o estomago da menina ao meio, devorando suas tripas, o medo que eu senti naquela hora... Não tem como descrever. Eu nunca tinha visto ninguém morrer antes, muito menos ser estripada na minha frente, eu acho que nenhuma pessoa normal iria encarar numa boa. Solto Charlene e encosto na parede sentindo um pouco de desequilíbrio. -Edward, o que esta acontecendo?- Chega Carol ao lado de Charlene. -Eu... Não sei direito – Tento montar a melhor explicação em minha mente, mas eu estava tão apavorado que a cena não saia de minha cabeça. -O que são essas batidas? Quem esta tentando entrar aqui? – Acho que eu não era o único a ficar preocupado e assustado, eu sabia que tinha q dar explicações, mas ninguém acreditaria e tentariam abrir a porta novamente. -Cadê o Marcelo? – Pergunta Carol correndo o olhar em toda sala, quando o avista sentando na classe com a cabeça pra baixo – Marcelo vem aqui e nos explica o que aconteceu – Ele aproxima-se lentamente, enquanto todos faziam silencio eu observo o que ele iria falar. -O professor Redi e mais dois alunos... – Deu uma pausa e continuou – Estavam estripando uma aluna no corredor – Olho em volta a expressão de todos sem entender nada, estripar? Como uma pessoa faria uma coisa dessas ainda no meio da escola, era o que deviam estar pensando – Então eles nos viram parados na porta e correram, acho que iriam fazer o mesmo com todos nós se o Edward não tivesse bloqueado a porta - Termina ele. -Como isso é possível? – Pergunta Nathiele assustada – Como vamos sair agora? – Ótima pergunta, a única saída era a porta e estávamos no segundo piso da escola. Fui o fundo da aula e comecei a procurar um jeito de sair. Deslizo a janela para o lado e sinto o vento batendo em meu rosto, um vento frio e húmido. A minha direita estava o mastro das bandeiras da escola, se conseguíssemos chegar ate eles poderíamos deslizar ate o chão do pátio que estava vazio? -O que esta acontecendo... Olhem o que eles estão fazendo! – Larissa estava no outro lado da aula olhando pela janela, onde dava para ver o pátio da entrada da escola. -Oh Meu Deus... O que estão fazendo? – Agora Charlene e toda aula estava grudada no vidro da janela presenciando o que eu e Marcelo havíamos visto no corredor. Todos os alunos e professores estavam correndo rapidamente para a saída da escola, mas os portes estavam lacrados como sempre. Quando o sinal toca os portes fecham-se e só abrem ao meio dia quando os alunos são liberados para irem embora, caso contrario não havia como sair da escola. Outros alunos estavam agindo como o professor parecia que estavam com alguma espécie de raiva, seja lá o que for estava fazendo todos se machucarem e acabarem mortos no meio da escola. Era assustador como se movimentavam rapidamente, a velocidade e a força com a qual jogavam as pessoas ao chão e as devorava como se fosse Leões estripando uma zebra. O barulho das batidas na porta havia parado, pois acho que todos havia decido para o pátio principal. -Eu vou dar o fora daqui – Maicon corre em direção à porta e começa a empurrar o armário para poder passar. -Não Maicon, espera... – Ele moveu o armário alguns centímetros por ser pesado, mas eu consigo impedi-lo a tempo antes que ele abrisse a porta. Seguro ele contra parede, olho diretamente em seu olho que estava cheio de lagrimas, eu com certeza nunc a imaginei que veria ele daquela maneira, assustado, com medo, nervoso... Pois ele era o palhaço da turma, fazia todos rirem com qualquer bobagem. Nunca se ofendia com qualquer coisa que falassem para ele, o chamando de seja lá o que for ele não ligava era o mais feliz da turma e adorava uma boa farra. -Cara você tem que tentar ficar calmo... – Respiro procurando as palavras certas para tentar acalmar a situação – Eu também estou com medo, mas se perdermos a cabeça vamos acabar como todo mundo lá fora você entende? – Ele nem ao menos olhava para mim, mas acenou com a cabeça – Nós estamos seguros aqui... Agora eu vou te solta e você vai sentar e coloca a cabeça no lugar, tudo bem? -Eu só quero ir para casa – Agora ele me encarava com uma expressão de preocupação. -Todos querem, acho que desde que começamos a estudar não é?– Tento parecer um pouco sarcástico. Ele senta em uma cadeira e começa a chorar com as mãos no rosto. Respiro fundo e tento ficar o mais calmo possível, por que se perdemos o controle todos vão querer fazer o mesmo que Maicon e acabar como todos lá fora. -Temos que pedir ajuda... Empresta-me o seu celular Carol. -Eu deixei em casa. -O meu fico sem bateria agora pouco – Diz Nathiele mostrando o aparelho desligado. -Tenta o meu Edward, ele tem um pouco de credito – Charlene empresta seu Galaxy preto, o celular que a maioria dos jovens gostaria de ter. -Tem um entrando aqui – Gritou Nathiele, por descuido deixamos a porta entre aberta por causa de Maico que havia retirado o armário, um deles conseguiu se espremer e passar pela pequena fenda que Maicon havia feito. -Afastem-se rápido, fiquem longe dele – Grita Jeferson. Todos correram desesperadamente para o fundo com medo do garoto que invadiu nossa sala. Ele vestia uma roupa que estava toda rasgada no peito e nas pernas, uma calça jeans escura e um moletom amarelo. Estava com uma parte do rosto arrancada e ao que parecia por uma mordida, um ferimento muito feio também estavam em seu pescoço. Ele tinha os mesmo olhos que o professor Redi quando o vi devorando a menina no corredor, uma espuma amarelada saia de sua boca mostrando seus dentes que parecia estar podre. Junior pega uma cadeira e a coloca em seu peito, na hora em que o garoto foi para cima dele. Com um empurrão ele o leva contra a janela da aula quebrando alguns vidros, fazendo o chão ficar cheios de cacos, empurro o armário novamente para fechar a porta para que ninguém entrar. O garoto com muita força tira a cadeira de Junior com muita facilidade, segurou seus braços e os dois acabaram caindo juntos ao chão em cima dos vidros quebrados. Junior o afastava de seu rosto que fazia de tudo para mordê-lo, ele estava completamente descontrolado, por um descuido ele consegue morder o braço direito de Junior o fazendo gritar muito alto. Ele mordia com tanta força que arrancou um pedaço de carne e começou a mastigar. -Tira ele de cima de mim – Jeferson e Marcelo correram e retirou ele segurando seus braços. O garoto também fazia de tudo para morder Marcelo e Jeferson que o seguravam, afinal o que estava acontecendo com esse cara. -Junior sair daí... – Ajudo Junior a levantar o deixando sentado na cadeira, seu braço sangrava muito manchando o chão da sala sangue na aula – Pego um pedaço de vidro que havia no chão e vou ate eles – Segurem firme! – Assim que olhei diretamente para o seu rosto desfigurado eu tive certeza do que tinha que fazer. -O que vai fazer? – Pergunta Jeferson com medo que eu fizesse alguma bobagem. Cravo com toda força no seu olho o vidro que tinha forma de um pedaço de pizza, Jeferson e Marcelo soltam ele assim que para de se mexer. Não havia outra maneira acalma-lo, estava completamente fora de si, uma coisa que eu já mais havia visto numa pessoa, parecia estar com muito ódio e raiva. O silencio invade nossa sala, um garoto foi morto em frente aos olhos de todos, ao vivo, acho que ninguém jamais havia visto alguém morrer dessa maneira. -Ed... Você... Mat... – Nathiele não consegue dizer uma palavra sem gaguejar pelo medo e nervosismo que estava sentindo. -Foi preciso... Sinto muito – Minha mão estava cortada, o corte não era muito profundo, mas eu sentia o cheiro do sangue. Retiro o lenço que tinha no bolso para estocar o sangue em minha mão. Junior ainda estava sentado na cadeira olhando diretamente para o corpo que estava aos seus pés. -Esse... Esse cara me mordeu, tirou um pedaço de mim – Seu braço estava muito feio, a mordida tirou uma boa parte da carne, a cor natural da pele não dava para ver mais, pois o braço inteiro era um vermelho escuro. -Aqui, usa minha faixa para estocar o sangue dele – Carol retira sua faixa que ela sempre estava usando na sua perna que estava machucada por jogar futebol. Carol era uma das melhores jogadoras do time feminino da escola, quando havia um torneio envolvendo outras escolas da cidade, se o time dela ganhava era por causa dela. -Espera Edward, joga um pouco de água em cima pra limpar um pouco – Larissa empresta sua garrafinha de água que sempre carregava. -Junior vai doer um pouco, você vai ter que aguentar ouviu? – Despejo um pouco de agua e limpo com o dedo em volta da mordida, estava muito feio e o cheiro de sangue que estava na sala era quase insuportável. Junior abafa o grito com o outro braço. Enrolo gentilmente seu braço em quatro voltas, e prendo com um pedaço de durex. -Ele precisa ir pra enfermaria, ele já perdeu muito sangue cara – Jeferson estava certo, por mais que eu não quisesse admitir teríamos que tentar sair da sala e conseguir ajuda. -É eu sei... Vamos trazer ajuda – Vou ate a janela novamente analisando o mastro do qual poderíamos descer – Vamos descer por aqui. Jeferson e Marcelo vocês vem comigo? -Vamos – Responderam juntos, mas Marcelo aparentou não estar muito a fim de ir, mas não comentou nada. -Chegando à enfermaria vamos precisar que vocês fiquem atentos quando voltarmos para abrirem a porta, eles podem tentar entrar junto com agente – Por um momento nem acreditei que estava falando daquele jeito, como se eu já tivesse passado por aquilo antes. -Tome muito cuidado, você viu o que aquele garoto fez no braço do Junior, só que desta vez pode não vir apenas um e sim vários – Charlene agora estava com um olhar de uma irmã mais velha preocupada, e afinal era isso que nós sempre nos consideramos... Irmãos, desde quando nos conhecemos na quarta serie. Mas por um lado ela tinha razão era muito perigoso, mas tínhamos que arriscar, ficar aqui não ajudaria em nada e Junior não iria aguentar. -Eu sei não se preocupe, tomaremos cuidado - Era de se esperar que ela estivesse preocupada comigo e com eles, ela sempre pensa-nos outros primeiro que ela é a irmã que eu nunca tive. -Vão o mais rápido possível, eu vou cuidar dele ate vocês voltarem – Seu sorriso agora era de extrema confiança. –Vamos lá – Nos surpreendemos com o barulho que Junior faz caindo ao chão batendo a cabeça ficando inconsciente. -Ele desmaiou... Vai logo garoto busca ajuda – Grita Carol após verificar se ele estava bem. Pulando para o mastro estávamos agora descendo cuidadosamente por ele, o mastro estava enferrujado e sujo, se descermos rápido poderíamos nos cortar e acabar caindo. O vento ali em cima não estava ajudando, estava balançando muito, para nossa sorte não havia bandeira nenhuma ali. Estávamos quase chegando ao chão, quando gritos foram ouvidos de dentro da aula, um estrondo na janela faz cair vários cacos de vidro em cima de nós, mas felizmente ninguém se machuca. -Socorro... Voltei o Junior enlouqueceu – Gritava Charlene na janela, mas logo ela é puxada novamente para dentro. -Droga o que esta acontecendo lá em cima, vamos voltar. -Eu não vou conseguir subir de novo Edward, temos que descer agora – Marcelo estava certo, seria pior se subirmos novamente. -Droga - Olho para baixo e vejo que Jeferson havia parado e estava abraçado ao mastro – O que houve Jeferson continua! -Não posso... Minhas pernas estão geladas, não consigo me mover, acho que me deu câimbra – O desespero conseguiu atingir Jeferson fazendo-o ficar em pânico. -Calma estamos chegando... Se segura ai – Desço o mais rápido possível, mas estava difícil, se eu desliza-se ate ele eu poderia não conseguir parar, pois minha mão estava machucada e doía muito. -Cara... Ta me dando Cãibra nas pernas... Não to conseguindo mover elas Edward... Ajude-me eu vou cair – Jeferson estava começando a perder as forças, seus olhos já estavam encharcados por suas lagrimas de pânico, mas ele não conseguiu agüentar. Jéferson perde as forças e acaba caindo no chão batendo a cabeça no cimento da quadra. Vejo um liquido escuro escorrendo de sua cabeça, a pancada foi forte ele precisava de ajuda. Droga as coisas estão dando tudo errado. Eu precisava ajudar meu amigo, eu tinha que dar um jeito de chegar o mais rápido possível nele para ajudá-lo. -Marcelo vai ter que pular comigo – Na distancia em que estávamos a queda não machucaria tanto. - Você fico maluco, vamos acabar como ele – Marcelo não entendia que Jeferson poderia estar em sérios problemas se não o ajudássemos depressa. -O Jéferson pode ta morto essa hora, agente tem que ajuda...eu vou conta ate 3 e pulamos. Pulamos, tento amortecer a queda, mas mesmo assim caio para trás, o mesmo ocorreu com Marcelo, nossas pernas geladas dificultaram ainda mais nossa aterrissagem ao chão. Corro ate Jeferson e vejo que atrás de sua nuca havia um pequeno corte, mas que estava sangrando muito. -Jéferson... Esta me ouvindo? Fala comigo – Somente um gemido conseguiu falar, ele estava muito mal e não era bom ficarmos no meio da quadra com um cheiro de sangue forte. -E ai como ele esta? -Nada bem... Ele bateu a cabeça quando caiu – Retiro um lenço de minha mão e pressiono contra sua nuca para tentar estocar o sangue – Temos que tirar ele daqui Marcelo, se não vamos ter mais problemas – digo olhando para a janela da nossa aula que estava agora distante. -É tarde de mais pra isso – Diz Marcelo olhando com os olhos arregalados para trás de mim. -O que foi? – pergunto acompanhando seu olhar... Engulo seco e respiro fundo, eu nunca tinha sentido tanto frio na barriga como naquele momento, era tudo ou nada, correr ou morrer. Mas Jeferson não conseguiria andar, e provavelmente o portão dos fundos estava fechado... Pensa... Pensa... Pensa.

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