terça-feira, 4 de agosto de 2009

6º Reencontro X Conflito entre Amigos.

A menina levanta a cabeça lentamente, seus olhos pretos pareciam perolas negras de tão bonitos que eram pintados em volta com um tom escuro, mas estava meio borrado por estar chorando. Eu reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar.

-Cha? É você? – Nunca é tarde para se perder as esperanças.
-Edward?- Ela levanta e corre para me dar um forte abraço.
-Como... – Eu não sabia qual pergunta que eu deveria fazer primeiro, eu quase nem acreditava que ela havia conseguido chegar aqui – Como você conseguiu chegar aqui? Eu já estava perdendo as esperanças em te encontrar sabia? – A desencostei de meu peito cansado e a olhei nos olhos.
-É eu também pensei que nunca mais iria te ver... – Ela torna a me abraçar fortemente.
-É bom ver que você esta bem – Nesse momento lembro-me do motivo pelo qual eu estava aqui -Nossa esqueci a Emily... Cha me ajude aqui.
-Quem? – Pergunta ela totalmente perdida.
-A Emily é essa menina, esta respirando super mal, achamos que ela tenha Asma – Agora estávamos de joelhos ao lado de Emily no sofá que parecia estar apenas dormindo.
-Nós? Quem mais ta com você? – Pergunta Cha virando sua atenção de Emily para mim.
-Jeferson e Marcelo foram ajudar Carol enquanto eu vim ate aqui... – Seria perda de tempo explicar tudo agora – É uma longa historia, mas você sabe como ajudá-la Cha?
-Não sei é complicado, minha irmã ela tinha paradas respiratórias e eu ate conseguia fazer ela respira novamente por um jeito que o medico dela ensinou minha Tia e que me ensinou – Charlene agora parecia preocupada também com Emily, afinal ela sempre se importo com os outros, não seria surpresa ela estar assim – Há quanto tempo ela esta assim Edward?
-Tempo de mais, mas a professora de Literatura tinha Asma lembra será que ela não tem algum remédio? Eu achei a bombinha dela ajuda? – Retiro do bolso a bombinha da professora e estendo a mão para Cha.
-Ajuda, mas se ela tivesse cociente, mas espera me deixa ver uma coisa – Ela levanta e vai ate o armário da professora que estava totalmente bagunçado por minha causa, espero que ela encontre alguma coisa que ajude Emily.

-Olha Edward eu vou ver o que eu posso faze pra ajudá-la, mas você tem que ser paciente e espera ali, vá ver se a porta esta bem trancada – Agora Cha estava totalmente concentrada no que iria fazer, seja lá o que for.
-Tudo bem – Levanto e retiro um pouco da mesa da porta para eu poder passar e ir para o corredor.

No corredor novamente da secretaria vou ate a porta em que eu havia deixado a cadeira bloqueando-a, ao invés disso arrasto um pequeno sofá que havia no corredor para as pessoas que ficassem esperando no dia de alguma reunião e coloco contra a porta. Volto para a sala onde Cha e Emily estavam, vou ate a mesa e me sirvo de um pouco de café e como algumas das bolachinhas que eu havia pegado da sala dos alimentos da escola.

Depois de ter comido alguma coisa sinto o cansaço me batendo nas costas e pernas, então resolvo descansar no sofá pequeno que havia ali. Eram para estarmos no recreio agora, nos divertindo, conversando, rindo, mas parece que hoje esta sendo um dia bem diferente. O barulho dos ponteiros do relógio e o silencio que estava na sala estavam me fazendo ficar lento e mais cansado ainda. Caio no sono, volto alguns dias no tempo e vejo a escola como era antes, pessoas caminhando juntas rindo, brincando, se abraçando, vejo o grupo de torcida das meninas da escola reunidas no mastro do colégio conversando.

Os nerds lendo seus livros, os Emos escutando musicas e conversando, os Hepers fazendo uma pequena pichação no muro da escola, pois é tempos que não acredito que voltem mais. Eu estava no saguão da escola agora caminhando lentamente reparando em cada detalhe que passava ao meu redor, vejo Emily correndo e rindo com suas amigas, ela me vê e sorri acenando, retribuo o sorriso e aceno também.

-Edward... Acorda - Abro os olhos lentamente e vejo Cha sorrindo para mim, pensei que nunca mais veria um rosto desses sorrindo, mas ela nunca deixaria de sorrir mesmo que estivesse na pior situação.
-Cha? – Levanto do sofá ficando em pé, mas Cha me encosta novamente nele para descansar – O que foi?
-Calma esta tudo bem, Emily esta bem eu consegui fazer com ela respira-se normalmente, os pulmões dela estavam quase fechados Edward, por pouco não perdemos ela – Cha estava com uma expressão de alivio, sinal que ela se preocupou com Emily mesmo.
-Onde ela esta? – Olho em toda sala, então vejo seu cabelo liso e preto escorrido em uma almofada onde estava descansando no sofá ainda.
-Ela esta descansando ali, não se preocupe ela esta apenas dormindo – A voz de Charlene parecia que era a única coisa que conseguia me acalmar.
-Obrigado Cha, que bom que você conseguiu ajudar ela – Dou um sorriso torto para ela.
-É foi bem a tempo, se você tivesse demorado um pouco mais acho que ela já teria parado de respira... – Ela olha com um olhar de pena para Emily, acho que Cha agora estava com o mesmo sentimento que eu – Mas e ai, o que aconteceu com você e os guris quando saíram da aula?
-Bom tivemos um pequeno imprevisto, Jeferson caiu do mastro e bateu a cabeça ficando inconsciente, dai entramos no refeitório... –Continuei.

Conto tudo o que aconteceu para ela, dez da hora em que saímos da sala ate o momento da separação. Ela sempre foi boa de ouvidos, sempre escutava com atenção antes de fazer qualquer pergunta agora nós tínhamos que pensar em um jeito de ir ajudar eles.

-E agora o que vamos fazer? – Cha estava determinada a ajudar agora, mas eu não podia deixar ela se arrisca novamente.
-Voce não vai faze nada, eu vou ir atrás deles – Levanto do sofá esticando as pernas.
-Voce ta brincando né? Quer que eu fique aqui de braços cruzados esperando vocês voltarem sem eu fazer nada? – Ela não entenderia a preocupação que eu tinha com qualquer amigo meu, a fazer passar por mais perigos correndo o risco de morrer era uma coisa que eu deveria evitar.
-Cha eu não vou discutir com você, voce e Emily ficam aqui e eu vou atrás deles – Eu já estava me dirigindo para a porta quando ela me puxa pelo braço.
-Edward, por favor, nós somos amigos dez da 4º serie, nos consideramos praticamente irmãos, sempre ajudamos um a outro, e agora voce não quer deixar eu te ajudar? – Agora ela estava implorando para ir, mas isso não mudaria na minha decisão.
-Exato Cha, voce é como uma Irmã para mim, e como irmão mais velho eu peso que voce fique aqui com a Emily – Minha voz saiu falhada, parece que Cha não conseguia entender minha preocupação.
-Voce é muito teimoso sabia? – Sua voz ficou rígida e isso lembrou minha mãe quando ela sempre me dava uma bronca.
-Não se preocupe, eu vou voltar com eles três – Dou uma piscadela para ela seguido por um abraço apertado seu.

Charlene me acompanha ate a porta depois do corredor saindo da secretaria. Olhava pela janela e via alguns deles parados sem movimentos andando em círculos pareciam em transe, me viro e vejo a cara de preocupada de Charlene, eu queria muito que elas fossem comigo mas seria muito arriscado, e eu já coloquei a vida de uma criança em risco hoje, e não quero cometer o mesmo erro.

-Vou tenta volta por aonde eu vim com Emily, eles devem estar naquele corredor, eles não devem ter saído da sala onde estava Carol, será mais fácil de encontrar eles – Agora meu coração estava batendo novamente em ri timo acelerado, ao ver aqueles canibais novamente eu me arrepiava ate o ultimo fio de cabelo.
-Olha eu sei que discutir com você é a mesma coisa que discutir com a parede, então tome cuidado – O abraço dela sempre me ajudava nos momentos em que eu precisava, e agora era um deles, me deixava mais calmo mas nem tanto.
-Sempre tomo – Dou outra piscadela para ela – Cha preciso que voce fique atenta na hora em que chegarmos, para voce abrir a porta, por que eles podem entrar junto entendeu – Hora de falar serio.
-Ta pode deixa – Ela da um meio sorriso concordando com a idéia.

Empurro o sofá que eu havia posto na porta um pouco para o lado para passar, saindo da secretaria caminho lentamente por trás dos pilares eles estão todos de costas pra mim uma boa chance pra eu passar por eles sem ser visto, mas meu coração estava disparado e minhas pernas tremulas eles davam muito medo só de olhar pra eles.

Saio cautelosamente de trás dos pilares indo em direção ao corredor de onde eu vim com Emily, me aproximo de um pequeno muro seria melhor pular para eu poder cortar caminho, faço um pequeno impulso com as mãos e subo quando vou descer olho pra baixo e vejo um deles devorando as tripas de um menino que aparentemente tinha uns 14 anos atrás do muro.

Meus olhos ficam arregalados e meus pelos do braço sobem arrepiados ao ver aquele sangue e o peito do menino aberto quase vomitei o café que eu havia tomado a pouco, coloco a mão na boca e fecho os olhos por um instante.

Uma gota de suor desliza sobre meu rosto caindo na direção dele, a gota cai na sua nuca que o faz virar e olhar para cima gruindo me olhando. Sou descoberto uma simples gota de suor, se ele gritar vou ter que começa a correr mais uma vez, mas agora posso correr melhor.

Ele avança na minha direção e no mesmo momento acerto um chute no seu rosto que o faz cair pra trás, pulo em cima dele colocando minhas mãos na sua cabeça e a torço. Consigo manter o silencio sem atrair mais deles, então continuo calmamente já que a maioria deles está no saguão, estranho não ter nenhum deles no corredor.

Caminho mais rápido agora, mas sempre tomando cuidado com algum que apareça do nada, finalmente chego ao corredor onde nos separamos. Caminhando por ele vejo uma sala aberta com umonte deles dentro e ao que parecia estavam devorando alguém, se eles me virem será meu fim então. Arrisco em fechar a porta e trancá-los ali dentro da sala para que não me vissem.

Entro lentamente para pegar a chave que estava no lado de dentro da porta, mas por descuido acabo batendo na porta a fazendo bater na parede. Um deles nota minha presença ali e corre em direção a mim, mas felizmente consigo trancar a porta antes que mais deles viessem, eles se debatiam contra a porta branca onde era a sala da 7º serie.

Volto para meu caminho, chego perto de uma porta que não tinha muitas manchas de sangue, mas que estava fechada forço lentamente a fechadura para abrir e não fazer barulho. Abrindo a porta vejo que é arrastada uma classe que estava bloqueando a porta, dentro da sala vejo Jéferson sentado no chão no canto da parede, mas onde estava Marcelo e Carol? Sou surpreendido por um empurrão que faz eu cair de lado no chão.

-Calma sou eu – Coloco os braços no rosto para defender caso não acredita sem.
-Edward – Disse Marcelo baixando a guarda me ajudando a levantar – Foi mal pensei que fosse um deles.
-Vocês estão bem? Por que não foram para secretaria fiquei esperando vocês lá - Eu estava em pé tentando entender o motivo deles se trancarem aqui e não irem me encontrar.
-Jeferson quis ficar aqui e eu não quis deixá-lo aqui – Disse ele olhando para baixo.
-Como assim? Cadê a Carol? – Eu já não estava entendendo mais nada, foi ai em que eu vi o porquê.



Carol estava com os braços amarrados em uma janela, ela havia virado um deles, mas como? Como ela ficou desse jeito? Ela gritava baixo por causa do pano que estava na sua boca, seus olhos estavam brancos como os dos outros, estava espumando pela boca um liquido branco com um pouco de sangue. A cor da sua pele que era clara e branca como neve, agora estava com uma cor roxa e escura como se fosse um cadáver.

-Carol – Minha voz saiu seca no momento em que eu vi minha amiga daquele jeito.
-Ta vendo Edward, por sua causa Carol viro um monstro como eles, voce preferiu ajudar aquela garota que você nem ao menos conhecia – Jeferson tinha levantado do chão vindo na minha direção me encarando.
-Espera ai, a culpa é minha? – Não acreditei no que eu havia escutado.
-É isso mesmo, se você tivesse ido conosco a Carol estaria bem, é sua culpa – Jeferson havia me empurrado me fazendo dar dois passos para trás em direção a Carol.
-Voce não pode ta falando sério, depois de tudo o que fizemos por você, você ainda me critica? Voce queria que eu deixa-se aquela menina morrendo sem ar? Enquanto a Carol estava segura ali em cima?
-Que se dane aquela menina, por sua culpa Carol é uma deles – Eu podia ver a raiva que ele estava nos olhos, seus punhos estavam fechados ambos preparados para me atacar.
-Jeferson você vai querer brigar por um mal entendido? Qual é cara, dez de pequenos você nunca teve chance contra mim – Agora eu tinha que aceitar o fato de que um de meus melhores amigos queria brigar comigo por causa de um mal entendido.
-Talvez, mas os anos passam e as pessoas mudam – Disse ele agora pronto para me atacar com os dois braços empunhados.
-Você esta certo sobre uma coisa – Olho para Marcelo e vejo que ele estava sentado em uma classe apenas assistindo a discussão, e sei que ele não fará nada para separar a briga – As pessoas mudam.

Carol não parava de gritar querendo se solta batendo nos vidros da janela, ela estava totalmente descontrolada. Noto que a mordida em sua perna se torna um ferimento mais feio do que antes, estava totalmente infeccionado e com veias soltadas em volta.




-Se você quer brigar vamos acabar logo com isso, prometi a Charlene e a Emily que voltaria com vocês – Agora passa pela minha cabeça quando disse eles três contando com a Carol.
-Charlene? Ela ta com você? – Pergunto Marcelo agora olhando seriamente para mim.
-Sim eu a encontrei na secretaria, e eu vim aqui para buscar vocês – Não tiro minha atenção nem por um minuto vendo Jeferson me encarando.
-Como se você se importa-se com agente – Disse ele num tom de voz grosso e seco.
-Se eu não me importa-se não teria vindo seu imbecil – Com isso ele resolveu me atacar dando um soco com a mão esquerda.

Eu me esquivo e prendo os braços dele, mas com um chute ele se solta de mim e me empurra na direção de Carol. Caio de costas no chão, olho para cima e vejo Carol quase em cima de mim tentando me morder.

-Cuidado – Escuto a voz de Marcelo vindo na minha direção, derrepente sinto que meu coração vai sair pela boca.

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