Eu me esquivo e prendo os braços dele, mas com um chute ele se solta de mim e me empurra na direção de Carol. Caio de costas no chão, olho para cima e vejo Carol quase em cima de mim tentando me morder.
-Cuidado – Escuto a voz de Marcelo vindo na minha direção, der repente sinto que meu coração vai sair pela boca.
Nesse momento Marcelo puxa minhas pernas para me tirar de perto de Carol, mas ela consegue se soltar e avança em nós. Ela pula em cima de Jéferson e tentava morde-lo, Marcelo ajuda-me a levantar, vou ate ela e a puxo da cintura para tirá-la de cima dele, mas a força que ela fazia para mordê-lo era incrível.
-Ah tira ela de cima de mim – Seu grito de desespero ecoou por toda sala, Marcelo seguro seus braços e os puxou para trás.
Carol se livra por um segundo dos braços de Marcelo e consegue morder o pulso de Jeferson que agora estava se esvaindo em sangue. Dou um chute forte no seu rosto que á faz ficar tonta e sair de cima de Jéferson, o levanto e o deixo no canto da parede da sala onde estávamos. Seu braço estava sangrando muito, tinha medo que o cheiro de sangue atrai-se mais deles, pois o cheiro estava por toda sala quase insuportável.
-Ela... Ela me mordeu – Gagueja ele agora com os olhos cheios de lagrimas, a dor que ele estava sentindo deveria ser horrível.
-Calma vamos te ajudar relaxa... Marcelo – Vejo Marcelo atrás de Carol segurando os dois braços dela fortemente, mas nem ele estava conseguindo conte-la.
-Ela esta descontrolada – Disse ele agora andando por toda sala com ela.
-Trás ela aqui rápido – Abro um armário da sala, marrom de porta dupla e a trancamos ali dentro para não precisarmos machucá-la.
Colocamos duas classes uma em cima da outra para bloquear e não deixarem-na sair, seus gritos eram de arrepiar eles ecoavam dentro do armário. Ela batia com toda força na porta para tentar abrir, as classes balançavam fortemente, não haveria mais o que se fazer ali.
Por alguns segundos nenhum de nós falamos alguma coisa, apenas o silencio permaneceu ate ele ser rompido com um gemido de dor. Jéferson havia sido mordido por ela um pouco acima do pulso, vou ate ele e vejo que estava perdendo bastante sangue. Rasgo um pedaço de minha camiseta e enrolo no seu pulso, teria que ser suturado, mas já estávamos longe da enfermaria e acho que ele não iria agüentar ate lá, agora a secretaria era o único lugar para onde deveríamos ir.
-Eu deveria ta recusando sua ajuda – Diz Jeferson sem ao menos me olhar.
-É, mas sei que não vai – Retribuo com um pequeno sorriso sarcástico.
-Valeu cara, e desculpa pelo que eu disse – Agora ele estava me olhando nos olhos, eu o estranhei naquele momento, pois ele nunca foi de se desculpar com ninguém.
-Só to fazendo o que é certo... Pronto, levanta temos que ir – Levantamos e nos olhamos por alguns segundos, e imaginei que ele pudesse me atacar ali naquele momento – Marcelo, vamos!
Quando vamos sair lá porta muitos deles começaram a vir pelo lado da sala quebrando a janela.
-Corram... – Grito saindo em direção à porta.
Saímos da sala rapidamente, pelo lado direito vinha 10 deles correndo pelo corredor, começamos a correr para o outro lado, não tinha ninguém em nosso caminho, pois eu havia trancado um grande numero deles dentro da outra sala. Nós corríamos muito, e parecia que eles estavam sendo atraídos por alguma coisa, pois não tínhamos feito barulho que chama-se a atenção deles, poderia ser o sangue de Jéferson?
Depois de ter saído do corredor avisto a secretaria, mas estava cheia deles na frente, então tivemos que seguir em frente passando por ela. Vejo Charlene olhando na janela através da cortina, faço um gesto com a mão dizendo que voltaríamos. Corremos em direção ao ginásio da escola estava muito perto e seria o único lugar para se proteger deles.
Eles estavam se aproximando pouco a pouco da gente, por um instante um deles passou sua mão de raspão na minha camiseta, que estava suada e suja de sangue. Mas eu não conseguia correr mais do que aquilo, minhas pernas já estavam quase no limite, se eu para-se agora eu morreria sendo estripado por eles.
-Vamos para o Ginásio – Grito quase sem fôlego.
Entrando pelo portão do ginásio, ele era de cor azul escuro com ferrugens nas dobradiças. Não havia nada para trancarmos ele apenas o deixamos encostado e continuamos correndo, mas para a nossa surpresa eles pararam por um instante no portão tentando abri-lo. Não estávamos seguros ali, o lugar era totalmente fechado, não havia outra saída a não ser pelo próprio portão de entrada. O numero de pessoas não era tão grande, no Maximo deveria ter uns sete ali atrás da gente, não teria como passar por eles, paramos no meio da quadra que estava ainda toda encerada e brilhosa para repormos o fôlego.
-Escutem... – minha voz estava falhando – Vamos nos separar... Vocês vão para a sala dos materiais de esporte e – Meu fôlego estava muito baixo, eu estava com as mãos no joelho e olhando para baixo para ver se conseguia repor o fôlego perdido – E eu vou para os vestiários, depois se a barra tiver limpa, vão para a secretaria, a Cha esta lá com a Emily.
-Tudo bem – Responde Marcelo olhando diretamente para o chão também repondo o fôlego.
-Jéferson tudo bem? – Ele estava com uma aparência horrível, a mordida que Carol lê deu, estava ficando infeccionada em volta, isso lembro o Leonardo com o corte dele no braço.
-É... Eu to bem – Sua voz também estava roca e seca.
Separamos-nos naquele momento, o portão havia sido arrombado finalmente por eles, invadindo todo ginásio. Ao meu ponto de vista eram uns dez e a maior parte dele foi para o lado de Marcelo e Jéferson.
Correndo pelo corredor azul escuro, as luzes falhando deixando uma visão de filmes de terror, nas paredes marcas de mãos de sangue. Entrando no vestiário vejo a chave na porta ao lado de fora, tiro rapidamente e tranco a porta. Empurro um banco de madeira contra a porta, uma batida forte deles a porta me fez recuar e cair sentado indo para trás. No vidro da porta seus rostos ensangüentados gritando e batendo contra ela, levantei do chão e fui para o fundo do vestiário ate os chuveiros.
Para minha surpresa um aluno com apenas um chorte azul sai de um dos Box e avança com os braços tentando me morder. Sua aparência era pálida e fria como uma estatua de mármore, a única cor viva que havia nele era a cor do sangue na boca e de uma mordida no pescoço.
Com uma força incrível, ele me empurra contra parede e avança com a boca tentando morder meu rosto, com toda força eu tento afastá-lo com o braço empurrando seu pescoço, mas o cara era mais forte que eu. Com uma joelhada na sua barriga consigo ter distancia dele. Mas ele torna a atacar, no momento eu desvio e bato com força sua cabeça na pia do banheiro duas vezes fazendo-o cair inconsciente.
Noto que o sol estava entrando naquela sala escura por uma pequena janela, subo em uma prateleira onde ficavam as toalhas de banho e alcanço a pequena janela. Ela estava trancada por um pequeno cadeado muito forte e resistente.
Com um estrondo a porta do vestiário é arrombada deixando quatro deles entrarem, eles correm na direção da prateleira e começam a tenta subir, eles ficavam balançando sem parar esperando que eu cai-se. Começo a chutar a janela na tentativa de quebrar o cadeado, mas nada dava resultado. O desespero estava tomando conta de mim, o que fez eu entrar em pânico e fazer qualquer coisa para sair dali, começo a bater no vidro com o cotovelo, mas nada adiantava o vidro era grosso demais. Com três batidas apenas consigo uma rachadura nele, continuo a bater com toda força, mas a prateleira estava balançando e isso dificultava.
Dou um chute forte que acaba quebrando o vidro, a janela era um pouco pequena, mas dava para eu passar. Quando comecei a rastejar na direção dela, um deles consegue alcançar meu tornozelo e acaba me puxando para baixo me fazendo cair no chão rolando. Agora meu coração estava completamente disparado e eu não tinha idéia se eu conseguiria sair dali vivo. Levanto rapidamente e corro ate a porta saindo do vestiário, mas me esbarro de frente com mais um deles, caio sentado, mas não perco nenhum minuto e passo pelo meio de suas pernas e volto a correr pelo corredor escuro, mas vendo a luz no final dele.
Correndo pela quadra do ginásio, minhas pernas pediam descanso, quando eu ia parar lembrava que estava fugindo da própria morte. Nenhum dos guris estava por ali, nem Marcelo nem Jéferson, sinal que eles já devem estar lá. Então essa é minha chance de correr para secretaria, eles já estavam novamente atrás de mim. Chegando ao portão vejo que estava novamente trancado, e por uma barra de ferro, quem colocou isso ai?
-Nem isso vai me em pedir de passar – Minha voz quase não se escutava mais.
Aproveito a velocidade da correria e pulo afirmando o pé na barra de ferro e consigo atravessar o portão. No momento em que coloco meus pés no chão minhas pernas não se agüentam me fazendo ficar de joelhos por alguns segundos. Faço o ultimo esforço para me por de pé e continuar, a secretaria estava logo na minha frente, e morrer aqui seria idiotice. Chegando a secretaria a porta estava trancada, isso não era bom, eles haviam pulado o portão com muita facilidade, quando eles caiam já levantavam no mesmo instante e corriam na direção da secretaria.
-Abra essa porta, Charlene, Marcelo – Minhas batidas na porta eram tão forte que minha mão estava doendo – Rápido – Minha voz estava ficando fraca novamente, eles não escutariam meus gritos.
O numero deles estava aumentando cada vez mais minhas pernas não aguentavam mais a perseguição eu tinha que parar, já não dava mais para correr. Chego a passar pela minha cabeça em desistir e deixar que eles viessem eu já não agüentava mais. Quase sem ar, começo a chuta a porta fracamente já sem força alguma nas pernas. Reúno todas as forças e grito uma ultima vez.
-SOCORRO - Minha visão vai ficando embasada, tudo vai ficando turvo e lento, escuto tudo baixinho. Vou perdendo as forças e caio sentado de costas para porta, consigo ver sombras vindo na minha direção, vai ser meu fim. Pelo menos Cha e os outros estão bem.
Sinto uma mão me tocando no ombro e me puxando para trás, meus pés estavam sendo puxados para o lado oposto, mas depois logo para e acabo desmaiando. Estou em casa meu irmão esta preparando o café para ir pro trabalho, no noticiário esta passando noticias sobre assaltos em banco, previsão do tempo, levanto da cadeira e vou ate a frente de casa.
Vejo as pessoas caminhando normalmente na rua, casais com os bebes em carrinhos, carros estacionados tudo como era normalmente, o cheiro de fumaça no ar, o frio do inverno de manha que dava vontade de ficar dormindo.
O que será que houve? Cadê aqueles monstros no qual eu fugia? Cadê a Charlene e meus amigos? Será que voltei no tempo? Ou tudo foi apenas um sonho? Eu não fugi de nenhum monstro nem nada, eu não vi muitos amigos morrerem? Por que isso esta acontecendo? Esta tudo normal como era antes nas ruas, olho e vou ate o armazém da esquina e pergunto para o atendente.
-Senhor que dia é hoje? Que mês é? – Minha aparência era de uma pessoa perturbada, não queria lhe causar um espanto.
-Hoje? Hoje é sexta feira do dia 28 de agosto, por que menino? – Era um senhor gordo com um bigode de cor cinza que tapava o lado superior de seus lábios.
-28 de Agosto... Ta obrigado – Esse dia ficava me perturbando me deixando mais confuso ainda.
Foi o dia em que tudo começou na escola, volto correndo pra casa pra falar com Alexandre e conta tudo para ele, talvez eu tivesse sonhado, ou talvez eu tivesse previsto que aconteceria, eu já não sabia mais em o que acreditar. Chegando à cozinha resvalo e em um liquido vermelho que tinha na entrada da porta, eu havia batido o joelho no momento em que cai. Olhando adiante vejo a cena que eu preferia nunca ter visto, Alexandre estava sendo devorado por dois deles, arrancaram seus olhos e abriram seu peito comendo suas tripas, meus olhos arregalados e meu queixo pareciam que estava nas pernas.
Tento levantar mais uma vez, mas acabo caindo novamente resvalando no sangue que eu estava em cima. Eu conseguia escutar os gritos de desespero e de dor de Alexandre pedindo ajuda, mas meu corpo não saia da posição em que ele estava ali. Eles notam que eu estava ali e avançam na minha direção, sem poder me mover, eles me deitam no chão e comecei a sentir meu peito se abrindo.
-Edward? Edward – Meu nome estava sendo repetido varias e varias vezes por uma voz familiar – Edward acorda, por favor, acorda!
-O que? – Minha visão estava voltando pouco a pouco, junto com minha voz rouca e seca, eu estava confortável ali, sentia o couro arranhando meu braço nu e seu barulho quando me movia nele.
-Ta tudo bem? – Pergunta à mesma voz.
-Cha? O que houve? Cadê o meu irmão? – Eu estava mesmo delirando, eu agora estava novamente na escola deitado no sofá da diretoria junto de Cha.
-Calma você tava só sonhando – Sua voz tentava me acalmar, podia sentir seu hálito quente batia no meu cabelo humido movendo ele aos poucos.
-Ainda bem – Agora eu estava aliviado por saber que minhas tripas e órgãos ainda estavam no lugar – E o Marcelo e o Jéferson, conseguiram chegar aqui? – Agora eu estava levantando do me conforto ficando de frente para Cha.
Vejo que Cha fica um tanto quieta e no mesmo momento olha para o lado onde estava Marcelo encostado na mesa de braços em seu lado pressionando a mesa com muita força, ele estava com uma expressão muito seria e dura. Minhas pernas estavam bem melhor, conseguia move-las sem sentir dor, eu estava precisando descansar. Vou ate ele e me encosto ao seu lado e vejo que ele ainda pressionava a mesa com muita firmeza.
-Tudo bem cara? – Tentei parecer o menos preocupado possível, mas eu não estava vendo Jéferson ali conosco, então eu deveria estar.
Marcelo simplesmente balança a cabeça dizendo ‘‘Não’’, noto que sua camiseta e suas mãos estavam com um pouco de sangue, eu estava tentando não pensar no pior, mas eu não poderia deixar de pensar na única coisa que vinha na cabeça.
-Dez de que ele chegou, ele ta assim Edward – Diz Cha se aproximando atrás de mim ficando ao meu lado.
Com uma expressão fechada ele finalmente conta, e era o que eu menos queria ouvir naquele momento. Marcelo parecia estar mudando de personalidade a cada hora que passava, ele já quase não era mais o mesmo.
-Eu tive que Matar o Jéferson – Era o que eu temia, depois que saímos daquela sala, Jéferson estava de um jeito um tanto diferente parecia doente ou com alguma coisa que estava o deixando com uma aparência horrível.
-Po... Por quê? – Pergunto gaguejando.
-Ele tinha virado um deles, ele se levanto e foi pra me mata, então eu com o susto eu cai em cima de uns tacos de madeira e ele caiu pro lado, eu me levantei e peguei o taco de basebol e me preparei quando ele viesse, daí eu acertei a cabeça dele.
Com um certo frio na barriga e com os olhos arregalados eu encaro Marcelo por alguns minutos, ele senta no sofá e fica mudo. Viro para Cha e vejo que ela estava como eu, espantada com o que acabamos de ouvir. Sinto uma leve dor na barriga que me faz reagir, a fome estava batendo, eu já não comia nada dez do café.
Vou ate a mesa e bebo um pouco de água, minha barriga estava vazia estava morto de fome, vejo que em cima da mesa havia alguns biscoitos, sirvo um pouco de café que estava morno e bebo isso enganara meu estomago ate que saímos daqui.
-Olha guris vou falar uma coisa, talvez vocês concordem comigo. – Eu já não agüentava mais ficar nessa escola maldita, os telefones daqui estavam mudos e nem internet tinha, estávamos incomunicáveis e esperar por ajuda seria morrer na certa.
-O que é? – Pergunta Cha ao lado de Marcelo.
-Nos não podemos espera mais, vamos sair daqui, as pessoas na cidade não tem idéia do que ta acontecendo aqui, nós precisamos avisar todo mundo, e não deixa que essas pessoas saírem daqui da escola mordendo todo mundo passando essa... Doença.
-Como assim Edward? – O olhar de Cha era de alguém confusa e em duvidas.
-Eu tenho prestado atenção nas pessoas lá fora, e todos parecem ter feridas bem feias, no pescoço, braço, perna, rosto... – Agora nenhum deles estava me entendendo.
-É eu também notei isso, mas e daí? – Pergunta ela ainda confusa.
-Eu to achando que essa doença, seja lá o que for, é transmitida por uma mordida. – Era a coisa mais obvia que já dava para ser notada.
-Como você tem certeza disso? – Cha parecia não acreditar, mas era a verdade.
-O Jéferson tinha sido mordido por Carol, depois ele era como eles – Diz Marcelo olhando para baixo.
-Isso mesmo, eu acho que é transmitido pelo sangue ou pela saliva deles.
-Mas e como essa doença veio para aqui na escola?- pergunta Cha.
-Eu não sei, mas tenho uma idéia de quem possa ter começado tudo isso.
-Sabe? – Agora Marcelo me encarava com uma expressão de dor e angustia.
-Sim, lembra do Leonardo nosso colega? Eu vi que ele tinha arranhões no corpo e estava assim, meio pálido com os olhos avermelhados – Nessa hora me passou a imagem dele me desprezado quando eu ofereci ajuda, e por causa dele nosso dia na escola esta um inferno.
-É eu vi quando ele gritou com você – Cha agora estava em sentada na cadeira da frente na mesa – Então não devemos deixar que eles nos mordam é isso?
-Sim tenho certeza! – Respondo comendo mais um dos biscoitos de Chocolate em cima da mesa.
-Já tentaram os telefones para pedir ajuda? – Pergunto Marcelo.
-Sim eu fui à direção, mas estão todos mudos - diz Charlene.
-Então como vamos sair? – Marcelo agora estava em pé indo ate a janela que estava fechada pelas cortinas.
-Eu tenho uma idéia, mas não sei se vai dar certo – Era a única coisa em mente que eu tinha.
quarta-feira, 5 de agosto de 2009
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