
-Vamos...pra dentro – grita Be.
-Não tem com que trancar a porta – avisa Nairo.
-Aquele Armário guris...empurrem! – peso para arrastarem o armário de sinuca para trancar a porta, mas não havia nada melhor.
-Edward liga pra ela que agente segura a porta, vai logo! – diz Be pondo-se contra a porta.
Pulo ate o telefone e disco rapidamente os números, começa a chamar...
Depois de 5 chamadas finalmente atendem.
-Alo!
-Cha!
-Edward...
-É sou eu cha...
-Graças a Deus, você esta bem? Onde você está? – a voz dela parecia ansiosa e ao mesmo tempo preocupada.
-Cha, me escuta...eu to legal, consegui chegar em casa, Nairo e o Be estão comigo, nós estamos perto da sua casa, agente ta dentro da sala da diretoria do clube de piscina da cidade sabe onde fica?
-Sei sim...o Cruzeiro?
-Isso...nós estamos aqui, eles tão tentando entrar na sala...os guris tão bloqueando ela com uma mesa mas não vai segura muito.
-Edward rápido – diz Be empurrando a mesa ao lado de Nairo.
-Mas nós não estamos mais na minha casa Edward... – quando Charlene diz isso, engoli seco.
-E onde vocês estão Cha?
-Nós estamos na prefeitura...chegamos aqui de carro, é uma longa historia. Achamos que aqui deve haver algum radio para chamarmos ajuda, vocês tem que chegar ate aqui!
-Nós vamos dar um jeito, mas espere por nós...
-Achei que nunca mais iria ouvir sua voz maninho...precisamos da ajuda de vocês! – A voz de Cha ficou mais baixa e mais melancólica.
-Não te preocupa cha...eu vou chegar ai...Cha? Cha? Ta me ouvindo?
-Edward...que chiado é esse?...Edward? Alo...
-Cha? Droga...
Be e Nairo já não agüentavam mais, então abri a enorme janela onde dava para a sacada do clube. Observo que há uma passarela que daria para nós caminharmos pelos costados da parede, era o único jeito de escapar. Só que minha perna não ajudava muito também, então olho para Nairo e Be e os chamo para sairmos pela janela.
-Be...Nairo vamos por aqui...
-Vai você primeiro Nairo, eu seguro o Maximo que eu puder que eu já te alcanço... – diz Be.
-Não precisa falar de novo...
-Be vem... – grito para ele.
Be corre ate a janela e em 3 segundos a porta é arrombada por eles, vejo Nairo já na frente deixando agente pra trás, eles invadiram a sala da diretoria rapidamente, derrubando cadeiras, mesas, fazendo a maior bagunça. Uns 3 vem correndo ate a sacada onde agente estava, mas n conseguiram nos pegar pois já estávamos longe caminhando pelas beiradas.
-Ta tudo bem Edward? – pergunta Be.
-Sim...só não consigo ir mais rápido...minha perna ainda dói!
Chegando ate Nairo que espero agente no costado da parede, ao lado de um ar condicionado enorme. Estávamos no 2º andar no prédio, mesmo assim não dava para pular, principalmente eu com a perna ferida.
-Guris olhem aquilo. – Aponta Nairo com o dedo.
-Fala serio! – digo jogando a franja pra trás e enxugando o rosto, não dava para acreditar no que estávamos vendo!
Um helicóptero passava por nossa cidade rapidamente, seu barulho dava um certo alivio sabendo que ainda há pessoas vivas lá fora. Mas não tínhamos como sinalizar, uma enorme tristeza e angustia invadiu meu peito.
Se eles tivessem nos visto, sairíamos daqui imediatamente, mas por outro lado deixaríamos Cha e os outros. A tarde chegou e o sol estava ate agradável por causa do inverno, você fechava os olhos e sentia a leve brisa passando pelo seu rosto, o silencio dominava o lugar. Fechando os olhos parecia que tudo estava normal, nada estava acontecendo, mas depois quando você abria os olhos a ilusão havia terminado.
-Eles não vão nos ver aqui...vamos embora – diz Be logo do meu lado.
-Como vamos descer? – pergunta Nairo.
-Vamos dar um jeito – digo olhando para baixo.
Continuamos dando a volta pelo prédio lentamente, chegando por fim aos fundos do clube, logo em baixo havia um beco cheio de latões de lixo em baixo.
-Se nós não tivéssemos saído da casa da Charlene, não estaríamos aqui!
-Nairo eu não obriguei você a vir comigo, você veio por vontade própria. E alem disso, se eu não tivesse ido ate em casa, eu não encontraria o Be, ele poderia estar morto agora!
-Não me vem com essa Edward...eu me ofereci ter ido com você, por que você iria sozinho, o Marcelo que diz ser teu amigo não quis ir!
-Eles fico lá com as gurias, queria que ele deixa-se elas sozinhas?
-Não seria uma má idéia...as vezes temos que nos virar sozinhos em certas situações.
-Ah eu devia ter pensado nisso antes de tirar você daquela sala do super Mercado!
-Eu não te pedi...
-Não não pediu, eu quis te ajudar por que eu costumo a ajudar as pessoas por que eu gosto...não só como você que ajuda achando que esta sendo obrigado.
-CHEGAAA! -Grita Be atrás de mim, o grito dele ecoa pelas paredes do prédio.
-Só to falando o que eu penso. – diz Nairo
-Podia fica com isso pra você...- digo.
-Mas eu quis falar e daí?
Escuto um grito vindo logo da janela onde Nairo estava, pés batendo fortemente no chão, Nairo para e olha para mim como uma expressão de medo. Vejo uma sombra se aproximando pela janela, era um deles que pulo contra janela na direção de Nairo.
Com força empurro Nairo para frente que o faz cair de joelhos, mas quando ele pula na janela ele me segura e que faz eu cair junto com ele.
-EDWARD! – Grita Be.
Por sorte caio em cima de um latão de lixo aberto, mas machuco as costas com o impacto, mas o cara que caiu junto comigo ainda se levanto e correu na minha direção, com a perna eu o afasto e retiro a pistola e do o 6 tiro na cabeça dele.
Não consigo me mover, a dor na perna ainda permanecia, e com essa pancada nas costas tava mais difícil de levantar, vejo Be e Nairo andando mais rápido para tentar encontrar um jeito de descer.
Com muito esforço puxo a tampa do latão de lixo para me proteger e para não ser visto, então definitivamente eu apago. Desta vez eu não via nada, não era nada, não tinha o que pensar, eu tava na maior escuridão apenas relembrando o passado.
Será que meu irmão esta bem? Será que ele conseguiu sobreviver com o resto das outras pessoas, espero que sim, se eu não tivesse ido pra escola hoje eu estaria lá com ele. Mas e meus amigos? Será que eles teriam sobrevivido mesmo assim?
Por que tudo saiu do controle? Por causa de uma misera cobra, como pode um animal desses causar tanta destruição e morte dentro de uma cidade, eu não entendo.
As pessoas lá fora não tem noção do que esta acontecendo com agente, se esse vírus sair dessa cidade vai ser o fim. Será que tem alguém fazendo algo por essa cidade? Será que á cura para esse tipo de Vírus? Eu só sei que preciso sair daqui e encontrar meu irmão, e avisar quem eu poder sobre isso.
Escuto um tom de voz muito baixo chamando meu nome, era a voz de Be e Nairo eles estavam chegando. O latão é aberto por Be que me estende a Mão para me ajudar a levantar, saio do latão de lixo imundo e limpo minha camiseta que estava suja.
-Você esta bem? – pergunta Be.
-To sim...não se preocupe, a sorte tava do meu lado, se não fosse esse latão de lixo eu estaria espatifado agora no chão.
-Pois é...nós encontramos uma escada que descia ate aqui logo ali atrás – Diz Be passando a Mão na testa secando o suor.
-Bom temos que chegar ate a prefeitura...
-Temos? – pergunta Nairo.
-É...a Cha e os outros estão lá Nairo, cadê meu facão?
-Ta ali... toma – Be pega o facão que estava atrás de uma lixeira de lixo.
-Bom vamos ter que ir pelos becos da cidade, esta dia e sair no meio da rua agora correndo não vai adiantar nada. – digo.
-Tem razão...vamos – Diz Be.
Empunho o facão no meu lado e arrumo minha mochila, seguido pelo beco nós vimos pichações nas paredes dizendo palavras horríveis como, Morte, Chegou o Apocalipse, Ninguém sobreviverá, Onde está Deus agora?, não eram coisas boas a serem lidas, ainda mais na situação em que estávamos.
Chegando ao final do beco vemos a única passagem trancada, uma porta de grades estava trancada por cadeado e amarrada por uma corda, era impossível de abrir, então resolvemos tentar outro lado.
-Eu só espero que a Cha, Marcelo e a Patrícia estejam bem – comento em voz baixa.
-Eles estão cara, não te preocupa – diz Be tentando me acalmar.
Escutamos um grito e aparentemente era de uma menina, e estava nesse beco. O grito estava diminuindo pois estava se distanciando então começamos a correr em frente para ver se conseguimos alcançá-la. Quando fomos virar a direita era tarde de mais, 4 deles encurralaram uma jovem de aparentemente 20 anos, cabelos loiros e corpo de modelo.
Os 4 estriparam ela rapidamente, paramos antes de virar respirando fundo, Nairo resvala com o pé que chama atenção deles, mas ele logo se esconde e eles voltam a estripar a menina. Tínhamos que passar por eles de qualquer jeito, pois o outro caminho era apenas um muro enorme que não havia jeito de escalar.
-Venham aqui – falo baixo para eles.
Recuamos um pouco para pegar distancia deles, parar preparar um ataque.
-Esse é o nosso único caminho, se não for por ali vamos ter que dar toda a volta. – explico calmamente sem fazer barulho.
-Você ta querendo que agente acabe com aqueles quatro? – diz Nairo assustado.
-É nossa única opção – digo.
-Edward você não pode usar a arma, tem apenas 5 balas nela, e se você usar ela aqui o barulho vai ecoar por todo beco e vai chamar mais deles. – diz Be.
-É eu sei Be, por isso vamos atacar todos juntos.
-Vocês só podem estar ficando loucos – diz Nairo colocando a Mão nos olhos.
-Olha só Nairo, se você não quiser ajudar fica lá atrás, mas não atrapalha – Eu tinha que dizer isso a ele, pois um simples erro chamaria a atenção de mais deles.
-Se esconde lá atrás Nairo, e observa como se faz – diz Be empunhando o machado.
-Pronto Be?
-Pronto!
Raspo o facão no chão para chamar a atenção deles, e os gritos logo começaram, 3 deles dobraram o beco e foram em nossa direção. O primeiro foi em Be, ele o acerta com o machado no ombro que o faz cair de joelho e no mesmo momento ele arranca sua cabeça.
O segundo veio em mim, desvio passando por baixo do seu ombro batendo com o facão nas suas costas, puxo novamente e finco na sua nuca. E o ultimo que faltava veio em minha direção também, mas para nossa surpresa Nairo surge e fica na sua barriga com o pé de cabra. Quando ele vai soltar seu grito de dor eu torço sua cabeça, Nairo retira seu pé de cabra limpando na sua camiseta.
-Estamos nos empatados – diz ele para mim.
Be larga um pequeno riso e coloca o machado no ombro e passa por nós, logo em seguida sigo atrás dele olhando de canto para Nairo que me encarava no mesmo instante.
-Coitada...ela era tão bonita – diz Be balançando a cabeça.
-Pois é cara...se tivéssemos chegado um pouco mais cedo ela ainda estaria bonita. – digo dando duas batidas leves nas costas de Be.
Chegando ao final do beco vemos as ruas da cidade vazia, sem nenhum deles, o que será que aconteceu? Cadê todo mundo? Não sei se podíamos chamar isso de sorte, pois ainda não havíamos escapado da cidade.
-Acha que podemos ir pela rua? – pergunta Be logo atrás de mim.
-Não há ninguém nela, é a primeira vez que vejo essa cidade vazia, onde esta eles? – pergunto.
-Não sei mas é bom que fiquem onde estão – diz Nairo chegando por ultimo.
-Vamos arriscar, caso se encontrarmos um bando deles, voltamos para os becos – Diz Be muito confiante.
-Ta certo vamos... – concordo.
Andando pelas ruas da cidade ‘‘abandonada’’, encontramos vários corpos mortos na rua, havia buracos de tiros de armas em seus corpos. O silencio permanecia entre nós, apenas por olhares que nos comunicávamos, não podíamos falar nada, comentar nada, apenas caminhar e ficar atento a cada movimento.
Começamos a ouvir um radio da policia vindo do carro derrubado contra um poste. Corremos ate ele, havia uma voz no radio dizendo alguma coisa que não dava para entender direito, então entro no carro e vejo que o alarme estava ativado, qualquer batida nele poderíamos dispará-lo.
-Você sabe mexer nisso Edward? – pergunta Be logo do meu lado.
-Não mas deve ser como um radio comum...temos que baixar a freqüência para poder entender melhor.
Baixo a freqüência do carro e escuto uma voz masculina, e ao que parecia estava dando ordens, mas ordens para quem e por que? A voz dizia o seguinte.
-Atenção...Atenção, todas as unidades, deixem seus postos e retornem a base...Código vermelho. A infecção esta fora de controle, não podemos conte-la, evacuem a cidade, vamos usar bombas de gás para exterminar os infectados. Repito, todas as unidades...deixem seus postos imediatamente...vamos deixar a cidade em QUARENTENA, ninguém poderá sair desta cidade quando for lançado as bombas.
-Do que ele esta falando Edward? – pergunta Nairo.
-Cala a boca!
-No horário das 21:30 começaram a operação de extermínio dos infectados, retornem a suas bases...repito.
Desligo o radio para não fazer mais barulho, fico sentado no banco do carro olhando para frente com os olhos arregalados. Engulo seco quando lembrava de tudo o que eu ouvi no radio, não sabia como contar-lhes o que eu havia escutado.
-Edward...o que houve? O que eles estavam falando no radio? – diz Be colocando a Mão no meu ombro tentando me acalmar.
-Be...é provável que não conseguiremos sobreviver.
-Por que diz isso...depois de tudo o que fizemos – diz Nairo elevando a voz.
-Cala a boca Nairo – diz Be.
-Vamos chegar ate a prefeitura e pensar ate lá – falo saindo do carro.
-Nada disso você vai nos contar agora. – diz Nairo me empurrando contra o carro.
-Deixa ele Nairo.
-Não tudo bem Be...eu conto sim.
-Ta...então conta!
-Nós achamos que o governo não estava fazendo nada por essa cidade não é?- começo.
-Sim e daí? – pergunta Be.
-Pois eles estão...eles deixaram essa cidade em Quarentena, ninguém vai poder sair dela ate as 21:30 desta noite, por que vão esterilizar a cidade.
- O...o que quer dizer com Esterilizar? – gagueja Be perguntando.
-Eles vão lançar bombas com um gás muito forte, para matar tudo e a todos que estiverem nela, um gás que pra mim pode acabar com qualquer ser vivo, seja plantas, pessoas o que for, eles vão matar.
-E como você sabe sobre esse gás? – pergunta Nairo.
-A algum tempo saiu uma reportagem na Internet que cientistas estavam criando um tipo de gás que pode acabar com qualquer coisa viva, seria uma nova arma nuclear, ao invés de destruir a cidade inteira, eles vão destruir apenas os que habitam ela.
-Bom então...Ferro – diz Be sentando-se no chão.
-Eles não podem fazer isso cara...nós ainda estamos aqui – diz Nairo desesperado.
-Bom e como avisar a eles? – pergunto.
-Droga! – diz ele.
-O que vamos fazer galera? – pergunta Be.
-Em minha opinião...é melhor darmos um jeito de sair daqui antes do Anoitecer – termino colocando o facão nas costas.
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