domingo, 30 de maio de 2010

25º Palomas x Vamos embora!


O portão estava ativado ainda com o sistema de segurança elétrico, eu sabia que avia esse sistema pois meu irmão me conto quando ele veio tenta trabalhar na fabrica de Vinho aqui perto ‘‘ ALMADEN’’. Ele disse sobre a porteira elétrica, e que quase levou um tremendo choque.
O choque foi tão forte que arremesso Cha pra cima de mim, ela fico inconsciente e parecia não estar respirando e sua boca ficou rocha.

-Cha...Cha...ta me ouvindo? Cha...por favor Cha acorda! – coloquei minha mochila em baixo de sua cabeça para acomodá-la. Ela não respirava e estava ficando gelada.
-CHAAA...

Nessa hora para mim o tempo havia parado, não conseguia mover um músculo vendo cha deitada na minha frente com seu coração parando aos poucos. Foi ai então em que tudo o que eu vivi nesses últimos dias repassaram pela minha cabeça, dez da hora em que eu acordei, tomei café com meu irmão, peguei o ônibus da escola e encontrei meus amigos no fundo do veiculo chamando meu nome.

O que esta acontecendo? Será que estou revivendo um replay desses últimos dias? Ou será que estou enlouquecendo de vez? Meus amigos ali novamente, ao meu lado conversando comigo. Logo depois eu estava na sala de aula trancando a porta para que eles não entra-se, eu podia sentir novamente nas costas as batidas do professor tentando entrar furiosamente.

Pude rever Jeferson caindo do cano em que descíamos para sair da aula e pedir ajuda. Pude sentir o peso de Emily novamente em minhas costas enquanto eu a carregava pelos corredores do colégio. Pude lembrar de quando encontrei Cha escondida dentro da sala de materiais na sala dos professores esperando por ajuda, aquele foi um dos meus momentos mais felizes, em ver minha amiga viva e salva.

Quando me aproximei dela novamente, algo estava mudando, ela não estava agindo da mesma forma que havia feito, era a única coisa que estava mudando agora nessas lembranças. No momento em que me aproximei dela ela começo a fugir de mim, a imagem de Charlene sentada com a cabeça entre os joelhos indo embora, era uma coisa que na qual eu não podia agüentar. Eu corria atrás dela gritando seu nome, foi ai então em que percebi, minha amiga estava me dando Adeus, minha Irmã. Pude sentir seu ultimo abraço no momento em que tropecei e cai de peito no chão não podendo mais alcançá-la. Foi ai então em que voltei a si, minhas mãos tremulas uma em cima da outra em cima do peito dela tentando fazer ela respira novamente.

-Vamos Cha! Respira! – gritava eu fazendo respiração boca a boca.

Já perdendo as esperanças, depois da ultima lagrima escorrendo e caindo em seu rosto, ela finalmente solta seu primeiro suspiro voltando ao normal. Ela acorda se afogando e gemendo de dor, abrindo os olhos lentamente vejo sua expressão de tranqüilidade, então eu já podia dizer que livrei minha melhor amiga das mãos frias e apavorantes da Morte.

-Cha? Cha ta me ouvindo? – minha voz estava seca e áspera, tocando em seu rosto ela finalmente olha para mim.
-Edward? – dizia Cha finalmente dando um leve sorriso – O que aconteceu?
-Graças a Deus... – as lagrimas saíram com tudo, pingando um pouco no rosto dela – Você levou um tremendo choque que a deixo inconsciente por uns minutos...achei que não ia conseguir te ajudar Cha!
-Obrigada... – sua mão passava pelo meu rosto limpando as lagrimas.
-Bom temos quer ir, consegue caminhar? – coloco o braço em sua cintura levantando-a
-Acho que sim...minha cabeça ta...explodindo – Sua voz ficou mais seca que a minha, ela coloca o braço por cima de meu ombro para se apoiar.
-Só pode...espera ainda temos que passar por essa porteira, se não nunca vamos chegar ate esse cerro. – digo pegando o facão do chão.
-Alguma idéia? – pergunto Cha olhando de canto para mim.
-Acho que o único lugar que pode desativar esse sistema de segurança é no próprio morro...mas não temos como chegar ate lá sem antes passar por isso aqui – fico pensando por um momento.

Todo sistema de segurança tinha uma caixa de força que manda-se a energia, mas onde estaria a desse sistema? Estamos no meio da mata onde haveria uma caixa de força por aqui?

-Temos problemas Edward – A voz de cha agora era preocupante e tensa, ela olhava para o meu lado esquerdo com os olhos arregalados.
-O que? Por quê? – vejo que o fogo estava muito perto da gente, já dava para sentir o calor infernal que ele emanava.

Droga e agora? De um lado uma cerca elétrica e do outro um fogaréu que estava destruindo tudo deixando agente sem saída. Tínhamos duas escolhas de como morrer, queimado ou eletrocutado. Fecho os olhos e tento pensar em alguma coisa mas com toda aquela pressão estava difícil.

-Vamos Cha...
-Para aonde? – perguntava ela, agora sua voz estava mais assustada.
-Vamos voltar ate o açude e seguir por ele, podemos encontrar alguma saída por ele – dizia eu já voltando pela trilha.
-Mas aquela água esta infectada, vamos correr o risco de pegar esse vírus só por uma gota dela...
-Não temos outra escolha cha e você sabe! – De qualquer outro jeito nós poderíamos morrer ali, as chances eram altíssimas, seja por um choque, ou pelo fogo ou por um vírus.
-Espera Edward, vamos pensar em algo juntos...talvez poss- Cha é interrompida por um barulho muito estranho, e o que parece vem da minha mochila.
-Que Barulho é esse? – pergunto na no meio da trilha.
-Vem da sua mochila...abra e veja logo – dizia Cha retirando seu braço de mim apoiando-se na arvore ao lado.

Abro o zíper preto e enferrujado da minha mochila verde, no fundo vejo uma luz vermelha piscando com um barulhinho irritante...Biiiiip, Biiiip, Biiiiip, fazia ela sem parar. Colocando a Mão dentro da mochila e encontro um Walk talk preto com um painel amarelo e com a luzinha vermelha piscando logo em cima.

-Alô? – aperto o botão e digo a primeira palavra que me vem na cabeça, e pra minha surpresa a voz que eu mais esperava ouvir nesse momento.
-Edward? Onde vocês estão? – perguntava Alexandre com uma voz de desespero e rude.
-Alexandre... nos estamos na entrada do morro, na porteira... – antes de eu terminar de falar ele me interrompe.
-Vocês precisam sair daí agora e subir aqui, o fogo se espalhou por todo o lugar, se vocês não saírem daí agora vai ser tarde de mais!
-Droga...mas não podemos sair o portão esta ligado ao sistema de segurança, não podemos passar com essa cerca elétrica! – estava falando no mesmo tom que ele agora.
-Merda...ta bom presta atenção, esse sistema só pode ser desligado em dois lugares, um é aqui em cima e o outro é ai com vocês, você precisa encontrar a caixa de força mover baixar a alavanca que tem ao lado – Alexandre nem respirava direito, e pelos suspiros que dava parecia que estava correndo.
-Ta e onde eu posso achar ela? – pergunto confuso.
-Eu não tenho idéia Edward, vim aqui poucas vezes...Droga! – Alexandre agora gritava, e parecia que estava forcejando.
-O que foi? – pergunto.
-Nada... olha eu já to chegando na sala de controle de segurança, vou desativar o meu aqui, você precisa encontrar a caixa de força, são todas iguais, tem que ter a alavanca ao lado dela que no qual você devera puxar para baixo entendeu? – dizia ele ainda correndo...no fundo consegui escuta as vozes de Be e Nairo gritando.
-Ta deixa comigo eu vou encontrar...quando você desliga você liga avisando viu?
-Ta vai logo! – Alexandre desliga o aparelho e segue seu caminho para nos ajudar.

Olho rapidamente para Cha e vejo que ainda estava com dificuldades para caminhar, e o fogo já estava bem perto de nós. Penso em onde poderia haver a maldita caixa de força...pensa Edward, Pensa...repetia mil vezes para eu mesmo. Foi ai em que eu lembrei das duas trilhas logo atrás, uma que levava ate aqui e a outra poderia ser onde encontrava-se a caixa de força, se eu leva-se Charlene iria demorar muito e nós estávamos com muito pouco tempo.

-Cha, presta atenção...vou tentar encontrar a caixa de força que o Alexandre me falo pelo walk talk entendeu? – sua expressão parecia de medo.
-Era ele falando? – pergunta ela confusa
-Sim, ele disse que pra desativa esse sistema, é preciso desativa lá em cima e aqui em baixo entendeu? Mas para isso eu preciso encontrar a caixa de energia...você vai ter que ficar aqui por alguns minutos sozinha enquanto eu vou ate lá!
-Mas você nem sabe onde fica...como vai encontrar – Por mais que eu tenta-se parecer confiante, cha não deixava de demonstrar um sentimento de medo e preocupação.
-Eu tenho uma idéia de onde possa ser...fica tranqüila que eu volto logo, fique com minha mochila, á você tem a Adaga que eu lhe dei? use-a se for preciso! - dou uma piscadinha para ela.
-Ta certo...tome cuidado! – grita Cha no momento em que eu já estava percorrendo a trilha.

Rápido, Rápido, repetia para mim. Sentindo meu cabelo balançando rapidamente para ambos os lados e minha franja chicoteando meu olho corro o mais depressa possível, mas minhas condições não era uma das melhores para correr, não podia exigir de mim mesmo muita coisa se não eu poderia acabar desmaiando.

Com apenas o walk talk preso na cintura da calça e o facão empunhado para baixo na mão direita eu sentia o ar dos meus pulmões incrivelmente entrando e saindo. Reparo que a trilha começo a se alargar novamente e isso era sinal que eu já estava chegando a outra trilha.

O fogo estava quase me alcançando, a velocidade em que ele vinha era inacreditável, se eu não me apressa-se eu iria é virar churrasco. Com o coração quase saindo pela boca e finalmente eu chego à divisão das trilhas. Tento parar mas minhas pernas não obedeciam, já estavam tremulas, então felizmente tropeço em uma raiz de uma arvore que havia no caminho que faz eu rolar trilha a frente.

Folhas secas grudam em minha roupa, junto com barro e pedaços de graveto, mas nem perco tempo limpando. Levanto lentamente colocando a cabeça no lugar, pego o walk talk que havia caído da minha Mão á alguns centímetros de mim. Mudo então de direção indo para o outro lado da trilha, na esperança de encontrar a tal caixa de energia. O calor estava começando a me fazer mal e o cheiro de fumaça era horrível, já estava começando a me afogar com ele a cada minuto.

Caminhando rápido pela trilha, reparo que o fogo tava logo ali ao meu lado, mas mesmo assim não era motivo para eu ter medo e desistir. Continuei correndo ate que finalmente encontro um pequeno muro de tijolos de cor avermelhado, e nele uma caixa de energia cinza com uma raio desenhado no centro, dizendo logo em cima ‘‘Alta Voltagem’’.




Mas para meu azar havia deles de sentado encostado no muro logo em baixo da caixa de segurança, sua aparência era igual á daquele homem que encontramos no Açude, era mais um lenhador, estaria morto? Ou estava apenas inconsciente? Por um momento tive que parar e pensar 2 vezes antes de fazer qualquer coisa.

Empunhei o facão para sua cabeça e a movi para o lado, com o impulso ele balanço e caiu mostrando sua face para cima, seu rosto estava horrivelmente estripado, seus olhos haviam sido arrancados, ele não tinha mais uma parte do lábio inferior mostrando assim todos os dentes afiados que teria, sua orelha estava preza apenas por um fio de pele, e seu nariz estava faltando um lado.

-Ele esta morto – respirei fundo, mesmo com aquela fumaça no ar, ainda sim me afoguei.

Estico o braço ate a alavanca que havia ao lado da caixa de força bem como Alexandre diria, puxando para baixo ela simplesmente libera um barulho de como se algo tivesse sido puxado da tomada e desligado, acho que agora é hora de ir.

Dando uma ultima olhada para o cadáver em baixo de mim para ver se estava tudo tranqüilo. Virando para trás vejo que o fogo estava quase formando um corredor em chamas para eu tentar passar, o calor estava de mais agora, mais um pouco eu não conseguiria chegar ate aqui.

Dou o primeiro passo para ir embora, mas sou surpreendido por um individuo que ate então eu pensava que estava adormecido. O Homem que ali estava levantou no mesmo instante se jogando para cima de mim, fazendo nós dois cair no chão que já estará quente e seco. Sinto um alivio na cintura.

O homem que estava em cima de mim, lutava com tudo para poder tirar um pedaço de meu pescoço, era como um Leão com muita fome querendo se alimentar, ela não era muito forte, sinto uma gota de sangue pingar de seus olhos arrancados e pingar em minha bochecha.
Fecho a boca e continuo tentando afastá-lo com as mãos, por que eu não trouxe Charlene junto comigo, ela daria um jeito também nesse aqui.


Não posso perder tempo com esse lixo aqui, pego o facão que estava bem ao meu lado e o enterro no seu queixo atravessando seu crânio. Jogando ele para o lado, retiro meu facão de seu queixo e volto a trilha.

-Corre Edward, Corre! – repetia para mim.

Voltando pela trilha e encarando o fogo logo do meu lado, vejo a curva para o outro lado logo em frente. Seguindo agora pela trilha da porteira onde se encontrava Cha, corro o máximo que posso para poder chegar a tempo. Por um segundo olho para o lado e vejo o fogo logo ali se aproximando, quando torno a olhar para frente Charlene estava na minha frente gritando para eu parar mas acabei não lhe dando ouvidos.

Caindo por cima dela vejo sua expressão de dor, sua cabeça deveria estar latejando e ainda com esse tombo pioraria a situação.

-Sinto muito Cha... – disse ajudando-a se levantar do chão sujo.
-Você não escuto eu gritando? – dizia ela levantando do chão com a maior cara de furiosa.
-Na verdade não...bom e ai desativo o sistema elétrico? – pergunto jogando o cabelo pro lado.
-Como eu vou saber, se eu tocar ai posso levar outro choque sabia?- por mais que ela estivesse gritando comigo, ela estava com razão.
-Vou ligar para o Alexandre e pergunta se ele já desativo o sistema – coloco a Mão na minha cintura na tentativa de encontrar o aparelho mas não havia nada.

Provavelmente tenha caído na hora em que matei aquele cara. Droga...Droga...como iríamos saber se o sistema já estava desligado? Poderíamos morrer na tentativa, bom não tínhamos outra escolha, cha já havia levado um choque, não poderia permitir que ela leva-se outro.

-Cha eu vou arriscar – disse determinado.
-E se ainda não tiver desativado? – a voz de cha agora era de choro e desespero.
-Precisamos tentar... – estico a mão ate a porteira me aproximando lentamente, sinto um enorme frio na barriga agora, parecia que a morte estava bem atrás de mim soprando meu pescoço com um vento frio que me fez tremer por um segundo.
-Espera...espera um pouco – disse cha me impedindo de abrir a porteira.

O vento em meu pescoço desapareceu e eu não sentia mais nada, olhei de canto para cha e vejo que ela estava com uma expressão de apavoramento e medo. Um barulho ecoava logo atrás da gente, minha respiração começou a aumentar junto com a tensão que estava ali entre agente, havia alguma coisa vindo e parecia que era a mesma coisa que estava nos perseguindo na hora em que Charlene e eu caímos no barranco.

-Ta ouvindo isso? – sua voz estava tremula e roca, estava engolindo seco.
-Sim... – respondo em um tom baixo e tenso.

As folhas estavam começando a se mover cada vez mais rápido, o fogo que estava ali ao nosso lado, parecia que estava começando a ficar mais lento a cada momento. O som estava cada vez mais alto, parece que finalmente essa coisa seja lá o que for conseguiu nos encontrar.

-Droga... – digo trincando os dentes – Vamos logo Alexandre, desativa isso de uma vez! – viro em direção a porteira.
-E agora? Ta...se aproximando – cha estava gaguejando.

O desespero estava aumentando cada vez mais, o barulho que essa coisa estava fazendo-me fez recua um passo suando frio. Sem prestar atenção eu encosto com o cotovelo na porteira gelada e úmida, ótimo Alexandre já havia desligado o sistema, então era hora de ir.

-Vamos...já esta desligado! – puxo cha pelo braço direito, mas ela fica imóvel quando finalmente aparece a coisa que estava nos perseguindo, vindo pela trilha atrás de nós – O que houve? – pergunto.
-Essa não – diz ela trincando os dentes.
-Droga...corre...corre cha, vamos! – dessa vez puxei com mais força fazendo ela sair do lugar.

Era quase impossível de acreditar, mas era um cavalo infectado, ele tinha um tom marrom escuro e um sinal no meio da testa. No momento em que passamos pela porteira, volto para ela ficando de costas tentando preparado para que o animal não passa-se.

-O que esta fazendo? – pergunta Cha olhando para mim com uma expressão fria e apavorada.
-Eu vou tenta trancar essa porteira, vai indo na frente que eu logo te alcanço. – grito.
-Ta falando serio? – diz ela.
-Vai logo Charlene! – grito, ela continua me dando as costas.



Pego meu facão e corto numa vez dois galhos de árvores não muito grossos para colocar nos anéis que faziam a tranca da porteira. O barulho das patas batendo no pasto úmido estava mais alto, então coloco mais meu próprio facão para ajudar a trancar a porteira, bom agora eu estava completamente desarmado, espero não precisar dele mais. Vejo que Cha já estava a uns quinze passos a minha frente, suas transas balançavam com o vento quando corria e parecia que a cada passo que ela dava mais lenta estava ficando.

-Continua correndo Cha...não me espere – digo quando vejo ela olhando de canto para trás, para ver se eu estava longe.

O cavalo não poderia atravessar aquela porteira mais, só se ele fosse um cavalo treinado em saltar em obstáculos, mas isso era impossível. A cada passo dado o cerro se aproximava mais e mais, o que aumentava nossas esperanças. Em frente havia uma camioneta batida contra uma arvore, com o corpo do motorista exposto na janela do veiculo e pelo uniforme que usava ele trabalhava na fabrica ALMADEN, Cha resolve parar para me esperar ao lado da camioneta.

-Tudo Bem? – pergunto quando chego repondo o fôlego.
-Se... – suspira ela – nós fomos com essa...camioneta subiríamos mais rápido – dizia ela com a Mão no peito.
-Não custa tentar...me de sua adaga cha – ela retira a adaga que estava pressa em sua cintura e me entrega.

Retirando com a boca a bainha empunho a adaga na direção do motorista morto. Me aproximo o mais rápido que posso, abrindo a porta do motorista seu corpo cai no chão mostrando seu pescoço ensangüentado por um enorme pedaço de vidro cravado.

Verifico se não havia mais ninguém dentro do veiculo, e parecia que não. A camioneta era uma D-20 azul escura, arranhões e enormes buracos na lona estavam nela, sem fala na mancha de sangue no vidro. Não acredito em que vou ter que dirigir de novo, nunca gostei de carros, nunca consegui dirigir um e nesse momento recordo-me da ultima vez em que peguei um carro para me salvar dessas pessoas a caminho da casa de Charlene.

-Entra rápido... – digo.


Vejo que o vidro da frente estava completamente rachado, estava muito difícil de ver por traz dele, então pego uma pedra que havia ali no chão e o quebro com toda força fazendo-o ficar em pedaços. Entro na camioneta novamente indo direto em baixo da direção retirando a tampa onde ficava os fios elétricos para fazer a ligação direta.

Com a Adaga eu corto os fios para tentar fazer a ligação. Enquanto isso o cavalo que estava logo atrás da gente estava tentando ainda abrir a porteira com batidas com a cabeça, coisa que nenhum cavalo comum faria.

-Vamos...vamos... – dizia eu trincando os dentes raspando os fios.
-Vai... – dizia cha ao meu lado olhando para traz cuidado o animal. O som do motor rangia inúmeras vezes quando eu raspava os fios um nos outros.
-Vai desgraçado liga... – A porteira se abre fazendo o cavalo correr em nossa direção com a maior velocidade.
-Essa não... – disse Cha colocando as mãos na boca.
-Calma cha... – continuo concentrado tentando ligar o a maldita camioneta, mas ele era tão rápido que nos alcanço num estante se jogando contra a parte dianteira da camioneta interrompendo a ligação.

O veiculo vai para o lado direito com o impacto do animal, perco todo o equilíbrio soltando os fios. Se ele continuar nunca vamos conseguir ligar e subir o cerro, a noite havia caído completamente e nosso tempo estava no fim. Espero que Alexandre não perca tempo me esperando pois acho que vamos nos atrasar...

-Cha você vai ter que fazer isso...eu vou tenta distraí-lo para que você consiga ligar entendeu? – digo olhando diretamente para ela.
-Mas eu não sei como se faz isso... – cha é interrompida com o barulho do vidro do meu lado quebrando com outra pancada do animal.
-Ta vendo esses dois fios? – empunho com as duas mãos os fios para ela – pegue a ponta deste e fique passando neste aqui e quando der...- sou interrompido por outro impacto – Enrola os dois e espere... – passo por cima das pernas de cha e saio pelo lado da sua porta.

Subo na traseira da camioneta e vejo o cavalo ao lado da porta de Charlene. Pulo de cima do veiculo e corro novamente na direção da porteira da onde viemos, espero eu me distanciar alguns minutos e começo a gritar.

-Aqui...vem me pega – correndo, chamo sua atenção.

Logo tenho uma surpresa, ele nem me deu atenção e sim continuou a tentar pegar Charlene. Uma coisa que eu não esperava que acontece-se, pego uma pedra e arremesso em sua direção que acaba acertando sua coxa esquerda.

Nem mesmo assim ele se quer me da atenção, então corro novamente para o veiculo. Chegando ao seu lado ele finalmente vira a cabeça e me encara se virando para mim, empunho a adaga e espero seu ataque...

-Que...coisa feia – Ele tinha varias marcas de arranhões e mordidas em seu pescoço enorme, na sua coxa esquerda havia furos de balas. Sua cabeça estava deformada, e sua orelha estava mordida, seus olhos estavam amarelados e seu lábio havia sido arrancado que deixava seus dentes a amostra – Cha...tenta ai – grito, o motor começa a tentar ligar.

O animal torna a virar para o veiculo no momento em que Cha liga os fios. Isso me deu tempo para correr na sua direção e ficar a Adaga no seu pescoço duas vezes e recuar, evitando suas patas. Desta vez eu tinha provocado feio, ele veio correndo levantando as patas, eu recuo alguns passos pegando distancia.

Vindo em minha direção ele corre rapidamente, suas quilinas cinzas nem balançavam por tanto sangue que havia em seu pescoço fazendo as ficar grudada. Jogando-me para o lado esquerdo ouso o barulho do motor finalmente pegando, fazendo eu virar ao mesmo momento e entrar no veiculo.

-Se afasta cha... – grito no momento em que entro.
-Ele esta voltando...rápido – grita ela.

Engato a marcha Ré para poder desencalhar da arvore na nossa frente. Já a alguns centímetros da arvore o animal se debate contra a frente da camioneta balançando agente novamente. Virando a direção coloco na primeira marcha e sigo em frente na direção da estrada que levava ao topo do cerro.

Ele continuava a nos perseguir no caminho ao cerro, engato a terceira marcha e continuo. Fazendo a curva olho rapidamente para o lado da mata, estava em chamas, uma boa parte dela já estava queimada deixando uma cor cinza.

-É tarde de mais...são 9:28- diz Cha apontando para o relógio do painel a minha frente.
-Droga...esse desgraçado não para de nos seguir... – digo olhando pelo retrovisor.

Derrepente um barulho me fez olhar diretamente para o céu escuro pelo vidro quebrado a minha frente. Eram Jatos que estavam passando rachando o céu com seu barulho estrondoso, será eles que lançariam as bombas de gás? O tempo estava se esgotando nós não tínhamos mais forças para continuar, mas como sempre o bom senso sempre me batia me fazendo enxergar um pingo de esperança.

-Cuidado... – diz cha me alertando do que havia na nossa frente. chegando ao topo do cerro, vejo um enorme portão azulado com detalhes em amarelo fechado na nossa frente.
-Se segura Cha... – aumento a velocidade e vou direto contra ele, mas não estávamos em uma velocidade que arrombaria por completo ele, ao invés disso, a camioneta apenas fez a grade ficar voltada para dentro, pelo menos dava para nós passarmos.
-Edward – Cha diz meu nome e ao mesmo tempo se afogando.
-Vamos...rápido... – digo abrindo a porta para sair do veiculo.

Caio de joelhos e vejo de canto o cavalo correndo desesperadamente em nossa direção, minha expressão muda no mesmo instante e sinto um arrepio na espinha. Cha já estava ao meu lado, pois saiu pela mesma minha porta...sinto sua Mão me puxando pelo braço para seguirmos em frente.

-Vamos...depressa – disse ela me puxando.

Passando por baixo da grade arrombada, estávamos seguros ali do animal infectado. Uma voz me chamou atenção dando um frio na barriga, viro no mesmo instante e vejo Alexandre, Be e Nairo em cima de uma casa enorme na frente da Antena de transmissão. Eles acenavam com os braços nos chamando para corrermos...

-Vamos Cha... – pego Cha pelo braço e corro o mais rápido possível.

Um helicóptero estava vindo logo atrás deles, meus olhos se encheram de lagrimas quando o vi e escutei o barulho de suas elises girando. Chegando a casa subimos por uma escada vermelha que havia ao lado, deixo que Cha suba primeiro e logo vou atrás.
Finalmente todos juntos novamente, ficamos em cima do terraço esperando pela nossa carona. Abraço Alexandre e escuto seus batimentos fortemente nos meus ouvidos.

-Tem carona pra mais dois? – pergunto dando um leve riso.
-Achei que não iria conseguir... – disse ele.
-Acho errado mano...vamos dar o fora desse lugar de uma vez! – digo.

O helicóptero se aproximou e aterrissou no meio do cerro, o piloto faz sinal para nos chamar, Be e Nairo são os primeiros a descer correndo as escadas, logo foi Cha e eu, e por ultimo Alexandre. Corremos para o helicóptero, seu vento era muito forte que fazia meu cabelo voar com facilidade, minhas roupas se enrugavam com o vento.

-Rápido...entrem! – ordenou o piloto.

Com todos dentro ele começou a decolar, olho pela janela o cerro ficando cada vez menor e a cidade se afastando. O fogaréu que estava a mata estava começando a subir no cerro fazendo um mar de chamas em volta.

-Conseguimos...nem acredito, nós conseguimos – disse Be colocando as mãos no rosto.
-Isso ai Be... – diz Nairo batendo em suas costas levemente.

Encosto minha cabeça no ombro de cha e solto um grande suspiro fechando os olhos e abrindo lentamente novamente. Mais jatos estavam passando por nós, e logo tremi no momento em que as bombas começaram as explodir. O piloto estava se comunicando com os oficiais através do radio, dizendo que havia nos encontrado. O cara do radio tinha uma voz rouca e no mesmo instante ele disse.

-Traga eles para nossa base...precisamos fazer exames neles, para saber se não estão contaminados – disse a voz no radio.
-Entendido... – disse o piloto desligando o radio. Ele lentamente olha de canto para trás e me encara com uma expressão que me fez engolir seco.

Levanto a cabeça do ombro de Cha e o encaro no mesmo instante. O piloto agora estava virado totalmente para mim e o outro estava reto olhando fixamente para frente. O piloto ainda tornava a me encarar, sua expressão estava mudando, ele começava a babar e começou a ficar com os olhos brancos, parecia que estavam revirados.
Nesse momento ele solta o grito que eu ouvira todos os últimos dias. O seu companheiro não fez nada, seguiu pilotando como se nada estivesse acontecendo, então ele avançou na minha direção tentando me morder.

-Edward... – disse Cha me acordando. Levanto a cabeça de seu ombro e respiro fundo me encostando novamente nele – Tudo bem? – pergunto ela.
-Tudo...agora ta tudo bem Cha – respiro antes de dize uma palavra que pensei que nunca fosse dizer- ‘‘Acabou’’...




The End?

sábado, 22 de maio de 2010

24º Esperem por nós!


-Cara obrigado por tudo, por ajudar a encontrar meu irmão, nunca vou esquecer o que você fez por mim...
-Podes crer cara, agora vai, não gosto de despedidas demoradas...apresem-se!
-Obrigado por tudo Rafael...- Agradeço.

Fomos ate a cabana para pegar as coisas que haviam ficado lá, então seguindo para a trilha o silencio invadiu novamente, e inesperadamente ouvimos o Adeus de Rafael...a ultima bala!

Seguindo pela trilha que Rafael nos explicou, ninguém falava nada, o único som que era ouvido era dos grilos na mata no cair da noite. A noite se aproximava mais e mais, estava começando a ficar difícil de enxergar a trilha.

-Olhem aquilo! – Diz Be.
-Entendo...aquilo deve ser a luz da antena do Rádio de Palomas, por ela podemos nos guiar ate chegarmos lá. – diz Alexandre.
-Vamos caminhar mais rápido, só temos mais 1 hora e meia. – lembro.
-Sim vamos... – Concorda ele muito confiante.

Alexandre estava determinado a chegar lá de qualquer jeito, sua aparência estava um pouco diferente e ele não aparentava estar cansado, ao contrario, ele transmitia um ar de determinação e coragem e eu sempre admirei isso no meu irmão. Ele sempre tenta transmitir uma aparência de quem leva tudo a serio, mas na verdade ele tem um grande coração mole que adora uma brincadeira, mas nesses últimos dias a brincadeira esta deixando de ser uma coisa que sempre era vista por nós.

Nossa família nunca foi muito grande, não lembro de ter muitos parentes fora da cidade, aqui só morava meus pais e meu irmão, e uma tia distante que apenas nós visitávamos no verão. Mas com o a morte dos meus pais, não tivemos mais contatos, meus avós morreram antes mesmo de eu nascer e Alexandre foi o único a conhecê-los.

-Esta muito quieto vocês não acham? – pergunta Nairo.
-Tem razão...mas é bom que siga assim, pois não podemos perder tempo – Diz Be, ele para e sente um cheiro estranho –que cheiro de queimado é esse?
-Talvez seja das arvores que pegaram fogo quando o carro explodiu – comento apertando os lábios e olhando para baixo.
-Isso pode ser um problema se não chegarmos lá de uma vez – comenta Alexandre.
-É verdade...– Concordo.

Vejo que Cha estava caminhando ao meu lado e em um silencio profundo, ela só olhava para frente ou para os lados observando calmamente tudo que estava ao seu redor. Sua expressão aparentava muito cansaço tanto no corpo mas como também na mente, ela não agüentava mais assim como todos nós.

Olho sem perceber que Be também não estava nas melhores condições, mas mesmo assim ele não pedia para um descanso, uma gota de suor escorre pelo lado em seu rosto que o faz passar o pulso rapidamente. Eu sentia meus olhos fechando-se pouco a pouco e novamente abrindo-se, sem duvida estávamos todos cansados de toda essa adrenalina que estava em nós a dias.

No meio do silencio que estava ali entre nós, começo a pensar no que aconteceria depois que sairmos da cidade o que cada um iria fazer, será que eu ainda vou poder ir para uma faculdade, conseguir um emprego, ter uma casa e uma família? Tudo dependia em chegar em um só lugar, e esse lugar iria decidir o nosso amanha.

Olhando para o chão úmido e pastoso, reparo que minha visão estava um pouco embasada e vejo também a sujeira de minhas roupas, estavam imundas. Precisaria de um banho bem demorado. Minha calça já estava rasgada no joelho esquerdo formando uma boca com o corte, na minha coxa direita havia outro corte, não muito grande mas era notável.

Reparo que Alexandre estava usando a camiseta preta e listrada com branco com um tribal em forma de dragão no peito, que eu havia dado a ele no ultimo natal.

Sua Mão estava firme ao machado que era de Marcelo, parecia que estava pronto para atacar alguém ou para se defender. Vejo Nairo retirando seu boné deixando cair uma pequena franja em seus olhos, nunca imaginei como seria seu cabelo sem aquele boné laranja com preto. Ele coloca o cabelo para trás com o pé de cabra em baixo dos braços, depois colocando novamente o boné. Não sei como Nairo conseguia caminhar em pleno mato de chortes, eu nunca gostei muito e quando usava era apenas no verão, e ainda sim sempre dava um jeito de usar uma calça jeans em pleno calor.

Um barulho chamo a atenção de todos nós, Alexandre parou na minha frente fazendo eu bater meu rosto nas suas costas e voltar, então o barulho começo a ficar mais intenso, não dava para ver muita coisa a nossa frente, somente a trilha que nós estávamos seguindo.

-O que deve ser? – pergunta Nairo com a voz rouca e baixa.
-Acho melhor não ficarmos aqui para descobrir – diz Be com os olhos bem abertos e empunhando seu machado.
-Tem razão vamos embora – diz Alexandre virando-me para a frente pelo ombro.
-Ai Meu Deus...o que é aquilo? – diz Cha colocando a mão na boca para não gritar.

Vimos os arbustos e arvores de mexerem rapidamente como se alguma coisa enorme estivesse a caminho da gente, seja o que for estava muito rápido e era grande. O barulho começava a aumentar cada vez mais, o suspense e o pânico estavam subindo cada vez mais, cada barulho que essa coisa fazia arrepiava os pelos do meu braço.

-Vamos...Vamos...vamos embora! – grita Alexandre virando de ombros eu e Charlene.
-Droga – diz Nairo apertando os Lábios.

Começamos nossa corrida para o nada, a trilha era nossa única guia, não timos lanternas e nem nada que ajuda-se com a iluminação. O barulho estava se aproximando cada vez mais ou seja lá o que era, mas estava chegando perto. E onde estava a curva que Rafael disse que éramos para ir? Ate agora só corríamos reto. O muro verde que passava por nós quando corríamos era enorme e nunca terminava, ate que Cha estava começando a ficar para trás pois estava exausta.

-Vamos Cha – pego de sua mão para continuar mas acabamos tendo um imprevisto.
-Não agüento mais... – dizia ele com o coração quase nas mãos.


Alexandre e os outros estavam poucos passos a nossa frente, Nairo olhava para trás para ver como agente estava mas não estávamos melhor que eles. Por um mero descuido Cha acaba pisando em um buraco falso que faz eu e ela cair em um buraco deslizando por um barranco enorme.

-EDWARD...CHARLENE... – Grita Alexandre...
-Vamos embora...eles conseguem nos alcançar, vamos- dizia a Voz de Be.

Resvalando no barranco enorme, sentia as folhas secas batendo no meu rosto junto com pastos e plantas. Sentia a Mão de cha segurada em minha perna, mas com um calombo que havia nele fez eu levanta e começar a girar barranco a baixo. E com isso Cha solto minha perna e deslizo rapidamente de costas ate o chão, quando desci completamente o barranco, acabei batendo com a cabeça na arvore em frente.

-Edward... – dizia ela se arrastando ate mim.
-Ahh... essa doeu...que droga! – minha cabeça fazia giros e giros, não foi muito forte a pancada mas fez eu ver passarinhos em cima de mim.
-Ei...você esta bem?- Cha chegou me colocando de joelhos e passando as mãos lentamente em meu rosto.
-Cha...eu só...Bati a cabeça nessa droga de arvore...mas não doeu muito– menti.
-Vamos levanta...acabamos nos perdendo do seu irmão e dos outros, temos que alcançar eles. – A voz de Cha era rouca e estava ficando falhada.
-É...vamos! – concordei tocando levemente no lugar onde eu havia batido e para o meu azar, fico um galo.
-Desculpa por ter te puxado...eu só achei que segurando em você, eu não cairia – dizia ela soltando uma risadinha de leve.
-Não, não é culpa sua...o que era aquela coisa que estava atrás da gente? – pergunto levantando do chão e dando os primeiros passos.
-Não tenho idéia...e pelo visto ela paro de nos seguir – Cha estava me segurando pela cintura e meu braço por cima de seu ombro.
-Os guris e meu irmão devem estar em perigo Cha...vamos!

Começamos a caminhar em direção do nada, subir novamente o barranco era impossível pois alem de não enxergar nada era muito inclinado ainda mais para nós que estávamos na ultima de cansados. Caminhando mato a dentro abrimos uma trilha passando por baixo de arbustos espinhosos, galhos secos que quebrávamos com facilidade.

Sem fala no barulho de folhas secas que estalavam em baixo de nossos pés. O que não deixava a ver silencio por ali, depois de alguns minutos encontramos uma pequena ponte de madeira para atravessar um açude minúsculo que havia no meio da mata.

-Preciso beber um pouco dessa água... – caminho ate a borda do açude para beber, no momento em que agacho e estico os braços para pegar um pouco da água, escuto os passos de Cha atrás de mim.
-Espera...olha aquilo – Charlene segura minha Mão me impedindo de sequer coloca a Mão na água.
- O que foi? – pergunto olhando de canto para cima e vejo ela apontando com o dedo para o lado.

Essa foi por pouco, havia quatro cadáveres açude acima presos em um tronco de arvore. Não havia reparado direito por causa da escuridão que estava, mas a água estava em um tom avermelhado, em outras palavras estava infectada. Logo mais adiante depois da ponte havia mais corpos e eles estavam dilacerados no peito, esparramando suas tripas pela água manchando ainda mais seu tom avermelhado.

-Nossa... – trinco os dentes caindo para trás sentado.
-Pois é...você vai ter que agüenta a cede maninho – dizia Cha me ajudando a levantar do chão úmido e arenoso.
-Bom então, vamos seguir...olha ali tem uma trilha que sobe, vamos ter que seguir por ela. – levanto apontando com o dedo logo em frente a uma trilha.
-Eu sei que já ta chato de dizer isso mas, não temos muito tempo então... – dizia ela.
-Mas é sempre bom ter alguém para nos avisar do... - fui interrompido por uma figura que saiu da água rapidamente se atirando contra agente.

Havia um deles deitado que levanto rapidamente espalhando água para todo o lado, ele era um homem com aparência de quarenta anos, estava usando um macacão jeans com uma alça arrebentada, com uma barba longa que cobria parte de seu rosto, ele tinha uma perna que estava totalmente com as carnes para fora e uma enorme mordida no braço esquerdo. Ele parecia um dos lenhadores que trabalham em uma cabana aqui perto que vendem toras de madeira.

-Cuidado Cha... – empurro Charlene na hora em que ele vinha na sua direção.

Com um empurrão eu caio de costas no chão deixando-o em cima de mim, noto que o facão estava no chão perto da água na hora que eu havia me abaixado. Fecho os olhos e minha boca para não correr o risco de um pingo de água infectada ou de seu sangue pegar em mim, afastando seu peito com meus braços curtos mas o cara era muito forte.

Viro meu rosto para o lado sentindo sua boca batendo os dentes inúmeras vezes tentando me morder, depois de alguns segundos de sofrimento sinto um alivio nos braços, o barulho dos dentes trincando havia parado, foi ai em que eu vejo, Cha havia cravado o facão em seu crânio e retirado no mesmo momento.

Com um chute na barriga ele volta a mergulhar na água vermelha do açude. Ainda sem abrir os olhos limpo meu rosto com a manga da camiseta que estava repuxada ate o cotovelo, abrindo os olhos vejo Cha com a Mão estendida para me ajudar a levantar.

-Obrigado...de novo – retribui com um meio sorriso.
-Vamos...perdemos muito tempo aqui – disse Cha determinada a seguir em frente.

A noite havia caído, deveria ser 20h50min já, e meu aniversario já estava finalmente acabando, o pior aniversario da minha vida. Mancando pela mata seguimos pela trilha encontrada, ela começo a subir lentamente, cada vez mais reparamos que estávamos subindo, e a trilha estava ficando cada vez mais apertada, as folhas das arvores batiam em nossos ombros, então fomos obrigados a andar um atrás do outro.

-Acha que estamos perto? – pergunto Cha segurando a ponta da minha camiseta.
-Não sei...agora que saímos da trilha, vai ser mais difícil da gente encontrar o caminho certo cha... – eu nem se quer olhei para trás, apenas seguia a pequena trilha que estava aos poucos desaparecendo com o cair da noite.
-Tomara que seu irmão, Be e Nairo tenham conseguido encontrar o caminho certo... – sua voz estava baixa e com um tom de tristeza.
-Tenho certeza que eles já devem estar lá cha, tenha calma.

O Cheiro de queimado estava começando a invadir novamente, já dava para enxergar uma pequena nuvem de fumaça na nossa volta. O fogo estava se espalhando mais rápido e ao que parecia estava começando a chegar ate nós. Bem longe dava para ver o fogo se aproximando da gente, como uma onda de fogo que estava tentando cobrir tudo. Começamos a aumentar a velocidade, as folhas dos galhos batiam e rebatiam no meu rosto, mesmo eu tentando desviar eram muitas, a trilha estava começando a acabar e no final dela encontramos 2 barracas destruídas, estávamos em um pequeno acampamento de pescadores da região.

-Que horror... – dizia Cha colocando a mão na boca.
-Uma coisa que temos visto muito ultimamente – comento andando lentamente pelo meio das barracas destruídas.

Havia peixes ainda nos espetos perto de uma fogueira apagada, perto de um corpo de um homem que estava ali, vejo uma coisa presa na sua mão. Era algo com uma cor prateada com detalhes dourados, me aproximo com cuidado dele, mecho em sua Mão e era uma Adaga muito bonita.

-Olha só pra isso...acho que ele não vai precisar disso mais – retiro a Adaga de sua mão e a limpo na camiseta retirando o sangue que havia nela.
-Que linda... – disse Cha se aproximando ao meu lado.
-É...fique com ela Cha., vai precisar – Charlene a pega e a prende junto a cintura.
-Ta Obrigada...vamos embora – disse ela.
-É vamos...espera, olha cha.

Avistamos a Antena novamente do cerro, ela era enorme e dava seu sinal vermelho piscando inúmeras vezes, agora tínhamos certeza que estávamos indo pelo caminho certo. Começamos a andar mais depressa por uma trilha que havia logo atrás das barracas, a fumaça estava começando a dificultar nossa respiração, meus olhos já estavam começando a ficar vermelhos e cheios de água, nunca pensei que o fogo seria outro obstáculo para nós.

-Olha Edward...ali em frente! – aponto cha com o dedo logo atrás de mim.

Havia dois caminhos a tomar, o primeiro que era mais outra trila para o lado esquerdo, e o segundo que havia duas tochas logo na entrada apagadas pressas em ambas arvores de frente para a outra.

-Vamos pela direita... – meio obvio essa decisão.

Continuando rapidamente pela trilha, encontramos na total escuridão uma grande porteira de metal, me aproximo lentamente dela mas não chego a tocá-la. Olho um pouco mais adiante e vejo que dava para avistar o cerro, pelo menos uma parte dele, era enorme e em cima dele havia duas casas grande.

-La esta o cerro...estamos perto! – comento.
-E o que nós estamos esperando? Vamos lá...
-Não cha espera!- Charlene me bate com o ombro passando por mim, tento impedi-la de atravessar mas era tarde de mais.

O portão estava ativado ainda com o sistema de segurança elétrico, eu sabia que avia esse sistema pois meu irmão me conto quando ele veio tenta trabalhar na fabrica de Vinho aqui perto ‘‘ ALMADEN’’. Ele disse sobre a porteira elétrica, e que quase levou um tremendo choque.
O choque foi tão forte que arremesso Cha pra cima de mim, ela fico inconsciente e parecia não estar respirando e sua boca ficou rocha.

-Cha...Cha...ta me ouvindo? Cha...por favor Cha acorda! – coloquei minha mochila em baixo de sua cabeça para acomodá-la. Ela não respirava e estava ficando gelada.
-CHAAA...

sexta-feira, 7 de maio de 2010

23º Revelações X Reecontro.

-Quem é aquele maluco? – pergunta Be.
-Não sei mas parece que ele sabe pra onde nos levar, vamos! – Be me ajuda a carregar Charlene pela mata nos ombros.
-Rápido- diz ele.
-Espera...vai indo com a Cha...
-Espera onde você vai? – grita Be.
-Vou ganhar tempo pra gente, eu alcanço vocês, vão indo! – digo.

Corro na direção do nosso carro que estava contra a árvore, espero atrás de uma árvore grande eles se aproximarem do veiculo. No momento que eles se aproximam, retiro a arma da minha perna e miro contra o tanque de gasolina do carro. Quando uns 10 deles chegaram perto disparei a primeira vez mas errei, então disparei a segunda que acerto em cheio no tanque e fez o carro ir pelos ares.

Encosto-me na arvore colocando a Mão nos ouvidos, a pressão da explosão foi enorme, como eu via isso só em filmes de ação carros explodindo não fazia idéia de que a explosão fosse tão forte assim.

Olho de canto por trás da árvore e vejo muitos corpos pegando fogo no chão, muitos deles foram espedaçados pela mata. Mas teve uma conseqüência, o fogo estava se alastrando pelas folhas secas da mata, não era seguro continuarmos por aqui.

Levanto lentamente colocando a arma na perna, caminho na direção onde meus amigos foram seguindo por aquele cara estranho. Uma enorme fumaça se espalhava pelo céu combinando com a cor que estava o por do sol.

Caminhava rapidamente sem saber direito onde estava indo, a noite se aproximava mais e mais, o manto negro e frio da noite estava começando a cobrir a cidade, e as chances de sobreviver a isso eram mínimas.

-Ei...onde vocês estão? Be? Marcelo? Cadê vocês?

Minha visão estava ficando embasada, eu quase não sentia mais minhas pernas, será que eu fui mordido ou arranhado e não me dei conta? Minhas Mãos tremulas me sugaram as forças, eu estava diminuindo o passo, cada vez mais eu estava ficando mais lento.

-Não...o meu corpo esta adormecendo...não consigo enxergar com clareza...o que esta havendo?

Perco completamente as forças e acabo caindo de peito no chão. O que houve comigo? Será que eu fui infectado? Eu nunca senti nada parecido, meu machucado da perna começou a doer novamente impedindo mais ainda de eu levantar.

Ouso um barulho de alguém se aproximando, olho lentamente por cima e vejo a sombra de alguém correndo na minha direção. Se for um deles eu já era, pelo menos Cha e os outros podem conseguir escapar ainda, eu já não sentia o corpo direito, não havia jeito de eu me defender contra ele.

Fecho os olhos e me preparo para a morte certa. Mas esse alguém me puxo pelo braço me levantando e colocando meu braço por cima de seu ombro. Ele estava falando alguma coisa, mas eu não entendia nada, minha audição estava fraca. Mas por algum minuto eu ouvi um pouco do que ele estava dizendo.

-Por que você fico pra trás? O que você Fez pra fica desse jeito?

Ele me carregava rapidamente, não parecia ser o Marcelo, nem o Be e nem o Nairo. Não era ninguém que eu conhecia, mas eu estava feliz por não ser um deles, eu mal conseguia mexer os pés para caminhar.

Mas ele me carregava assim mesmo, vejo um pequeno foco de luz no meu rosto fazendo eu abrir lentamente meu olho. Vejo sombras de pessoas me ajudando a entrar em uma pequena cabana, dentro dela eu apago de vez.

-Será que ele esta bem?
-Ele ta muito pálido não ta?
-Pálido? Ele já perdeu muito sangue nesses últimos dias, você queria que ele fica-se como?
-Sem fala que não tem se alimentado direito, pra fala a verdade nenhum de nós.
-Cha? Be? São vocês? – minha voz estava baixinha e roca.
-Ele acordo...seja bem vindo maninho – diz Cha apertando minha mão.
-Deu o maior susto na gente Edward, achamos que tínhamos te perdido cara – Diz Be.
-Como se sente? – pergunta a voz do cara estranho.

Levanto calmamente do sofá ficando encostado na borda junto de um travesseiro fofinho. Olho para ele e vejo que era apenas um cara como nós, tinha cabelos castanhos, vestia um abrigo azul marinho, tênis vermelho e um moletom verde escuro, ele aparentava ter entre 17 ou 18 anos.

-Um pouco, minha cabeça ta doendo bastante...foi você que me ajudou lá fora não foi? Qual é o seu nome? – pergunto.
-Meu nome é Rafael, mas na verdade nao fui eu... – Rafael começa a falar mas é interrompido por outra pessoa, cuja a voz eu reconheci no mesmo momento.
-Não, fui eu Edward... – essa voz, era mais do que familiar, era a voz na qual eu escutava todas as manhas no café antes de ir pra escola.
-Alexandre? –Eu não conseguia acredita no que meus olhos estavam vendo, mas era ele mesmo, meu irmão estava parado bem na minha frente de braços abertos.
-Não vai me da um abraço irmão? – diz ele com os olhos cheios de lagrimas.

Levanto rapidamente com a ajuda de Charlene, sem me importar com a dor que eu ainda estava no corpo, abraço meu irmão fortemente. Depois de todos esses dias eu finalmente encontro meu irmão mais velho, que sempre cuido de mim como um pai.



Acho que todos os momentos e situações que eu passei e enfrentei se resumia nesse momento, eu conseguia escutar os batimentos de seu coração bem no meu ouvido que estava contra seu peito. Meu irmão estava na minha frente, não dava para acreditar, será um sonho? Não é real demais.

-Mas...como você conseguiu chegar ate aqui? – pergunto limpando os olhos cheios de lagrimas.
-Bom, o ônibus que estava acabo virando por que dentro dele havia uma pessoa que estava doente, criando o acidente. – Ele senta na cadeira na minha frente e eu torno a sentar no sofá para ouvir a historia dele.
-E onde foi isso? – pergunto.
-Foi há alguns quilômetros daqui...eu fui o único sobrevivente, havia outro mas não resistiu...Bom depois que consegui sair do veiculo eu resolvi voltar a cidade para tentar te encontrar, mas tive alguns problemas no caminho – diz ele baixando a cabeça.
-Entendi...
-O Alexandre só dizia que tinha que encontrar o irmão dele, que você não saberia se cuidar sozinho – diz Rafael cruzando os braços e se encostando na parede.
-Foi ai que eu encontrei Rafael, nós juntos procuramos você Edward, mas depois de muita procura atrás de você vimos que já não adiantava mais ficar na cidade, achamos que você poderia ter conseguido sobreviver, então resolvemos sair dela.
-Mas era tarde de mais, ela já estava em Quarentena e os militares já estavam longe para nós alcançarmos, daí então resolvemos ficar por aqui e espera uns dias – termina Rafael.
-Receio que não vão poder esperar tanto – diz Nairo sentado na cadeira de garrafas ali atrás.
-Como assim? – pergunta Rafael.
-Nós temos ate 21:30 pra sair daqui, o governo preparo uma bomba de gás para matar tudo que há de vivo nessa cidade – explico resumidamente.
-Tem certeza Edward? – pergunta Alexandre.
-Sim eu ouvi no rádio da policia...
-E você não tento pedir ajuda por ele? – pergunta Rafael.
-Não era só uma gravação, e não teria ninguém lá, ao menos se tivéssemos um rádio agora – comento.
-Tem um rádio em Palomas, talvez de lá possamos pedir ajuda – diz Rafael.
-Palomas? – pergunta Nairo.
-É um morro que tem aqui perto, meu pai trabalhava na rádio que tem lá, e ele tinha sempre um rádio para pedir ajuda quando faltava luz – explica Rafael dando sua idéia.

Acho que agora as esperanças voltaram, se conseguíssemos chegar ate lá eles nos avistariam e conseguiríamos sair de vez daqui. Olho por um instante para lado e vejo Patrícia colocando a Mão no rosto, ela começa a ter um ataque de tose então vou ate ela enquanto todos continuavam conversando.

-Pati? Você esta bem? Olha pra mim – levanto seu queixo com a Mão direita.
-To, eu só to um pouco enjoada nada de mais. – diz ela.
-Sei...pati olha se você estiver mal é só me dizer.
-Ta eu só preciso fica um pouco sozinha, vou toma um pouco de ar aqui fora – diz ela levantando da cadeira e saindo da cabana limpando o rosto.
-O que foi que deu nela cara? – pergunta Be.
-Ela ta um pouco enjoada só isso – explico voltando a me sentar no sofá.
-Hum, estranho – comenta Be
-Bom não temos muito tempo, vamos sair daqui imediatamente – diz Nairo muito determinado.
-Por que o Marcelo ta tão quieto? – pergunta Cha.
-Milagre que não viessem me encher o saco...- Marcelo levanta da cadeira batendo boca vai em direção a porta.
-O que foi cara? O que você tem? – pergunto.
-CUIDA DA SUA VIDA EWARD! – Diz ele enfurecido saindo da cabana batendo a porta bruscamente.
-O que foi que deu nele? – pergunta Cha.
-Não sei...mas tem algo de errado – comento.

Dez de que nos encontramos Marcelo tem agido estranhamente comigo, não sei o que esta acontecendo com ele. Antes disso acontecer ele era engraçado e gentil com as pessoas, agora ele ta fechado e emburrado com o mundo. Mas eu não o culpo a família dele também não ajudava, o pai dele chegava em casa sempre bêbado e quase sempre batia nele, sua mãe só se importava com ela mesma nem si quer se importava com o filho que era espancado pelo pai.




Depois que começou a andar comigo, eu e Cha passamos a ser sua nova família. Mas eu não consigo compreender o por que desse comportamento dele, existem coisas que eu devo perguntar a ele, mas tenho medo que essa raiva dele possa provocar algo muito grave e prejudicar a todos eles.

Quinze minutos se passaram dez de que eles saíram, algo estava me deixando inquieto. Levanto e vou lá fora para ver se estava tudo bem com Patrícia e Marcelo, chegando lá nenhum estava por perto me deixando ainda mais inquieto, caminho ate o lado da casa e começo a escutar duas vozes conversando, pareciam estar brigando. Então vou seguindo o barulho lentamente sem que eles nota-se minha presença, olhando de canto nos fundos da casa vejo Marcelo e Patrícia conversando, ela estava contra a parede da casa chorando, corro o olho para o lado e vejo que ela esta amarrada pela perna em um cano enferrujado.

-Quando tu pretendia contar isso para eles? Esperava acontecer pra poder atacar os outros...pois pode dizer adeus por que você não vai passar daqui mais... – Marcelo falava com ela em um tom de voz agressivo que eu nunca tinha visto.
-Por favor Marcelo, eu tava com muito medo do que poderia acontecer comigo, eu ia contar mas...- diz patrícia chorando.
-Cala boca, vai ser melhor que você morra agora do que o Edward e os outros saibam a verdade...pode dando Adeusinho – Marcelo levanta o machado que estava na sua Mão, pronto para matar ela.

Corro sem pensar duas vezes na direção dele, com um empurrão Marcelo cai para trás sem largar o machado, olho bem nos olhos deles sem fala nada apenas começo a sentir um ódio profundo pelo o que estava fazendo.

-Você ta maluco? O que te deu na cabeça? – pergunto ajudando Patrícia a levantar.
-Ela ta infectada, eu só ia poupa o trabalho dela conseguir infecta mais algum de nós – diz ele levantando e ainda empunhando o machado.
-O que houve com você cara? Você não era assim? O que fez você mudar tanto?
-Muda? Do que esta falando eu sempre fui assim e você sabe melhor do que ninguém! – diz ele aumentando a voz.
-Não Marcelo, eu conheço você a mais de ano e você nunca foi desse jeito, o que foi que aconteceu cara?
-Cara como você é chato, durante todo esse tempo eu te ajudei, te protegi, sempre te apoiando e agora você vem me empurrando só por que eu ia tira esse problema do nosso caminho? Você que esta mudando Edward...
-Cara olha só o que você esta falando? Esse problema? Ela é uma pessoa como nós...
-Ela não vai ser mais daqui a alguns minutos... – diz ele apontando com o machado para Patrícia.

Por um momento eu olho para ela e vejo que seu braço estava com uma cor roxa e escura, em baixo da munhequeira estava infeccionado e parecia mesmo uma mordida, isso me fez refletir em uma coisa.

-Marcelo agora querendo ou não tu vai me conta o que aconteceu naquele dia no super mercado...o que vocês fizeram com a Emily? – pergunto sem ao menos olha no rosto dele.
-Emily? Ah você fala daquela baixinha insuportável que você fazia de tudo para proteger mas no final parece que ela se torno mais uma de suas vitimas – diz ele soltando um leve riso.
-Foi você não foi? Por sua causa ela fico daquele jeito me obrigando a fazer o que eu fiz. – falo olhando desta vez direto no olho dele.
-Eu? Que isso eu não fiz nada, que fez foi a sua melhor amiga que você chama de Irmã, pois é Edward, foi a Charlene quem fez aquilo com a Emily.
-Eu não acredito em você!
-Mas deveria, Charlene estava morrendo de ciúmes por que você não dava a maior atenção pra ela, então ela decidiu eliminar a pirralha – Marcelo fazia a volta por trás de mim com o machado nas costas.
-Não a Cha jamais faria isso...você esta mentindo!
-Então por que não pergunta para ela? Não é Charlene pode sair daí, eu sei que você esta ouvindo. – Grita Marcelo olhando por trás de mim.

Olho lentamente para trás de vejo Cha saindo do lado da casa e vindo na nossa direção com uma cara de culpada. Não podia acredita que o que ele disse seja verdade, mas pela expressão que ela transmitia fez eu ter duvidas sobre ela. Ate por que depois que saímos ela não toco no assunto e nem ele, será por que estava com medo ou por que não queria mesmo que eu soubesse de toda a verdade?Ela se aproxima e fica ao lado de Marcelo olhando para mim com os olhos cheios de Lagrimas.

-Cha...é verdade isso? Você que fez aquilo com a Emily? – meus olhos estavam começando a se encher de raiva.
-Responde Charlene, diz a ele a verdade... – dizia Marcelo olhando para ela.
-Fui...fui eu! – no momento em que ela falou aquilo uma lagrima escorreu do seu rosto.

Não podia ser verdade, a Cha não faria mal a ninguém principalmente a uma criança que não fez nada a ela. Ela ajudou a Emily quando ela fico sem ar, ela a ajudou em muitas dificuldades como pode ter sido, naquele momento eu desconheci completamente ela. Eu simplesmente olhei para o lado e minha franja lentamente tapo meu olho esquerdo escondendo a tristeza e a decepção que eu sentia por ela.

-Pois é, deixa que eu conto agora como foi...depois que você caiu do tubo de ar, Emily fico desesperada por queria muito te ver de novo, ela dizia que você era o irmão que ela nunca teve, mas nós conseguimos tranqüilizá-la dizendo que você estava bem e bla bla, antes de sair do tubo nós ouvimos a sua voz dizendo que estava bem e tal, isso ajudo aquela pirralha fechar o bico. Chegando ao deposito do mercado lá havia dois infectados eu dei conta deles mas por acidente escorreu sangue no rosto de Emily no momento em que eu estava matando um deles, ela começo a chorar e acabo chamando a atenção de mais deles, Charlene que estava de saco cheio de aturar aquela menina, então ela a trancou dentro do armário...o resto você já sabe pegamos você mais tarde com aquele Nairo e fomos embora. – termina ele limpando o suor na testa.

-Me diz uma coisa Marcelo, não te machuca em pensar no que vocês fizeram? – pergunto.
-Fizeram não, ela fez? Eu não fiz nada, eu ainda disse ‘‘O Edward não vai gosta disso’’, mas ela nem atenção me deu, não é Cha? – pergunta ele.
-Não eu... – começa ela mas é interrompida por Marcelo novamente.
-Não tem desculpa Charlene, você fez uma coisa muito errada só espero que seu maninho do coração te perdoe né...mas acho que isso não vai ser possível...então Edward você encontro a verdadeira culpada pela morte da sua queria Emily, faça ela pagar...toma –Marcelo estende a mão e me entrega o seu machado.
-Tem razão Marcelo, desculpa Cha...
-Edward... – diz ela.
-Vamos... – diz Marcelo logo atrás de mim.

Pego o Machado e levanto na direção de Cha, mas algo na minha mente dizia que o certo não era fazer isso, e mesmo assim eu não conseguiria fazer mal algum a ela. Então por um momento passa pela minha cabeça quando Marcelo disse pela primeira vez que não valia mais a pena proteger ou ajudar a Emily, quando ela teve aquele ataque de asma Marcelo foi o único a dizer que eu deveria esquecer dela e seguir com eles, mas a Cha por outro lado me ajudou a salva-la, como poderia a Cha ter matado uma pessoa que na qual ela salvo uma vez e ainda uma criança.

No momento em que levanto o machado eu viro para bater contra ele, mas ele segura o machado com as duas mãos e me joga para trás pegando o Machado de mim novamente.

-Como você é fraco Edward...mas não se preocupe vou fazer esse trabalho para você! – ele levanta e vai na direção de Cha para matá-la, mas eu dou uma rasteira nela que a faz cair de costas no chão batendo a cabeça ficando inconsciente.

Ele erra com o machado e vem novamente para cima da gente, pego um pedaço de tronco de lenha que havia do meu lado e bato na sua barriga e outro no seu queixo.

-Nada mal Edward...gostei de ver, não precisa mais da minha ajuda pra te proteger na escola – diz ele limpando o corte no queixo que estava sangrando.
-Nunca precisei...

Ele vem novamente lançando o machado contra o meu rosto mas eu bloqueio colocando a madeira na frente, o machado crava e no mesmo momento ele puxa me deixando desarmado. Tento retirar minha pistola mas não estava ali, Alexandre deve ter retirado na hora em que me ajudo junto com meu facão que também não estava ali.

No momento em que ele retira o pedaço de madeira que eu estava na Mão, ele me bate com o cabo do machado na boca fazendo eu ir com o corpo para o lado. Ficando de costas para ele, com um chute ele me empurra fazendo eu cair de joelhos no chão, noto que ele esta bem atrás de mim pronto para me dar o golpe final, então eu agarro sua perna e o puxo para baixo fazendo-o cair junto comigo.




Levanto rapidamente e fico em cima dele bloqueando seus braços com meus joelhos, socando seu rosto sem parar descarregando toda minha raiva nele, mas sem eu ver ele pega o machado novamente e me bate na cabeça fazendo eu ficar tonto e acabo indo para trás com um chute no peito que ele me acerta.

-Tenho que admitir que você briga muito bem...por que você me pedia ajuda então quando queriam te bater na escola? – diz ele.
-Eu nunca te...pedi ajuda...você que se intrometia...e eu deixava por que achava que éramos amigos seu babaca!
-E você achou certo...acha mesmo que eu gostava de ser seu amigo? Eu sempre detestei você, você esta longe de ser meu amigo Edward...se eu te ajudava era por que eu tinha pena de você e fazia questão de ver você me pedindo ajuda! – Marcelo dizia aquelas palavras com muita certeza do que estava falando.
-Eu sempre tinha minhas duvidas sobre você cara, sempre achei que você tinha algo que escondia de todos, mas não quis acreditar nisso agora parece que eu estava certo sobre você – levanto do chão e fico em pé na sua frente novamente.
-Você não sabe nada sobre mim! – diz ele fechando o punho.
-Á eu sei...você é um cara que cresceu sem saber o que amor de Pai e de Mãe, por que seus pais te odiavam, você esta longe de saber o que uma Amizade de verdade, ou ter uma família que gosta de você!
-Cala boca... – grita ele.

Marcelo vem correndo com o machado contra mim novamente, no momento ele vem com o machado passa de raspão no meu braço me cortando na hora em que eu desvio. Dessa vez ele vinha com mais raiva e estava disposto a acabar comigo, olho para o lado numa fração de segundo e vejo patrícia desmaiada mas logo já volto a minha atenção para ele.

Eu consigo pegar o pedaço de madeira que ele havia tirado de mim, mas ele já estava perto de mim já me atacando, desvio e o empurro contra o a parede da cabana fazendo o maior barulho nela. Mas ele me empurra fazendo e cair novamente ao chão, Marcelo fica em cima de mim me socando o rosto bloqueando meus braços com seus joelhos da mesma forma que eu fiz com ele.

-Isso termina aqui Edward...mas não se preocupe que logo a Charlene vai ta com você lá em cima!
-Vai pro...inferno!

Pra minha sorte Charlene surgiu por trás de Marcelo retirando minha arma de seu bolso ela atira no seu peito sem pensar duas vezes. Marcelo recebe apenas 1 tiro no coração e derruba o machado, perdendo as forças e finalmente morrendo ele cai pro lado.

Alexandre e os outros escutaram o tiro e vieram correndo me ajudar, Cha empurra Marcelo de cima de mim e me ajuda a levantar. Olho nos olhos dela e dou um leve sorriso, ela enxuga as lagrimas e me da um abraço forte.

-Edward...só queria dize que...
-Não fala nada Cha, eu acredito em você, sei que não foi você que fez aquilo com a Emily...
-Mas igual eu tenho que falar, o Marcelo me fez jurar que eu iria botar a culpa em mim, caso contrario ele poderia matar todos nós...desculpa!
-Ta tudo bem...agora acabo! – vejo Alexandre e os outros correndo tudo armados em nossa direção.
-O que aconteceu? Edward, Charlene vocês estão bem? – pergunta Alexandre.
-Sim nós estamos– respondo.
-O que aconteceu com o Marcelo? – pergunta Be.
-É uma longa historia Be...vamos temos que...

Vejo que Rafael estava levantando a Patrícia para ver se ela estava bem, no momento em que ele a levanta, ela acorda finalmente mas cuspindo sangue pela boca.

-Rafael...sai daí, rápido!- grito para ele, mas já era tarde de mais, patrícia já havia se transformado e conseguiu morder ele no ombro.
-Droga! – diz Alexandre.
-Me ajudem...tira ela de cima de mim! – gritava ele desesperadamente.

Nairo e Be tiraram Pati de cima dele, sem a deixar morder um dos dois. Empurrando ela contra a parede ela ainda estava pressa pela corda que estava amarrada no cano enferrujado, tirando Rafael de perto dela ele senta no chão com a Mão no ombro.

-Rafael, tudo bem? – pergunta Alexandre.
-Ta mas isso dói muito...Droga!! – diz ele com uma enorme mancha de sangue no seu ombro.

Alexandre vai ate Marcelo e pega o machado do lado dele, e com um golpe a faz ficar em silencio. Eu não pude dizer nada, pois não havia outra coisa a ser feita por ela a não ser isso.

-E agora? – pergunta Nairo olhando para o céu.
-Como assim? – pergunta Alexandre.
-Ele esta infectado, e ele era o único que sabia onde fica o caminho para o tal morro de palomas, sem ele nunca chegaremos lá! – Apesar de eu nunca gostar desse novo comportamento do Nairo, ele estava certo.
-Não se preocupem, é só vocês seguirem por aquela trilha e irem somente reto, depois dobrar para a esquerda que você vão avistar o morro, e lá encontraram o rádio.
-Não podemos te deixa aqui cara – diz Alexandre.
-Mas vocês vão ter, eu já não tenho mais como continuar...não é Edward? – pergunta ele olhando diretamente para mim e cuspindo sangue pela boca.
-É...acho que não!
-Bom então se apresem, vocês não tem muito tempo...mas antes de ir, Edward poderia me deixa sua arma? Não quero dar nenhum trabalho para vocês! – diz ele dando um leve sorriso.
-É...claro, tem só uma bala...
-Não vou precisar mais do que isso...vão logo, estão perdendo tempo – diz ele.
-Cara obrigado por tudo, por ajudar a encontrar meu irmão, nunca vou esquecer o que você fez por mim...
-Podes crer cara, agora vai, não gosto de despedidas demoradas...apresem-se!
-Obrigado por tudo Rafael...- Agradeço.

Fomos ate a cabana para pegar as coisas que haviam ficado lá, então seguindo para a trilha o silencio invadiu novamente, e inesperadamente ouvimos o Adeus de Rafael...a ultima bala!