Jéferson segura minhas pernas pés para que eu não seja puxado junto, eu sentia minhas forças se esgotando, mas eu não podia a deixar morrer ali. Carol não parava de gritar e eu estava perdendo minhas forças, Jeferson não podia me soltar se não eu iria junto com ela, e Emily estava passando mal e Marcelo estava ali com ela.
-Jeferson... – Paro para respirar – Eu to perdendo ela – Respiro fundo agora com os lábios apertados.
-Edward faz alguma coisa, puxa ela para cima – Jeferson também estava ficando sem força para me segurar.
-Não da ela ta muito pesada – Nessa hora vejo que Carol estava muito perto de uma prateleira então surge à solução – Carol presta atenção!
-Me puxa Edward... Puxa-me – Agora ela estava totalmente em estado de desespero o que não ajudava nenhum de nós.
-Escuta olha para mim, ta vendo essa prateleira ai do seu lado, eu vou te balançar ate ela e você sobe... É o único jeito – Eu sentia o sangue subindo para minha cabeça estando quase totalmente de cabeça para baixo.
-Eu não vou conseguir – Sua voz estava sumindo, e seu rosto encharcado pelas lagrimas.
-Vai sim... Olha eu vou te balançar e você vai entendeu? – Meus braços pareciam que iriam se arrebentar naquele momento.
-Ta bom, mas anda logo – Agora ela grito com toda força.
-No três você vai entendeu? – Contando sempre ajuda.
-Ta... Entendi – Disse ela acenando com a cabeça.
-Um... Dois – Eles não estavam ajudando nenhum pouco tentando puxar ela, meus braços eram balançados por simplesmente eles baterem nas pernas dela de raspão – Três
Jogo Carol com toda força que podia, ela cai em cima da prateleira, por descuido ela não puxa a perna para cima então um deles consegue morder seu tornozelo. O grito de Carol ecoou por toda sala, ela bateu com o outro pé na cabeça dele fazendo-o cair novamente para baixo, vejo que ali ela estava segura então, hora de sair daqui.
-Carol tudo bem? – Subo novamente e verifico como ela estava.
-Eu... Eu acho que sim – Gagueja ela fazendo expressões de dor – Mas ele me mordeu na perna – Sua perna estava encharcada de sangue, com uma enorme mordida nela.
-Calma, nós vamos chegar ate ai... Agüenta firma que vamos chegar – Agora estava seguindo pelo Dulto.
Olho pra trás e vejo Emily desmaiada no tubo, vou rapidamente ate ela e a pego nos braços, sua respiração esta muito baixa fico em um estado de desespero sem sabe o que fazer. Uma menina de sete ou oito anos estava prestes a morrer ali nos meus braços, eu teria de fazer alguma coisa para ajudá-la.
-Vamos... Vamos tirar Emily daqui rápido – Agora eu estava em um estado de desespero, mas não podia perder a cabeça pensando no pior que pudesse acontecer.
Passamos por cima do buraco onde Carol havia caído e seguimos em frente, logo em seguida havia uma passagem logo na frente, olhamos baixo através da grade cinza e vimos que era a sala onde se guardava os alimentos da escola, verifico se havia alguém na sala, mas parecia estar vazia.
-Ta limpo, eu vou primeiro e você me manda a Emily Jeferson - sou o primeiro a descer, retiro a fechadura e a deixo cair ficando pendurada no teto uma grade cinza meio enferrujada.
Coloco uma mesa redonda em baixo para facilitar a passagem de Emily e a deles.Jeferson me alcança Emily lentamente, coloco-a sobre a mesa, coloco meu ouvido no seu peito pequeno escuto as batidas de seu coração irem diminuindo lentamente. Jeferson chega ao meu lado enquanto Marcelo verifica se a porta estava trancada, eu estava tão assustado que nem por um segundo pensei que eles poderiam entrar aqui e acabar com agente.
-A porta esta trancada, mas eu consigo destrancar – Diz Marcelo puxando dois grampos do bolso.
-Consegue mesmo? – Pergunta Jeferson com um tom de voz meio interessado no assunto.
-Você não sabe muita coisa sobre mim não é Jeferson – Marcelo agora estava totalmente concentrado no que estava fazendo.
-O que posso faze cara? – Meu medo de deixar essa criança morrer estava me deixando maluco, eu já não conseguia falar sem gaguejar – O que eu posso faze pra ajuda ela?
-Calma cara... Olha agente vai da um jeito – Jeferson estava tentando me fazer manter a calma, mas não estava adiantando.
-Espera – Der repente veio à imagem da professora de Literatura na cabeça, quando ela tinha ataques de Asma ela usava aquela bombinha.
-O que... O que foi? – Jeferson agora percebeu que eu havia de ter encontrado um jeito.
-A professora... – Mesmo assim eu ainda gaguejava – A professora de Literatura tinha Asma, ela sempre usava aquela... Aquela... – Com a pressão veio à palavra certa - Aquela bombinha, se nos pudéssemos chegar ate a secretaria talvez lá no armário dela tenha uma – Com essa idéia acho que poderia ajudar Emily, mas eu não tinha cem por cento de certeza.
-Mas a secretaria ainda esta a um pavilhão daqui Edward, e temos que ajudar a Carol, não se esqueceu dela não é?- Sua pergunta me fez refletir no momento, mas logo encontrei a resposta para essa também.
-Claro que não esqueci, mas não vou ir ajudá-la – Minha voz estava muito tensa, então deixei escapar essa rudemente.
-O que? Você não vai ajudar a Carol? – Agora ele já estava em pé de braços abertos quase gritando comigo.
-Não... Vocês vão salvar a Carol e eu vou sozinho ate a diretoria – Parei e o encarei, Jeferson fez uma expressão no rosto que parecia que não estava creditando no que eu estava dizendo.
-Você não pode ta falando serio? – Seus olhos agora estavam estremecendo junto com sua voz.
-Eu to falando... – Agora eu já estava o encarando – E agente não tem tempo de ficar discutindo isso cara, a Carol ta ferida na perna e Emily não respira direito então vamos parar de sermos crianças e pensar nas conseqüências se fizermos o errado – O silencio permaneceu entre nós dois.
Jeferson sempre foi maluco pela Carol, e nós sempre fomos melhores amigos desde que éramos pequenos, eu entendia como ele se sentia vendo que um amigo estaria com uma responsabilidade e não poder ajudá-lo. Mas eu sei que eles iriam conseguir ajudar ela então eu não tinha com o que me preocupar.
-Edward não faça isso, podemos deixar Emily aqui e ajudar Carol primeiro cara, pensa bem – Agora ele já estava implorando, mas ele ainda não estava com a razão, alias ambos não estavam.
-Não vou discutir mais com você, vocês me encontram na secretaria – Pego algumas frutas e bolachinhas e coloco na mochila.
-Pronto – Marcelo finalmente havia destrancado a fechadura – Quer ajuda? – Ele coloca Emily nas minhas costas, sinto seus pequenos braços sobre meus ombros e seu cabelo liso escorrendo sobre meu pescoço.
-Nos vemos na secretaria! – dou um pequeno sorriso e saio caminhando com Emily nas costas.
Abri a porta lentamente olhando de canto para o corredor, e por incrível que pareça estava vazio, eu caminhava normalmente sem fazer barulho, minhas pernas já estavam cansadas de tanta correria pra lá e pra cá. Eu estava novamente ao saguão da escola, e a secretaria já estava perto, não havia muitos deles por ali apenas alguns andando lentamente, dando voltas no mesmo lugar.
Olho para os lados e não vejo ninguém perto, hora de continuar mantendo a cautela, eu conseguia sentir as batidas do coração de Emily em minhas costas. Quando eu caminhava por trás dos pilares noto uma banda na preta com caveiras brancas nela, eu a reconheço no mesmo instante, com um pouco de dificuldade me aproximo para pega-la.
Essa banda na pertencia a Charlene, isso me passa pela cabeça que ela poderia ter conseguido sair da escola, bom pelo menos tudo estava indicando, pois não havia encontrado seu corpo, amarro no pulso direito e sigo em frente. A secretaria já estava sendo avistada um pouco longe, mas parecia tão perto de onde eu estava, mas eu tinha que continuar mantendo a calma, mesmo estando com muita vontade de sair correndo feito um louco.
Naquele momento eu não conseguia deixar de pensar se Marcelo e Jéferson estão bem se conseguiram ajudar Carol, naquela hora eu não sabia o que fazer vendo ela pendurada pela minha mão e aqueles canibais logo em baixo dela esperando que ela caísse, sorte que ao menos não fizeram nada apenas um ferimento em seu tornozelo.
Em frente vejo a secretaria, mas com alguns deles na frente perto da porta, minhas idéias pareciam que fugiam de mim quando eu mais precisava delas. Encosto-me atrás de um pilar com Emily agora no meu colo, respiro fundo e sopro o rosto dela que estava cheio de suor, Emily parecia que estava dormindo tranqüilamente, mas na verdade estava se aproximando cada vez mais da morte.
-Você não vai morrer aqui Emily, prometo – Minha voz estava ficando roca novamente.
Depois de alguns minutos sentado ali descansando resolvo sair. Com um pouco de dificuldade coloco Emily novamente nas costas, ela estava realmente pesando e eu não iria conseguir correr muito se eles me vissem. Começo a caminhar lentamente por trás de cada pilar, observando seus movimentos, para meu silencio ser rompido escuto gruídos ao meu lado, vejo um deles me olhando com seus olhos brancos e sua boca fluindo sangue, nunca tinha visto um tão perto de mim por que só eu os vejo correndo gritando, mordendo, estraçalhando as pessoas, mas esse estava parado num beco escuro da escola.
Preparo-me caso ele resolva a atacar, começo caminhar pra trás quando ele sai do escuro caminhando lentamente eu o reconheço era meu colega Maicon, em pensa que ele mesmo não acreditava nesses monstros e acabou sendo um deles.
Ele estava caminhando na minha direção, se ele grita-se todos os outros iriam ouvir e viriam atrás de mim, não garanto que vou conseguir fugir, se eu não estivesse com Emily nas costas eu ate conseguiria, mas agora estava difícil, mas do que eu estou reclamando? Eu que meti Emily nisso e agora eu tenho que tirar.
Dou um passo lentamente pra trás e piso numa latinha de refrigerante fazendo o maior barulho atraindo a atenção deles. Começo a correr, minhas pernas já não agüentam mais, no momento que eles corriam atrás de mim a secretaria fico totalmente vazia e fácil de entrar, olho e vejo mais deles vindo na minha frente.
Sigo na direção de umas escadas e me escondo em baixo delas e vejo todos passando do meu lado sem me ver, não perco nenhum minuto e logo saio novamente correndo e vejo que não tem nenhum no meu caminho, corro sem para quando olho para frente minha franja cai nos meus olhos e tapa minha visão de um dos olhos fazendo eu não ver uma parte do pavilhão, quando noto um atava pelo lado esquerdo me jogando contra parede, pegando seu empurrão de raspão eu me bato de ombro não deixando que Emily se machuque.
Fico de costas para parede e ele vinha para cima de mim, coloco o pé na frente e dou um chute em sua barriga jogando-o para lado, corro novamente em direção a secretaria e não vejo ninguém na entrada.
Essa é a minha única chance de entrar, chego ate a porta e a abro com um chute forte, quando entro não vejo ninguém só livros e papeis o chão com sangue em toda parte, vejo pegadas no chão e as sigo, mas antes coloco uma cadeira contra a fechadura da porta.
Não vejo ninguém, vou direto ate a sala dos professores corro pelo corredor de cor verde musgo também com marcas de sangue e muito estreito ate a ultima porta, a porta estava bloqueada por dentro por uma mesa dava pra ver pela pequena abertura na porta.
-Tem alguém ai? Ajudem aqui – Minha voz ecoava pela sala que parecia estar vazia. Ficar gritando aqui não me ajudaria em nada então resolvi tentar entrar.
Começo a forçar a porta pra ver se consigo mover um pouco da mesa que estava ali, mas era muito pesada e com Emily nas minhas costas dificultava as coisas, começo a dar chutes fortes na porta, mas mesmo assim não consigo. Uma batida forte na porta da secretaria me chama atenção eles estavam tentando entrar, então a adrenalina subiu ainda mais, começo a chutar mais rápido a porta só consigo abrir o suficiente para poder passar exprimindo, dentro da sala empurro de volta a mesa para bloquear a porta.
Coloco Emily no sofá e corro ate o armário da professora mas estava trancado com um cadeado. Olho em pânico para a mesa dos professores, para todo lugar para encontrar alguma coisa para arrombar o cadeado. Foi ai em que eu vejo uma pequena pedra que ficava em baixo da porta para deixá-la aberta, vou ate o armário e quebro o pequeno cadeado. Agora onde estará a bombinha?Começo a joga tudo para fora pra encontrar, encontro provas, livros, objetos de maquiagem, se alguém me pega-se fazendo isso eu seria expulso na hora.
-Encontrei - Finalmente a bombinha estava no fundo do armário. No momento em que vou ate Emily escuto um barulho vindo da salinha onde ficavam os matérias de educação física.
Caminho ate ele para me certificar que o lugar estava seguro, poderia ser um deles? Provavelmente não, pois essa sala estava fortemente trancada pela mesa. Abro lentamente a porta e encontro uma menina sentada encostada na parede chorando. Uma menina de pele morena clara, transas ate o ombro e uma pequena franja que escorria pelo seu rosto molhado pelas lagrimas.
-Tudo bem? – Me aproximo cautelosamente pronto para qualquer reação da menina.
A menina levanta a cabeça lentamente, seus olhos pretos pareciam perolas negras de tão bonitos que eram pintados em volta com um tom escuro, mas estava meio borrado por estar chorando. Eu reconheceria aqueles olhos em qualquer lugar.
-Cha? É você? – Nunca é tarde para se perder as esperanças.
quinta-feira, 23 de julho de 2009
quinta-feira, 16 de julho de 2009
4º Voltando para Aula.
No corredor, uma sensação horrível de morte estava me envolvendo, o sopro de morte estava na minha orelha me fazendo tremer. Bom mas agora não é hora de ficar com medo, vamos em frente. Olho para trás e vejo Emily me observando pela fresta da porta que estava se fechando pouco a pouco, Marcelo estava no fundo da sala de braços cruzados e logo ele deu um pequeno sorriso malicioso.
-Vamos lá!
Começo meu caminho ate nossa sala, estava muito quieto, sem gritos, sem pessoas correndo. Eu estava em alerta total a qualquer movimento ou barulho estranho, pois se viesse algum naquela hora era correr sem parar, mas não se pode correr contra pessoas que estão parecendo canibais famintos de fome que correm mais do que você.
Cada minuto que passava eu me fazia as mesmas perguntas, será que eu devo voltar? Será que vale a pena me arriscar, mesmo depois que eu passei com Jeferson e Marcelo? E se eu morrer antes de chegar lá? Mas grandes amigos estão lá, principalmente minha melhor amiga Charlene. Eu prometi que voltaria, então não posso falhar com minha promessa.
Bom consegui chegar ate o fim do pavilhão sem nenhuma preocupação, agora eu tenho que chegar ate a escada onde leva ao andar do meu pavilhão ao norte da escola. Mas onde esta todo mundo? Cadê aquela multidão que estava correndo agora pouco para nos pegar? Bom melhor que fiquem longe mesmo.
Vou passando por trás dos pilares do saguão, mesmo que não houvesse ninguém ali manter cautela nunca é de mais. Mas para minha sorte mudar para azar eu encontro três crianças estripando uma professora, e ao que parece ser a professora de Artes, o sangue cobria todo seu rosto dificultando ainda mais sua fisionomia. As crianças eram do mesmo tamanho que Emily, deveria ter uns sete ou oito anos, parece que eles se vingaram dela.
Como eu passaria por eles? Não havia outro caminho a não ser este para chegar a minha sala, eu não vou recuar agora que cheguei aqui, mesmo sabendo que tem como eu voltar eu não vou. Um grito ecoa por um dos pavilhões do andar de baixo do meu, parecia ser de uma garota, sinto não poder ajudar. Mas seu grito foi útil, chamou a atenção dos pirralhos exceto um que ainda fico devorando as tripas da professora.
Eu precisava de alguma coisa para poder atacar ele, mas o que? Minha faca havia ficado cravada no peito daquele aluno quando salvei Emily, e com toda aquela confusão deixei a faca na sala. Olho para todos os lados e a única coisa que eu vejo é uma lata de lixo, mas procurar alguma coisa dentro dela seria estupidez, então pego a lata inteira que aparentemente não estava pesada por não haver muitos lixos nela.
Respiro fundo e vou caminhando ate o menino que estava de costas para mim. Ele pegava com tanta vontade as tripas da professora que parecia que não comia a dias, devorando cada pedaço de carne ele gruinha. Quando fico poucos centímetros dele, ele percebe minha presença e para o que estava fazendo por um minuto, ele vira lentamente a cabeça para me encarar.
Seus olhos estavam amarelados na volta e brancos no meio, estava com os dentes da bochecha a mostra, parecia que havia sido arrancado sua bochecha direita. Ele me encara por segundos e logo solta seu grito que ecoa por todo saguão, o grito era tão forte que me fez soltar a lata de lixo e tampar os ouvidos.
O barulho caindo no chão da lixeira quase não deu para se ouvir. Com um chute de direita acerto seu rosto que o faz cair de cara no peito aberto da professora. No momento em que ele começa a levantar torço seu pescoço e caio sentado no chão. Eu matei uma criança, uma criança indefesa, eu nunca pensei que faria alguma coisa dessas. Meus olhos estavam arregalados, e minha boca semi aberta, o que eu acabara de fazer era uma Fatalidade.
Mais gritos estavam vindo do corredor onde a garota gritou, eles estavam vindo e depressa, levanto meio desnorteado e corro em direção as escadas. Tropeço nos degraus do meio por haver sangue na escada, levanto rapidamente com aquela dor no joelho e continuo a subir.
Agora já vendo minha aula a ultima porta, começo a correr o mais rápido que posso, passo pelo corpo da menina em que o professor havia atacado. Vejo que a porta estava entre aberta da sala, alguém deveria ter saído, continuo correndo e entro sem pensar.
Quando fui falar alguma coisa, a cena que eu estava vendo me paralisa completamente, alguns alunos estavam caídos no chão aparentemente mortos. Sangue em toda sala, tranco a porta novamente com o armário para que não entrasse agora eu já não sabia o que fazer. A voz de Marcelo na minha cabeça dizendo ‘‘Eu avisei’’ não parava de surgir, com uma voz rouca e baixa começo a chamar por alguém que ainda estivesse ali.
-Cha? Junior? – Dou uma pausa e fico parado na frente da classe do professor encostado na mesa – Carol? Alguém? – Apenas o silencio estava ali comigo, ninguém mais.
Era difícil de acreditar de como eles haviam entrado, sendo que com aquele armário não poderiam fazê-lo. Mas acho que eu me enganei, mais uma vez cometi um grande erro, deixei que meus amigos morressem nas mãos desses canibais desgraçados. Devo voltar para junto de Marcelo e dos outros e tentar não cometer os mesmos erros novamente.
Mas eu estava sendo precipitado de mais, uma voz no fundo chamou minha atenção gritando meu nome, uma voz que pensei que não ouviria mais.
-Edward? É você que esta ai? – uma voz de choro chamava.
-Carol? – vejo minha amiga de cabelos pretos ate o ombro, com seu sorriso único, vestindo Jeans preta, uma blusa de lã rosa com gola e tênis preto.
-Pensei que nunca mais iria te ver – Ela me recebe com um forte abraço me fazendo dar um paço para trás, abraço-a fortemente pela cintura e fecho os olhos, com um alivio no peito em ver que ela estava bem.
-Que bom que você esta bem – Seu abraço era confortante – O que aconteceu aqui? – pergunto agora olhando diretamente para ela.
-Foi o Junior, ele fico descontrolado atacando todo mundo como aqueles alunos lá fora, todo mundo entro em pânico – Interrompo ela para tentar entender.
-Espera o Junior? – Minha expressão muda agora de tristeza para impressionado- Mas o Junior estava ferido e tinha desmaiado quando saímos como ele poderia – Desta vez ela me interrompe.
-Sim, depois que vocês saíram minutos depois ele levanto atacando todo mundo, mordendo foi horrível – Ela chorava ao me contar, e ao mesmo tempo soluçava.
-E como você conseguiu escapar? Alguém mais escapo? A Cha? – Agora estávamos sentado no chão úmido e gelado da sala de frente um pro outro.
-Muitos saíram correndo da sala, a Charlene foi uma delas – Carol me deixa Aliviado por um instante, mas fora daqui é mais perigoso ainda, não é para ficar tão Aliviado sabendo que agora ela pode estar correndo um perigo ainda maior. Continuou ela – Eu consegui sair também, me escondi nas primeiras salas desse pavilhão que estavam vazias, quando percebi que não havia mais ninguém na nossa sala eu voltei esperando por vocês.
-Eu entendo... Que bom que você esta bem Carol – Com um forte abraço a envolvo nos meus braços.
-E o Marcelo e o Jeferson? Cadê eles? – pergunta ela agora olhando para mim.
-Estão na enfermaria nos esperando, vamos levanta – Ajudo-a levantar para partirmos. Vou ate minha classe e esvazio minha mochila para o caso de eu precisar carregar alguma coisa.
Saindo da sala, fomos caminhando cautelosamente pelo pavilhão, olhando de canto quando íamos passar por uma sala. Foi então que decidimos ir mais rápido, começando a correr não muito rápido para não fazer barulho com os pés. O braço direito dela estava enroscado no meu braço esquerdo, ela deve ter visto cada coisa naquele momento que agora não queria ficar um minuto longe de alguém.
Chegando às escadas novamente, no saguão da escola havia uns dez espalhados, alguns andando desorientados olhando para cima e outros encostado nas paredes, outros estavam devorando um aluno no chão. Nós estávamos agachados atrás dos corrimãos da escada só observando o jeito deles se comportarem quando não se tem uma pessoa correndo apavorada.
-O que agente vai faze? – O som baixinho da voz de Carol ecoa nos meus ouvidos gelados.
-Não tenho idéia – Falo no mesmo tom sem ao menos olhar para ela – Mas temos que dar um jeito.
-A enfermaria fica passando por eles, não temos como fazer isso – disse ela numa voz rouca e seca.
-Tenho uma idéia, mas não é boa e eu nem sei se vai dar certo, mas é melhor que ficarmos parados – Agora eu estava olhando em seus olhos demonstrando que eu estava sendo realista – Vamos correr para o banheiro, passarmos por eles agora e correr o Maximo que pudermos e entrar no banheiro que fica perto da enfermaria.
-E como vamos sair do banheiro? – pergunta ela impressionada.
-Pelas janelas – ela me encara por um curto tempo, mas volta a olhar para o saguão – Olha não temos outro jeito, nós vamos conseguir – Tento transmitir um pouco de confiança para ela, e acho que consegui.
-Vamos então – Disse ela por fim.
Descemos as escadas mais lento possíveis sem fazer barulho, parece que eles não enxergam a longa distancia, eles se guiam apenas pelo barulho das pessoas. Chegando ao ultimo degrau respiramos fundo e começamos a correr em direção ao banheiro, passamos por três que estavam de costas, depois de notar nossa presença todos que estavam ali nos seguiram.
Para nossa sorte não havia ninguém no pavilhão dos banheiros, o pavilhão da enfermaria era logo atrás deste. A porta branca do banheiro estava completamente coberta por sangue, entramos sem olhar dentro para ver se tinha alguém dentro.
-Cadê a chave? – pergunta Carol atrás da porta, enquanto eu estava verificando os Box.
Quando chego ao ultimo Box um aluno todo ensangüentado me ataca atirando-se contra mim. Com seu empurrão eu bato de costas na pia do banheiro molhada, afasto-o sua boca cheia de sangue com meus braços. Ele era muito forte, aparentava ser do 3º ano, ele vestia uma jaqueta vermelha com cinza, abrigo azul marinho e cabelos pretos arrepiados porem encharcados de sangue.
-Cuidado – Grita Carol.
-Não fique ai e bloqueia a porta – Carol estava querendo me ajudar, mas se alguém não segura-se a porta todos entrariam e acabariam com a gente.
O empurro para trás, ele entra novamente no ultimo Box e cai de costas no vaso, mas logo torna a atacar. Desvio para o lado da parede o fazendo ir de frente para pia, seguro pelos cabelos e bato três vezes seu rosto contra a pia fazendo-o cair finalmente.
-Tudo bem? – pergunta Carol ainda bloqueando a porta.
-É tudo bem – Respondo numa voz rouca com a respiração acelerada.
Vou ate ela e fico ao seu lado de costas para porta, o peso da porta estava aumentando cada vez mais. Olhando para baixo e pensando em um jeito de sair, vejo uma claridade entrando pela janela do banheiro úmido. Bom era nossa única saída e duvido que haja outra.
-Carol ali... Pela janela vamos sair por ela, você vai que eu fico segurando a porta ate você sair – Meu corpo balançava para frente e para trás com as batidas na porta.
-Mas e você? Como você vai subir ali sem soltar a porta? – pergunta ela agora gritando.
-Não se preocupe eu consigo... – Dou uma piscadela, agora ela atava me encarando com uma expressão de tristeza, mas logo concorda comigo.
-Ta bem... -diz ela com uma voz fraca e seca.
Carol deixa a porta me fazendo sentir o peso aumentar ainda mais, coloco os pés na parede do Box que estava perto para empurrar ainda mais a porta. Carol estava em cima da pia do banheiro já subindo pela janela, ela me olha por um segundo e diz.
-Vamos Edward – Sua voz ecoa no banheiro de lajotas verde água.
-Pode ir... Estou logo atrás de você – Minha voz estava tremula.
Ela finalmente consegue sair pela janela liberando o caminho para mim. Bom hora de ir, mas Será que eu vou conseguir sair a tempo antes que essas pessoas entrem aqui e me devorem? Bom eu teria que arriscar, pois minhas forças estavam se esgotando, meus braços já estavam trêmulos de ficar segurando a porta.
-Vamos lá Edward, você consegue, no 3 – agora senti toda minha atenção voltada para a janela – 1 e 3.
Soltei a porta e com um pulo só subi na pia e dou uns três passos correndo ate chegar à janela. O banheiro é invadido por eles e seus gritos horrendos, eles correm para a janela subindo na pia e pelo chão, metade do meu corpo já estava fora do banheiro apenas minha perna esquerda eu não havia puxado. E para minha surpresa um deles conseguiu agarrar minha perna e tentar me puxar de volta para dentro do banheiro, com apenas um chute acerto seu rosto fazendo-o soltar finalmente me deixando sair.
Olho em volta e vejo alguns deles se aproximando pelo lado esquerdo, Carol já estava um pouco longe de mim. Corro pelos pastos que estavam sujos de sangue em direção a Carol.
-Vai Carol corre – Grito.
Avistando agora a enfermaria havia alguns perto dali, e o resto estava atrás de nós. Carol chega à porta e começa a bater pedindo ajuda, os que estavam perto ouviram seus gritos e correram na direção dela. Um pedaço do ferro da lixeira que ficava preso na parede estava caído perto de um dos pilares de tijolos avermelhados, corro ate ele e vou ajudar Carol.
-Por favor, abram essa porta – Seu grito estava escoando por todo pavilhão agora, alertando mais deles.
O primeiro que se aproximou de Carol eu o empurrei com a perna para trás, em seguida bati com o ferro na sua cabeça que o deixou inconsciente deixando o caminho livre para o outro que vinha atrás. Pegando a barra de lado bato com força no seu pescoço que o faz virar para trás, meu braço começa a doer sem parar pelas batidas, solto o ferro e vou ate a porta.
-Jeferson somos nós... Abre essa porta – Agora elevei minha voz, mas não foi mais alto que os gritos da Carol que estavam ao meu lado.
Mais deles estavam se aproximando de ambos os lados, nosso medo estava quase nos deixando malucos. Ficamos um de costas para o outro e vimos e ouvíamos nossa morte vinda pelo pavilhão tentando nos pegar, mas seria estupidez não tentar fazer alguma coisa. Mas éramos dois contra uns sete eu diria, ma se fosse para morrer tentando a hora seria essa.
-Entrem – Uma voz seca e falhada estava nos chamando, era Jeferson com uma faixa enrolada na cabeça e com uma expressão de desespero na face.
As batidas não paravam, uma atrás da outra, parecia milhões de pessoas batendo em tambores e nós podíamos sentir as batidas junto com as batidas aceleradas que estavam nossos corações. Carol estava pálida, uma cor branca invadiu sua face fazendo-a ficar tremula e com os olhos arregalados. Talvez tenha se passado a mesma coisa na cabeça dela como se passo na minha, achamos que era nossa vez de morrer ali.
-E ai vocês estão bem? – pergunta Jeferson agachando-se na minha frente com um copo de água.
-É eu to bem – Olho para Carol e vejo-a também sentada ao meu lado ainda com os olhos arregalados – Carol você esta bem? – Agora coloco a Mão em seu ombro, ela simplesmente balança a cabeça respondendo um sim, mas logo balança novamente afirmando que não.
Ela provavelmente já havia de passado por essa situação no momento em que resolveu sair da sala de aula, ela provavelmente não pensou que poderia passar pela mesma situação novamente tão cedo. Mas creio que se não sairmos dessa escola ainda hoje, temo que ainda vamos enfrentar coisa pior.
-Por que demoraram em abrir a porta? – Pergunto agora tomando um gole de água, Jeferson agora estava sentado na cadeira ao lado de Emily.
-Achamos que eram eles querendo entrar – Disse Marcelo sentado de pernas cruzadas no outro lado da sala.
-Mas quando ouvimos a voz de vocês, eu corri ate a porta – Diz ele explicando-se e tentando se desculpar – E também estávamos tentando encontrar um jeito de sair daqui sem abrir a porta – Termina ele olhando para Marcelo.
-Entendo... – Agora volto minha atenção para Emily – E você Emily, você esta bem? – Ela me olha com um sorriso meio torto e acena com a cabeça dizendo sim – Ótimo – Dou uma piscadela para a menina.
Levanto do chão úmido e sujo e vou ate a janela com grades para ver o tal jeito que eles pensaram em sair daqui. Carol levanta e senta-se ao lado de Emily, as duas trocam olhares rapidamente e logo Carol rompe o silencio entre as duas.
-Então seu nome é Emily – Diz ela dando um meio sorriso, Emily como sempre não é muito de falar apenas acena mais uma vez – É um lindo nome... Eu me chamo Carol – Emily apenas da um sorriso para ela e toca na sua mão tremula e fria.
-Acho que você conseguiu uma nova amiga Carol – Fiquei feliz por ver que Emily estava começando a confiar mais na gente o que era bom.
-É vamos ser grandes amigas não é? – Pergunta Carol olhando para ela.
-Sim – Dessa vez Emily respondeu.
Bons estavam todos reunidos, consegui pelo menos resgatar Carol daqueles canibais. Mas o que eu não parava de ficar pensando era se Charlene teria conseguido escapar, por que segundo a Carol ela havia conseguido sair da sala, mas teria conseguido sair da escola? Eu tinha que ter certeza não podia ficar em duvida sobre nada, principalmente agora.
Todos ali estavam muito assustados, será que ninguém sabe o que esta acontecendo aqui? Poxa essa escola esta um caos será que ninguém se importa em tentar ajudar? Ou todo mundo pensa que estamos mortos? Se esses malucos chegarem ate a cidade seria o fim, eles matariam acho mais da metade da cidade, milhões de pessoas inocentes morreriam sem saber por que essas pessoas estão dessa maneira.
De qualquer maneira, nós não podíamos entregar as cartas e deixar por isso mesmo. Eu não vou desistir agora que consegui salvar duas pessoas uma coisa que eu não faria nem mesmo se não estivéssemos nessa situação.
-Jeferson você falo algo sobre ter encontrado uma saída daqui – Viro-me para ele que estava de cabeça baixa sentado ao lado de Emily.
-E encontrei, o único jeito de sair é pelos dutos de ar da escola, existem poucos deles e aqui na enfermaria tem um que serve mais como saída de incêndio – Agora ele estava de pé mostrando o caminho encontrado, que estava em cima da prateleira onde se guardava os objetos de primeiros socorros.
-E você sabe aonde isso vai leva? – Agora era hora de ser otimista e pensar em todas as possibilidades que podem acontecer.
-Provavelmente para longe dessa sala cara, saindo daqui é o que conta- Ele estava certo, ficarmos aqui parado seria pura burrice, é esperar a morte de braços cruzados.
-Precisaríamos de alguma coisa para que sirva como arma, saindo daqui de mãos vazias também não é uma boa idéia – Agora qualquer coisa que desse para atacar esses malditos ajudaria, atacarmos eles de mão vazia é morrer da certa.
-Já pensamos nisso – Disse Marcelo levantando da cadeira e indo ate o armário.
Marcelo coloca na mesa as únicas coisas que eles conseguiram fazer como armas. Um cabo de vassoura eles cortaram no meio e colocaram laminas de tesoura prendida por uma fita preta resistente, havia dois cabos desses com lamina nas pontas como pequenas lanças. Também fizeram três pequenos Molotovis com garrafas de remédios que eles mesmos esvaziaram.
-Vejo que vocês pensaram em tudo – Adimito.
-Conseguimos nos virar sem você por perto – Diz Marcelo cruzando novamente os braços ao meu lado. Não entendi muito essa frase, mas espero que eu esteja enganado em uma coisa.
-Bom vamos sair daqui então – Hora de levantar acampamento e partir.
Pego alguns analgésicos e esparadrapos do armário e coloco na mochila, começamos a nos preparar para nossa fuga do colégio. Carol estava limpando o rosto na pia e enxugando com uma toalha branca, todos estavam ocupados, Jeferson estava desenhando um pequeno mapa da escola para nos situar onde poderíamos sair. Emily estava me ajudando colocando as coisas na minha mochila, mas Marcelo estava apenas sentado de braços cruzados apenas observando agente.
-É isso ai... Vamos embora – Vejo que todos estavam prontos, Jeferson e Marcelo ficaram com os dois pedaços de vassoura quebrados e eu com os molotovis na mochila.
Colocamos uma mesa pra subirmos alcançarmos o teto, Carol é a primeira a subir em seguida sobe Emily, logo depois eu e Jéferson. Marcelo fica de ultimo para fechar a tampa que havíamos aberto para subir. No tubo de alumínio começamos a rastejar de joelhos, sem saber ao certo para onde estávamos indo apenas seguíamos em frente, nossa respiração estava um pouco difícil estava muito abafado e úmido.
Cinco pessoas dentro de um dulto de ar que estava aparentemente desligado estavam ficando muito difícil ficar ali. O barulho do alumínio que fazia quando rastejávamos era difícil de não ouvir, provavelmente eles já teriam notado nossa presença ali.
-Ta muito quente – Diz Carol passando a mão na testa limpando o suor.
-Isso aqui ta parecendo uma sauna, quase não da pra respira – Concorda Jeferson atrás de mim.
Noto que Emily começa a respira fundo e alto, o seu suspiro ecoava pelo tubo parecia que estava lê faltando o ar, ela começo a diminuir a velocidade e foi parando na minha frente.
-Emily ta tudo bem? – Eu estava ao lado dela agora, vejo sua expressão de desespero e medo, seu cabelo liso e sedoso estava agora grudado em seu rosto pelo suor – Emily, o que houve? – Ela não respondia, apenas estava com a mão no peito e respirando cada vez mais alto.
-O que houve? – Pergunta Carol agora olhando para trás.
-Não sei a respiração dela ta muito acelerada – Agora eu estava ficando em pânico.
-Talvez ela tenha claustrofobia – Diz Jeferson.
-Não ela estava dentro de um armário quando eu a encontrei, não poderia ser isso – Nesse momento lembro que Alexandre quando era pequeno tinha ataques de falta de ar quando éramos pequenos – Ela tem Asma.
-Temos que tira-la daqui, ela precisar de ar – Diz Carol voltando a rastejar pelo Dulto.
-Continua Carol, eu a ajudo – Abraço Emily com meu braço esquerdo e a envolvo pela cintura para carregá-la.
Seguindo ajoelhados, Emily não parava de suspira alto, parecia que os suspiros estavam diminuindo a cada minuto eu não poderia deixá-la morrer não agora. Noto que Carol começa a rastejar mais rápido na minha frente, ela já estava uns dois passos de mim.
-Olhem ali tem uma luz, deve ser a saída... Vamos por aqui – Diz ela agora rastejando mais rápido.
-Calma Carol espera – Carol não ouviu meu pedido e continuou.
Quando Carol estava rastejando rápido de mais, a parte que ela estava no dulto quebra a fazendo cair. Segurando ainda o Dulto ela fica pendurada por uma mão, solto Emily e rastejo com cuidado o mais rápido possível ate ela. No momento em que ela foi cair, pulo de peito segurando sua mão.
-Peguei você – Digo segurando-a com os braços
-Me puxa Edward, não me deixe cair, por favor – Estávamos em cima de uma sala de aula, havia cinco deles em baixo dela, suas mãos escorregavam em sua calça jeans escura. Seus olhos estavam cheios de lagrimas agora pedindo para que eu não solta-se.
-Calma Carol... Ajudem aqui guris – Ela estava muito pesada, e ainda ficava mexendo as pernas para que os outros de baixo não a puxassem.
Jéferson segura minhas pernas pés para que eu não seja puxado junto, eu sentia minhas forças se esgotando, mas eu não podia a deixar morrer ali. Carol não parava de gritar e eu estava perdendo minhas forças, Jeferson não podia me soltar se não eu iria junto com ela, e Emily estava passando mal e Marcelo estava ali com ela.
-Jeferson... – Paro para respirar – Eu estou perdendo ela – Respiro fundo agora com os lábios apertados.
-Vamos lá!
Começo meu caminho ate nossa sala, estava muito quieto, sem gritos, sem pessoas correndo. Eu estava em alerta total a qualquer movimento ou barulho estranho, pois se viesse algum naquela hora era correr sem parar, mas não se pode correr contra pessoas que estão parecendo canibais famintos de fome que correm mais do que você.
Cada minuto que passava eu me fazia as mesmas perguntas, será que eu devo voltar? Será que vale a pena me arriscar, mesmo depois que eu passei com Jeferson e Marcelo? E se eu morrer antes de chegar lá? Mas grandes amigos estão lá, principalmente minha melhor amiga Charlene. Eu prometi que voltaria, então não posso falhar com minha promessa.
Bom consegui chegar ate o fim do pavilhão sem nenhuma preocupação, agora eu tenho que chegar ate a escada onde leva ao andar do meu pavilhão ao norte da escola. Mas onde esta todo mundo? Cadê aquela multidão que estava correndo agora pouco para nos pegar? Bom melhor que fiquem longe mesmo.
Vou passando por trás dos pilares do saguão, mesmo que não houvesse ninguém ali manter cautela nunca é de mais. Mas para minha sorte mudar para azar eu encontro três crianças estripando uma professora, e ao que parece ser a professora de Artes, o sangue cobria todo seu rosto dificultando ainda mais sua fisionomia. As crianças eram do mesmo tamanho que Emily, deveria ter uns sete ou oito anos, parece que eles se vingaram dela.
Como eu passaria por eles? Não havia outro caminho a não ser este para chegar a minha sala, eu não vou recuar agora que cheguei aqui, mesmo sabendo que tem como eu voltar eu não vou. Um grito ecoa por um dos pavilhões do andar de baixo do meu, parecia ser de uma garota, sinto não poder ajudar. Mas seu grito foi útil, chamou a atenção dos pirralhos exceto um que ainda fico devorando as tripas da professora.
Eu precisava de alguma coisa para poder atacar ele, mas o que? Minha faca havia ficado cravada no peito daquele aluno quando salvei Emily, e com toda aquela confusão deixei a faca na sala. Olho para todos os lados e a única coisa que eu vejo é uma lata de lixo, mas procurar alguma coisa dentro dela seria estupidez, então pego a lata inteira que aparentemente não estava pesada por não haver muitos lixos nela.
Respiro fundo e vou caminhando ate o menino que estava de costas para mim. Ele pegava com tanta vontade as tripas da professora que parecia que não comia a dias, devorando cada pedaço de carne ele gruinha. Quando fico poucos centímetros dele, ele percebe minha presença e para o que estava fazendo por um minuto, ele vira lentamente a cabeça para me encarar.
Seus olhos estavam amarelados na volta e brancos no meio, estava com os dentes da bochecha a mostra, parecia que havia sido arrancado sua bochecha direita. Ele me encara por segundos e logo solta seu grito que ecoa por todo saguão, o grito era tão forte que me fez soltar a lata de lixo e tampar os ouvidos.
O barulho caindo no chão da lixeira quase não deu para se ouvir. Com um chute de direita acerto seu rosto que o faz cair de cara no peito aberto da professora. No momento em que ele começa a levantar torço seu pescoço e caio sentado no chão. Eu matei uma criança, uma criança indefesa, eu nunca pensei que faria alguma coisa dessas. Meus olhos estavam arregalados, e minha boca semi aberta, o que eu acabara de fazer era uma Fatalidade.
Mais gritos estavam vindo do corredor onde a garota gritou, eles estavam vindo e depressa, levanto meio desnorteado e corro em direção as escadas. Tropeço nos degraus do meio por haver sangue na escada, levanto rapidamente com aquela dor no joelho e continuo a subir.
Agora já vendo minha aula a ultima porta, começo a correr o mais rápido que posso, passo pelo corpo da menina em que o professor havia atacado. Vejo que a porta estava entre aberta da sala, alguém deveria ter saído, continuo correndo e entro sem pensar.
Quando fui falar alguma coisa, a cena que eu estava vendo me paralisa completamente, alguns alunos estavam caídos no chão aparentemente mortos. Sangue em toda sala, tranco a porta novamente com o armário para que não entrasse agora eu já não sabia o que fazer. A voz de Marcelo na minha cabeça dizendo ‘‘Eu avisei’’ não parava de surgir, com uma voz rouca e baixa começo a chamar por alguém que ainda estivesse ali.
-Cha? Junior? – Dou uma pausa e fico parado na frente da classe do professor encostado na mesa – Carol? Alguém? – Apenas o silencio estava ali comigo, ninguém mais.
Era difícil de acreditar de como eles haviam entrado, sendo que com aquele armário não poderiam fazê-lo. Mas acho que eu me enganei, mais uma vez cometi um grande erro, deixei que meus amigos morressem nas mãos desses canibais desgraçados. Devo voltar para junto de Marcelo e dos outros e tentar não cometer os mesmos erros novamente.
Mas eu estava sendo precipitado de mais, uma voz no fundo chamou minha atenção gritando meu nome, uma voz que pensei que não ouviria mais.
-Edward? É você que esta ai? – uma voz de choro chamava.
-Carol? – vejo minha amiga de cabelos pretos ate o ombro, com seu sorriso único, vestindo Jeans preta, uma blusa de lã rosa com gola e tênis preto.
-Pensei que nunca mais iria te ver – Ela me recebe com um forte abraço me fazendo dar um paço para trás, abraço-a fortemente pela cintura e fecho os olhos, com um alivio no peito em ver que ela estava bem.
-Que bom que você esta bem – Seu abraço era confortante – O que aconteceu aqui? – pergunto agora olhando diretamente para ela.
-Foi o Junior, ele fico descontrolado atacando todo mundo como aqueles alunos lá fora, todo mundo entro em pânico – Interrompo ela para tentar entender.
-Espera o Junior? – Minha expressão muda agora de tristeza para impressionado- Mas o Junior estava ferido e tinha desmaiado quando saímos como ele poderia – Desta vez ela me interrompe.
-Sim, depois que vocês saíram minutos depois ele levanto atacando todo mundo, mordendo foi horrível – Ela chorava ao me contar, e ao mesmo tempo soluçava.
-E como você conseguiu escapar? Alguém mais escapo? A Cha? – Agora estávamos sentado no chão úmido e gelado da sala de frente um pro outro.
-Muitos saíram correndo da sala, a Charlene foi uma delas – Carol me deixa Aliviado por um instante, mas fora daqui é mais perigoso ainda, não é para ficar tão Aliviado sabendo que agora ela pode estar correndo um perigo ainda maior. Continuou ela – Eu consegui sair também, me escondi nas primeiras salas desse pavilhão que estavam vazias, quando percebi que não havia mais ninguém na nossa sala eu voltei esperando por vocês.
-Eu entendo... Que bom que você esta bem Carol – Com um forte abraço a envolvo nos meus braços.
-E o Marcelo e o Jeferson? Cadê eles? – pergunta ela agora olhando para mim.
-Estão na enfermaria nos esperando, vamos levanta – Ajudo-a levantar para partirmos. Vou ate minha classe e esvazio minha mochila para o caso de eu precisar carregar alguma coisa.
Saindo da sala, fomos caminhando cautelosamente pelo pavilhão, olhando de canto quando íamos passar por uma sala. Foi então que decidimos ir mais rápido, começando a correr não muito rápido para não fazer barulho com os pés. O braço direito dela estava enroscado no meu braço esquerdo, ela deve ter visto cada coisa naquele momento que agora não queria ficar um minuto longe de alguém.
Chegando às escadas novamente, no saguão da escola havia uns dez espalhados, alguns andando desorientados olhando para cima e outros encostado nas paredes, outros estavam devorando um aluno no chão. Nós estávamos agachados atrás dos corrimãos da escada só observando o jeito deles se comportarem quando não se tem uma pessoa correndo apavorada.
-O que agente vai faze? – O som baixinho da voz de Carol ecoa nos meus ouvidos gelados.
-Não tenho idéia – Falo no mesmo tom sem ao menos olhar para ela – Mas temos que dar um jeito.
-A enfermaria fica passando por eles, não temos como fazer isso – disse ela numa voz rouca e seca.
-Tenho uma idéia, mas não é boa e eu nem sei se vai dar certo, mas é melhor que ficarmos parados – Agora eu estava olhando em seus olhos demonstrando que eu estava sendo realista – Vamos correr para o banheiro, passarmos por eles agora e correr o Maximo que pudermos e entrar no banheiro que fica perto da enfermaria.
-E como vamos sair do banheiro? – pergunta ela impressionada.
-Pelas janelas – ela me encara por um curto tempo, mas volta a olhar para o saguão – Olha não temos outro jeito, nós vamos conseguir – Tento transmitir um pouco de confiança para ela, e acho que consegui.
-Vamos então – Disse ela por fim.
Descemos as escadas mais lento possíveis sem fazer barulho, parece que eles não enxergam a longa distancia, eles se guiam apenas pelo barulho das pessoas. Chegando ao ultimo degrau respiramos fundo e começamos a correr em direção ao banheiro, passamos por três que estavam de costas, depois de notar nossa presença todos que estavam ali nos seguiram.
Para nossa sorte não havia ninguém no pavilhão dos banheiros, o pavilhão da enfermaria era logo atrás deste. A porta branca do banheiro estava completamente coberta por sangue, entramos sem olhar dentro para ver se tinha alguém dentro.
-Cadê a chave? – pergunta Carol atrás da porta, enquanto eu estava verificando os Box.
Quando chego ao ultimo Box um aluno todo ensangüentado me ataca atirando-se contra mim. Com seu empurrão eu bato de costas na pia do banheiro molhada, afasto-o sua boca cheia de sangue com meus braços. Ele era muito forte, aparentava ser do 3º ano, ele vestia uma jaqueta vermelha com cinza, abrigo azul marinho e cabelos pretos arrepiados porem encharcados de sangue.
-Cuidado – Grita Carol.
-Não fique ai e bloqueia a porta – Carol estava querendo me ajudar, mas se alguém não segura-se a porta todos entrariam e acabariam com a gente.
O empurro para trás, ele entra novamente no ultimo Box e cai de costas no vaso, mas logo torna a atacar. Desvio para o lado da parede o fazendo ir de frente para pia, seguro pelos cabelos e bato três vezes seu rosto contra a pia fazendo-o cair finalmente.
-Tudo bem? – pergunta Carol ainda bloqueando a porta.
-É tudo bem – Respondo numa voz rouca com a respiração acelerada.
Vou ate ela e fico ao seu lado de costas para porta, o peso da porta estava aumentando cada vez mais. Olhando para baixo e pensando em um jeito de sair, vejo uma claridade entrando pela janela do banheiro úmido. Bom era nossa única saída e duvido que haja outra.
-Carol ali... Pela janela vamos sair por ela, você vai que eu fico segurando a porta ate você sair – Meu corpo balançava para frente e para trás com as batidas na porta.
-Mas e você? Como você vai subir ali sem soltar a porta? – pergunta ela agora gritando.
-Não se preocupe eu consigo... – Dou uma piscadela, agora ela atava me encarando com uma expressão de tristeza, mas logo concorda comigo.
-Ta bem... -diz ela com uma voz fraca e seca.
Carol deixa a porta me fazendo sentir o peso aumentar ainda mais, coloco os pés na parede do Box que estava perto para empurrar ainda mais a porta. Carol estava em cima da pia do banheiro já subindo pela janela, ela me olha por um segundo e diz.
-Vamos Edward – Sua voz ecoa no banheiro de lajotas verde água.
-Pode ir... Estou logo atrás de você – Minha voz estava tremula.
Ela finalmente consegue sair pela janela liberando o caminho para mim. Bom hora de ir, mas Será que eu vou conseguir sair a tempo antes que essas pessoas entrem aqui e me devorem? Bom eu teria que arriscar, pois minhas forças estavam se esgotando, meus braços já estavam trêmulos de ficar segurando a porta.
-Vamos lá Edward, você consegue, no 3 – agora senti toda minha atenção voltada para a janela – 1 e 3.
Soltei a porta e com um pulo só subi na pia e dou uns três passos correndo ate chegar à janela. O banheiro é invadido por eles e seus gritos horrendos, eles correm para a janela subindo na pia e pelo chão, metade do meu corpo já estava fora do banheiro apenas minha perna esquerda eu não havia puxado. E para minha surpresa um deles conseguiu agarrar minha perna e tentar me puxar de volta para dentro do banheiro, com apenas um chute acerto seu rosto fazendo-o soltar finalmente me deixando sair.
Olho em volta e vejo alguns deles se aproximando pelo lado esquerdo, Carol já estava um pouco longe de mim. Corro pelos pastos que estavam sujos de sangue em direção a Carol.
-Vai Carol corre – Grito.
Avistando agora a enfermaria havia alguns perto dali, e o resto estava atrás de nós. Carol chega à porta e começa a bater pedindo ajuda, os que estavam perto ouviram seus gritos e correram na direção dela. Um pedaço do ferro da lixeira que ficava preso na parede estava caído perto de um dos pilares de tijolos avermelhados, corro ate ele e vou ajudar Carol.
-Por favor, abram essa porta – Seu grito estava escoando por todo pavilhão agora, alertando mais deles.
O primeiro que se aproximou de Carol eu o empurrei com a perna para trás, em seguida bati com o ferro na sua cabeça que o deixou inconsciente deixando o caminho livre para o outro que vinha atrás. Pegando a barra de lado bato com força no seu pescoço que o faz virar para trás, meu braço começa a doer sem parar pelas batidas, solto o ferro e vou ate a porta.
-Jeferson somos nós... Abre essa porta – Agora elevei minha voz, mas não foi mais alto que os gritos da Carol que estavam ao meu lado.
Mais deles estavam se aproximando de ambos os lados, nosso medo estava quase nos deixando malucos. Ficamos um de costas para o outro e vimos e ouvíamos nossa morte vinda pelo pavilhão tentando nos pegar, mas seria estupidez não tentar fazer alguma coisa. Mas éramos dois contra uns sete eu diria, ma se fosse para morrer tentando a hora seria essa.
-Entrem – Uma voz seca e falhada estava nos chamando, era Jeferson com uma faixa enrolada na cabeça e com uma expressão de desespero na face.
As batidas não paravam, uma atrás da outra, parecia milhões de pessoas batendo em tambores e nós podíamos sentir as batidas junto com as batidas aceleradas que estavam nossos corações. Carol estava pálida, uma cor branca invadiu sua face fazendo-a ficar tremula e com os olhos arregalados. Talvez tenha se passado a mesma coisa na cabeça dela como se passo na minha, achamos que era nossa vez de morrer ali.
-E ai vocês estão bem? – pergunta Jeferson agachando-se na minha frente com um copo de água.
-É eu to bem – Olho para Carol e vejo-a também sentada ao meu lado ainda com os olhos arregalados – Carol você esta bem? – Agora coloco a Mão em seu ombro, ela simplesmente balança a cabeça respondendo um sim, mas logo balança novamente afirmando que não.
Ela provavelmente já havia de passado por essa situação no momento em que resolveu sair da sala de aula, ela provavelmente não pensou que poderia passar pela mesma situação novamente tão cedo. Mas creio que se não sairmos dessa escola ainda hoje, temo que ainda vamos enfrentar coisa pior.
-Por que demoraram em abrir a porta? – Pergunto agora tomando um gole de água, Jeferson agora estava sentado na cadeira ao lado de Emily.
-Achamos que eram eles querendo entrar – Disse Marcelo sentado de pernas cruzadas no outro lado da sala.
-Mas quando ouvimos a voz de vocês, eu corri ate a porta – Diz ele explicando-se e tentando se desculpar – E também estávamos tentando encontrar um jeito de sair daqui sem abrir a porta – Termina ele olhando para Marcelo.
-Entendo... – Agora volto minha atenção para Emily – E você Emily, você esta bem? – Ela me olha com um sorriso meio torto e acena com a cabeça dizendo sim – Ótimo – Dou uma piscadela para a menina.
Levanto do chão úmido e sujo e vou ate a janela com grades para ver o tal jeito que eles pensaram em sair daqui. Carol levanta e senta-se ao lado de Emily, as duas trocam olhares rapidamente e logo Carol rompe o silencio entre as duas.
-Então seu nome é Emily – Diz ela dando um meio sorriso, Emily como sempre não é muito de falar apenas acena mais uma vez – É um lindo nome... Eu me chamo Carol – Emily apenas da um sorriso para ela e toca na sua mão tremula e fria.
-Acho que você conseguiu uma nova amiga Carol – Fiquei feliz por ver que Emily estava começando a confiar mais na gente o que era bom.
-É vamos ser grandes amigas não é? – Pergunta Carol olhando para ela.
-Sim – Dessa vez Emily respondeu.
Bons estavam todos reunidos, consegui pelo menos resgatar Carol daqueles canibais. Mas o que eu não parava de ficar pensando era se Charlene teria conseguido escapar, por que segundo a Carol ela havia conseguido sair da sala, mas teria conseguido sair da escola? Eu tinha que ter certeza não podia ficar em duvida sobre nada, principalmente agora.
Todos ali estavam muito assustados, será que ninguém sabe o que esta acontecendo aqui? Poxa essa escola esta um caos será que ninguém se importa em tentar ajudar? Ou todo mundo pensa que estamos mortos? Se esses malucos chegarem ate a cidade seria o fim, eles matariam acho mais da metade da cidade, milhões de pessoas inocentes morreriam sem saber por que essas pessoas estão dessa maneira.
De qualquer maneira, nós não podíamos entregar as cartas e deixar por isso mesmo. Eu não vou desistir agora que consegui salvar duas pessoas uma coisa que eu não faria nem mesmo se não estivéssemos nessa situação.
-Jeferson você falo algo sobre ter encontrado uma saída daqui – Viro-me para ele que estava de cabeça baixa sentado ao lado de Emily.
-E encontrei, o único jeito de sair é pelos dutos de ar da escola, existem poucos deles e aqui na enfermaria tem um que serve mais como saída de incêndio – Agora ele estava de pé mostrando o caminho encontrado, que estava em cima da prateleira onde se guardava os objetos de primeiros socorros.
-E você sabe aonde isso vai leva? – Agora era hora de ser otimista e pensar em todas as possibilidades que podem acontecer.
-Provavelmente para longe dessa sala cara, saindo daqui é o que conta- Ele estava certo, ficarmos aqui parado seria pura burrice, é esperar a morte de braços cruzados.
-Precisaríamos de alguma coisa para que sirva como arma, saindo daqui de mãos vazias também não é uma boa idéia – Agora qualquer coisa que desse para atacar esses malditos ajudaria, atacarmos eles de mão vazia é morrer da certa.
-Já pensamos nisso – Disse Marcelo levantando da cadeira e indo ate o armário.
Marcelo coloca na mesa as únicas coisas que eles conseguiram fazer como armas. Um cabo de vassoura eles cortaram no meio e colocaram laminas de tesoura prendida por uma fita preta resistente, havia dois cabos desses com lamina nas pontas como pequenas lanças. Também fizeram três pequenos Molotovis com garrafas de remédios que eles mesmos esvaziaram.
-Vejo que vocês pensaram em tudo – Adimito.
-Conseguimos nos virar sem você por perto – Diz Marcelo cruzando novamente os braços ao meu lado. Não entendi muito essa frase, mas espero que eu esteja enganado em uma coisa.
-Bom vamos sair daqui então – Hora de levantar acampamento e partir.
Pego alguns analgésicos e esparadrapos do armário e coloco na mochila, começamos a nos preparar para nossa fuga do colégio. Carol estava limpando o rosto na pia e enxugando com uma toalha branca, todos estavam ocupados, Jeferson estava desenhando um pequeno mapa da escola para nos situar onde poderíamos sair. Emily estava me ajudando colocando as coisas na minha mochila, mas Marcelo estava apenas sentado de braços cruzados apenas observando agente.
-É isso ai... Vamos embora – Vejo que todos estavam prontos, Jeferson e Marcelo ficaram com os dois pedaços de vassoura quebrados e eu com os molotovis na mochila.
Colocamos uma mesa pra subirmos alcançarmos o teto, Carol é a primeira a subir em seguida sobe Emily, logo depois eu e Jéferson. Marcelo fica de ultimo para fechar a tampa que havíamos aberto para subir. No tubo de alumínio começamos a rastejar de joelhos, sem saber ao certo para onde estávamos indo apenas seguíamos em frente, nossa respiração estava um pouco difícil estava muito abafado e úmido.
Cinco pessoas dentro de um dulto de ar que estava aparentemente desligado estavam ficando muito difícil ficar ali. O barulho do alumínio que fazia quando rastejávamos era difícil de não ouvir, provavelmente eles já teriam notado nossa presença ali.
-Ta muito quente – Diz Carol passando a mão na testa limpando o suor.
-Isso aqui ta parecendo uma sauna, quase não da pra respira – Concorda Jeferson atrás de mim.
Noto que Emily começa a respira fundo e alto, o seu suspiro ecoava pelo tubo parecia que estava lê faltando o ar, ela começo a diminuir a velocidade e foi parando na minha frente.
-Emily ta tudo bem? – Eu estava ao lado dela agora, vejo sua expressão de desespero e medo, seu cabelo liso e sedoso estava agora grudado em seu rosto pelo suor – Emily, o que houve? – Ela não respondia, apenas estava com a mão no peito e respirando cada vez mais alto.
-O que houve? – Pergunta Carol agora olhando para trás.
-Não sei a respiração dela ta muito acelerada – Agora eu estava ficando em pânico.
-Talvez ela tenha claustrofobia – Diz Jeferson.
-Não ela estava dentro de um armário quando eu a encontrei, não poderia ser isso – Nesse momento lembro que Alexandre quando era pequeno tinha ataques de falta de ar quando éramos pequenos – Ela tem Asma.
-Temos que tira-la daqui, ela precisar de ar – Diz Carol voltando a rastejar pelo Dulto.
-Continua Carol, eu a ajudo – Abraço Emily com meu braço esquerdo e a envolvo pela cintura para carregá-la.
Seguindo ajoelhados, Emily não parava de suspira alto, parecia que os suspiros estavam diminuindo a cada minuto eu não poderia deixá-la morrer não agora. Noto que Carol começa a rastejar mais rápido na minha frente, ela já estava uns dois passos de mim.
-Olhem ali tem uma luz, deve ser a saída... Vamos por aqui – Diz ela agora rastejando mais rápido.
-Calma Carol espera – Carol não ouviu meu pedido e continuou.
Quando Carol estava rastejando rápido de mais, a parte que ela estava no dulto quebra a fazendo cair. Segurando ainda o Dulto ela fica pendurada por uma mão, solto Emily e rastejo com cuidado o mais rápido possível ate ela. No momento em que ela foi cair, pulo de peito segurando sua mão.
-Peguei você – Digo segurando-a com os braços
-Me puxa Edward, não me deixe cair, por favor – Estávamos em cima de uma sala de aula, havia cinco deles em baixo dela, suas mãos escorregavam em sua calça jeans escura. Seus olhos estavam cheios de lagrimas agora pedindo para que eu não solta-se.
-Calma Carol... Ajudem aqui guris – Ela estava muito pesada, e ainda ficava mexendo as pernas para que os outros de baixo não a puxassem.
Jéferson segura minhas pernas pés para que eu não seja puxado junto, eu sentia minhas forças se esgotando, mas eu não podia a deixar morrer ali. Carol não parava de gritar e eu estava perdendo minhas forças, Jeferson não podia me soltar se não eu iria junto com ela, e Emily estava passando mal e Marcelo estava ali com ela.
-Jeferson... – Paro para respirar – Eu estou perdendo ela – Respiro fundo agora com os lábios apertados.
terça-feira, 7 de julho de 2009
3º Eles são muito Rápidos.
Pessoas estavam tentando abrir o portão do saguão que levaria ate este pátio. Os braços delas estavam passando pelas grades do portão, ele não estava trancado mais alguns segundos eles arrombariam e iriam vim correndo ate nós. Mas o que esses alunos tinham, estavam com raiva nos olhos e babando, pareciam pessoas que estavam morrendo de fome e nós éramos o prato do dia.
-Fica ai com ele... – corro ate o portão e vejo um pedaço de galho de arvore atirado no canto da parede, o coloco atravessado no portão para que agüente mais um pouco, mas era fino de mais e iria quebrar.
-Aquilo não vai agüenta muito tempo... – diz Marcelo colocando Jeferson no ombro.
-Então vamos...vamos sair pelo portão!
Chegando ao portão ele estava trancado por cadeado, não haveria como pular o portão por que em cima tinha arames que não permitia fuga de alunos da escola.
-Trancado... e agora? – diz Marcelo repondo o fôlego ao meu lado.
-O muro não da pra pula... É muito alto, agente não conseguiria atravessar com o Jeferson nesse estado... – Meu coração estava batendo cada vez mais rápido... Eu já não sabia mais o que pensar em fazer.
-Olha vamos entrar por aquela porta... Vamos o portão não vai agüenta muito Edward – Marcelo já estava correndo na minha frente, então corri para acompanhá-lo.
O portão rangia com a força deles querendo entrar, corremos e corremos ate uma porta de metal no canto do pátio. Um barulho estrondo de madeira quebrando chama minha atenção, o galho que eu havia colocado para trancar o portão finalmente quebra e eles invadem com tudo o pátio da escola.
Não podíamos correr muito, pois podia machucar Jéferson, a camiseta de Marcelo estava suja de sangue nas costas, escorria muito sangue da cabeça dele. Eles eram rápidos de mais, não conseguíamos ter uma distancia longa deles, mas mesmo assim não era motivo para desistir.
Sem ao menos olhar para trás chegamos ate a porta era uma porta cinza com cor de ferrugem, a maçaneta estava toda enferrujada também. Estávamos encurralados, não tínhamos outro lugar para correr, faltavam poucos metros para que nos alcançassem.
-Agente já era cara – diz Marcelo já entregando os pontos, mas não pra mim, nós não saímos daquela aula para ser morto no pátio da escola.
-Para trás Marcelo – Dou um forte chute contra a porta mas nada de abrir, então dando alguns passos para trás eu consigo arrombá-la, meu corpo entra com tudo com a força que eu fiz – Vamos! – grito.
Fechando a porta corro ate uma mesa que avia ali ao lado e empurro contra a porta para bloqueá-la. Marcelo coloca Jeferson no chão e senta ao lado dele para descansar, nossa respiração acelerada ecoava por toda sala em que nós estávamos, alias estávamos dentro do refeitório da escola na parte da cozinha.
-Essa... Passo raspando – Marcelo não conseguia falar depressa por estar exausto da correria, a respiração acelerada estava em nós dois.
-É – sento em uma cadeira e fico com a cabeça baixa olhando para o chão – O que esta acontecendo aqui?...será que todo mundo fico maluco? – pergunto indo em direção ao vidro onde a merendeira entregava os pratos de comida para os alunos.
Através do vidro pude ver o refeitório totalmente destruído e bagunçado, comida espalhada pelo chão, as paredes brancas e limpas, estavam sujas por manchas de sangue, corpos estavam espalhados, alguns dilacerados com possas de sangue por todo lugar.
Ate ontem tudo era normal, 08h00min hora da entrada 10h30min o recreio e 12h30min a saída, alunos nos corredores conversando, jogando, rindo, brincando, time do futebol da escola treinando no ginásio, mas agora parece que isso não vai mais acontecer. Nunca pensei que veria isso na vida real, queria poder fechar os olhos e acorda na minha aula de novo como tudo era antes, o professor explicando o conteúdo no quadro, os meus amigos se atirando bolinhas de papel, na hora da prova as colas indispensáveis.
-Edward temos que chega ate a enfermaria, lá tem curativos e remédios, a cabeça dele não para de sangrar – Diz Marcelo colocando Jeferson novamente no seu ombro.
-Boa idéia... Vamos – fomos em direção a porta que levava a saída do refeitório com muita cautela.
Antes de sair pego uma faca que estava em cima da mesa cravada em um pedaço de carne crua em cima de uma tabua na mesa. Abro a porta e saímos lentamente, nos deparamos com uma cena horrível. O corredor estava cheio de corpos atirados uns em cima dos outros, e alguns dilacerados faltando partes do corpo. Não podíamos correr por que poderíamos resvalar no sangue e fazer o maior barulho, já que não havia ninguém nele, não podíamos chamar atenção com um escorregão.
Caminhando pelo corredor lentamente desviando dos corpos no caminho, passamos pela sala da 6º serie, havia dois deles dilacerando uma menina na mesa da professora, suas tripas estavam a mostra.
Quando vi aquilo veio uma imagem na cabeça de lobos famintos devorando um pedaço de carne, Marcelo também fica impressionado. Se fizéssemos o mínimo ruído eles perceberiam nossa presença ali. Olho para Marcelo e faço gestos com a mão para continuarmos sem os menos falar nada, ele apenas balança a cabeça e continua a caminhar.
A enfermaria já esta perto, temos que passar por mais três aulas. Marcelo começa a perder a força por caminhar com Jéferson por tanto tempo desviando de braços e pernas no corredor, estava muito difícil de caminhar por ali sem fazer barulho, foi verdadeiramente uma carnificina nessa escola.
Marcelo escorrega numa possa de sangue e bate de costas contra parede, não houve muito barulho, mas se ele cai-se no chão seria o fim. Ele permaneceu grudado na parede sem mover um músculo, o suor estava por todo seu rosto, ele sabia que estávamos muito perto de ficar como os corpos que estavam ali no corredor se fizemos barulho.
-Calma, levanta... - O ajudo a levanta falando baixinho.
Ele respira fundo e começa a caminhar novamente, estamos chegando perto da aula da 2º serie, vejo um deles se debatendo contra um armário, ele gritava e batia com os braços fortemente tentando abrir, foi ai que eu consegui ouvir, choros, e ao que aparentava ser de uma criança. Fico sem sabe o que fazer, meu amigo estava machucado e inconsciente nas costas do meu outro amigo que estava exausto de carregá-lo.
Mas se ele conseguisse abrir o armário ele mataria uma criança inocente sendo que eu poderia salva-la ali naquele instante. Droga a enfermaria esta logo na nossa frente, mas se eu for ele vai pega-la.
-O que esta fazendo? - Marcelo não disse nada, apenas mexeu os lábios, mas eu pude entender o que ele queria.
-Vai à frente – faço gestos com os braços para ele seguir em frente.
-Por quê? – Aquela era a pior hora para explicações então eu continuei.
-Vá... Vá logo – finalmente ele entende e continua para a enfermaria.
Entro na sala de aula e vejo um garoto com aparência de Doze anos se debatendo contra o armário, ele vestia um moletom verde escuro que estava rasgado no braço e sujo de sangue, e bermudas jeans. Vou lentamente ate ele pra golpeá-lo de uma só vez na cabeça com a faca que peguei na cozinha. Eu sabia, tem alguém ali preso, e estava chorando. Aproximo-me dele mas por descuido piso em uma madeira de uma mesa que estava quebrada fazendo o maior barulho, ele vira rapidamente para trás apenas gruindo.
Sua expressão me fez tremer por segundo, mas não me contive, coloquei toda força no meu braço e cravei a faca no seu peito, mas não adianto de nada. Com um forte empurrão ele me joga contra o quadro negro logo atrás, ele tentava morder meu peito, mas eu afastava seu rosto com meus braços. Acerto com o joelho seu estomago que o faz recua, quando ele ataca novamente pego a lixeira que estava do meu lado e bato com tudo no seu rosto, ele fica meio tonto, mas torna e me atacar.
Nesse momento pego outro pedaço de madeira que havia ali e fico com sua ponta feito estaca no seu olho, seu grito ecoava pela aula e isso chamou a atenção de mais deles, o silencio e a cautela foram quebrados, na janela da aula cinco começaram a quebrar o vidro tentando entrar. Abri o armário rapidamente acabei encontrando uma menina, ela tinha cabelo preto e liso, com uma calça jeans e uma blusa rosa da Hello Kit chorando, seu rosto suado e molhado de lagrimas e suor.
-Calma ta tudo bem... Vem comigo – Estendo os braços para ela e no mesmo momento a menina da um pulo se abraçando em mim.
Os malditos estavam quase entrando pelos buracos na janela, corro para fora da aula, mas havia mais deles já vindo pelo corredor. Vejo Marcelo ainda no corredor chegando à enfermaria, começo a correr na sua direção tentando não cair nas possas de sangue que havia no corredor.
A menina não mexia um músculo de tanto medo que estava sentindo, seu rosto estava grudado em meu peito, eu podia sentir a respiração acelerada dela nos meus braços tensos, mas tentando mate-los firmes.
-Entra Marcelo – Meu grito ecoou por todo corredor, mas quase não pode ser ouvido por causa dos outros gritos vindo na nossa frente e atrás.
Ele finalmente abre a porta, entramos rapidamente, solto a menina e ela corre para se esconder atrás de uma mesa. Tranco com a chave e ainda coloco um banco contra porta, eles não conseguiriam entrar aqui, pois essa porta é de uma madeira grossa e muito resistente, e as janelas eram reforçadas por fora por grades.
Sento na cadeira olhando diretamente para o teto, tentando me acalmar. Esse dia esta sendo terrível aqui na escola, será que alguém esta tomando alguma providencia? Alguém deve estar sabendo disso tudo aqui e se não sabem uma hora vão ter que saber. Lembro da menina em que eu acabei de salvar, olho para os lados e vejo-a olhando para mim de trás de uma mesa no chão.
-Oi... E ai tudo bem? Venha ate aqui... – estendo o braço tentando parecer calmo e tranqüilo.
Ela sai lentamente de trás da mesa e vem ate mim, com as mãos para trás ela olha para mim com o rosto sujo se suor, seu cabelo estava grudando no seu rosto pela umidade de suas lagrimas.
-Qual é seu nome? – Ela ao menos conseguia falar, mas depois de alguns segundos ela responde gaguejando.
-E... Emily.
-É um bonito nome, eu sou Edward – coloco a mão no peito me apresentando – Você esta bem? – Ela balança a cabeça respondendo que sim, mas ao mesmo tempo balança de volta respondendo que não.
-Edward me ajuda aqui – diz Marcelo ao lado de Jeferson que estava em cima da mesa deitado.
-Eu já volto... Senta ai e descansa – ela reponde balançando a cabeça novamente dizendo que sim.
Vejo que ele estava perdendo muito sangue, o corte havia sido muito profundo, mas havia jeito de fazer um curativo para estocar o sangue, meu irmão me ensinou um pouco de primeiros socorros quando ele estava no exercito, e agora seria muito útil.
-Marcelo me ajuda aqui – colocamos Jeferson sentado na mesa enquanto eu pegava os curativos.
Limpo bem sua nuca com algodão molhado, depois coloco um pouco de mertiolate, passo por fim uma faixa branca de algodão em volta da sua cabeça, e coloco fitas pra prender, não posso fazer muita coisa, pois posso fazer algo errado. Depois de terminado lavo as mãos e tomo um pouco de água, levo um copo para Emily junto com um pano úmido, limpo todo seu rosto tirando o suor, levanto sua franja e vejo um corte bem feio na sua testa, aproveito e já faço um curativo.
Marcelo vai ate a parte do fundo da sala pra ver se acha alguma coisa que sirva como arma, mas não encontra nada. Fico sentado ao lado de Emily pensando em o que faríamos a partir de agora, aonde iríamos? Como sairíamos dessa sala? Emily puxa minha camiseta e apontando na direção de Jeferson.
-O que foi Emily?
Jeferson estava levantando da mesa, com uma cara de perdido sem noção de onde ele estava.
-Nossa cara que sonho mais estranho... Eu sonhei que agente tava descendo pelo mastro da bandeira da escola fugindo da nossa sala de aula por que uns malucos queriam nos matar a mordidas e... – acho que ele se toca depois que viu onde estava e minha expressão de cansado e minha roupa suja – Pêra ai... Isso aconteceu mesmo?
-É infelizmente sim... Como esta se sentindo? – pergunto.
-Minha cabeça ta explodindo... Cadê o Marcelo? – pergunta Jeferson olhando com a maior cara de perdido pra mim.
-Aqui... Ainda bem que você acordou cara, não agüentava mais carregar você nas costas – Marcelo estava encostado ao lado da prateleira de remédios.
-Foi mal – Jeferson da um risinho para não estragar o clima, mas ele não consegue fazer isso – O que aconteceu lá na aula na hora em que saímos em?
O silencio invade a sala.
-Devemos voltar ate lá e ver se tem alguém vivo – Era a coisa que eu mais queria naquele momento, meus amigos estavam lá, a Cha minha melhor amiga estava lá, não podia simplesmente esquecer.
-Acho que é pura perca de tempo, já é tarde de mais – diz Marcelo pouco se importando com os outros.
-Como pode dizer isso sem ao menos ter certeza? – Emily se assustou com meu tom de voz que se encolheu na cadeira.
Mais uma vez o silencio permaneceu, mas eu não dependo deles para saber se meus amigos lá estavam seguros. Eu preciso saber, mesmo que eu tenha que me arriscar, é meus amigos poxa.
-Então vai ser assim... Vocês tentam sair daqui com a Emily que eu vou ate nossa aula.
-Você vai morrer na metade do caminho – diz Marcelo olhando para o lado.
-Prefiro morrer tentando a fica de braços cruzados esperando a morte chega feito um covarde como você Marcelo – Dessa vez eu o encarei nos olhos.
Ele me encarou por alguns minutos e se desencostou da prateleira como se fosse me atacar. Jeferson mais uma vez quebra o silencio que ficou entre agente.
-Cara não faz isso... Você por sorte conseguiu chegar aqui vivo, quem dirá ate nossa sala – Por um lado ele estava certo, tive muita sorte.
-É com essa mesma sorte que eu vou arriscar de novo – Pego minha faca e a coloco na cintura.
-Então eu vou com você Edward – diz Jeferson levantando da mesa.
-Você acabou de se recuperar, se você for vai só me atrapalhar, é melhor você ficar aqui e cuidar da Emily – começo a retirar o Sofá da porta, já que as batidas na porta haviam parado era a oportunidade de sair.
-Cara você é muito convencido – Diz Jeferson.
-Emily eu vou voltar assim que eu puder viu? Eles vão fica aqui com você – Me ajoelho na sua frente, ela se abraça em mim chorando, me dava pena de ver ela daquele jeito, mas eu não poderia levá-la, ela poderia morrer.
-Minha professora ela disse a mesma coisa antes de me trancar no armário... – disse ela sem ao menos me olhar.
-Como assim Emily? – pergunto afastando ela de junto do meu peito para ver seu rosto.
-Ela me tranco no armário e disse que voltaria para procurar ajuda, mas não voltou, e o mesmo vai acontecer com você! – Essa historia me fez engolir seco.
-Isso não vai acontecer, eu vou voltar – dou uma piscadela pra ela – Jeferson toma conta dela viu.
-Bom eu nunca fui baba, mas eu vou dar um jeito- Jéferson responde rindo - Claro que cuido cara, como não poderia depois do que vocês fizeram por mim, mas você se cuida mais ainda!
-Pode deixar... – Vou ate a porta e a abro lentamente empunhando a faca.
No corredor, uma sensação horrível de morte estava me envolvendo, o sopro de morte estava na minha orelha que fazia eu tremer ate a espinha. Bom mas agora não é hora de ficar com medo, vamos em frente. Olho para trás e vejo Emily me observando pela fresta da porta que estava se fechando pouco a pouco, Marcelo estava no fundo da sala de braços cruzados e logo ele deu um pequeno sorriso malicioso.
-Vamos lá!
-Fica ai com ele... – corro ate o portão e vejo um pedaço de galho de arvore atirado no canto da parede, o coloco atravessado no portão para que agüente mais um pouco, mas era fino de mais e iria quebrar.
-Aquilo não vai agüenta muito tempo... – diz Marcelo colocando Jeferson no ombro.
-Então vamos...vamos sair pelo portão!
Chegando ao portão ele estava trancado por cadeado, não haveria como pular o portão por que em cima tinha arames que não permitia fuga de alunos da escola.
-Trancado... e agora? – diz Marcelo repondo o fôlego ao meu lado.
-O muro não da pra pula... É muito alto, agente não conseguiria atravessar com o Jeferson nesse estado... – Meu coração estava batendo cada vez mais rápido... Eu já não sabia mais o que pensar em fazer.
-Olha vamos entrar por aquela porta... Vamos o portão não vai agüenta muito Edward – Marcelo já estava correndo na minha frente, então corri para acompanhá-lo.
O portão rangia com a força deles querendo entrar, corremos e corremos ate uma porta de metal no canto do pátio. Um barulho estrondo de madeira quebrando chama minha atenção, o galho que eu havia colocado para trancar o portão finalmente quebra e eles invadem com tudo o pátio da escola.
Não podíamos correr muito, pois podia machucar Jéferson, a camiseta de Marcelo estava suja de sangue nas costas, escorria muito sangue da cabeça dele. Eles eram rápidos de mais, não conseguíamos ter uma distancia longa deles, mas mesmo assim não era motivo para desistir.
Sem ao menos olhar para trás chegamos ate a porta era uma porta cinza com cor de ferrugem, a maçaneta estava toda enferrujada também. Estávamos encurralados, não tínhamos outro lugar para correr, faltavam poucos metros para que nos alcançassem.
-Agente já era cara – diz Marcelo já entregando os pontos, mas não pra mim, nós não saímos daquela aula para ser morto no pátio da escola.
-Para trás Marcelo – Dou um forte chute contra a porta mas nada de abrir, então dando alguns passos para trás eu consigo arrombá-la, meu corpo entra com tudo com a força que eu fiz – Vamos! – grito.
Fechando a porta corro ate uma mesa que avia ali ao lado e empurro contra a porta para bloqueá-la. Marcelo coloca Jeferson no chão e senta ao lado dele para descansar, nossa respiração acelerada ecoava por toda sala em que nós estávamos, alias estávamos dentro do refeitório da escola na parte da cozinha.
-Essa... Passo raspando – Marcelo não conseguia falar depressa por estar exausto da correria, a respiração acelerada estava em nós dois.
-É – sento em uma cadeira e fico com a cabeça baixa olhando para o chão – O que esta acontecendo aqui?...será que todo mundo fico maluco? – pergunto indo em direção ao vidro onde a merendeira entregava os pratos de comida para os alunos.
Através do vidro pude ver o refeitório totalmente destruído e bagunçado, comida espalhada pelo chão, as paredes brancas e limpas, estavam sujas por manchas de sangue, corpos estavam espalhados, alguns dilacerados com possas de sangue por todo lugar.
Ate ontem tudo era normal, 08h00min hora da entrada 10h30min o recreio e 12h30min a saída, alunos nos corredores conversando, jogando, rindo, brincando, time do futebol da escola treinando no ginásio, mas agora parece que isso não vai mais acontecer. Nunca pensei que veria isso na vida real, queria poder fechar os olhos e acorda na minha aula de novo como tudo era antes, o professor explicando o conteúdo no quadro, os meus amigos se atirando bolinhas de papel, na hora da prova as colas indispensáveis.
-Edward temos que chega ate a enfermaria, lá tem curativos e remédios, a cabeça dele não para de sangrar – Diz Marcelo colocando Jeferson novamente no seu ombro.
-Boa idéia... Vamos – fomos em direção a porta que levava a saída do refeitório com muita cautela.
Antes de sair pego uma faca que estava em cima da mesa cravada em um pedaço de carne crua em cima de uma tabua na mesa. Abro a porta e saímos lentamente, nos deparamos com uma cena horrível. O corredor estava cheio de corpos atirados uns em cima dos outros, e alguns dilacerados faltando partes do corpo. Não podíamos correr por que poderíamos resvalar no sangue e fazer o maior barulho, já que não havia ninguém nele, não podíamos chamar atenção com um escorregão.
Caminhando pelo corredor lentamente desviando dos corpos no caminho, passamos pela sala da 6º serie, havia dois deles dilacerando uma menina na mesa da professora, suas tripas estavam a mostra.
Quando vi aquilo veio uma imagem na cabeça de lobos famintos devorando um pedaço de carne, Marcelo também fica impressionado. Se fizéssemos o mínimo ruído eles perceberiam nossa presença ali. Olho para Marcelo e faço gestos com a mão para continuarmos sem os menos falar nada, ele apenas balança a cabeça e continua a caminhar.
A enfermaria já esta perto, temos que passar por mais três aulas. Marcelo começa a perder a força por caminhar com Jéferson por tanto tempo desviando de braços e pernas no corredor, estava muito difícil de caminhar por ali sem fazer barulho, foi verdadeiramente uma carnificina nessa escola.
Marcelo escorrega numa possa de sangue e bate de costas contra parede, não houve muito barulho, mas se ele cai-se no chão seria o fim. Ele permaneceu grudado na parede sem mover um músculo, o suor estava por todo seu rosto, ele sabia que estávamos muito perto de ficar como os corpos que estavam ali no corredor se fizemos barulho.
-Calma, levanta... - O ajudo a levanta falando baixinho.
Ele respira fundo e começa a caminhar novamente, estamos chegando perto da aula da 2º serie, vejo um deles se debatendo contra um armário, ele gritava e batia com os braços fortemente tentando abrir, foi ai que eu consegui ouvir, choros, e ao que aparentava ser de uma criança. Fico sem sabe o que fazer, meu amigo estava machucado e inconsciente nas costas do meu outro amigo que estava exausto de carregá-lo.
Mas se ele conseguisse abrir o armário ele mataria uma criança inocente sendo que eu poderia salva-la ali naquele instante. Droga a enfermaria esta logo na nossa frente, mas se eu for ele vai pega-la.
-O que esta fazendo? - Marcelo não disse nada, apenas mexeu os lábios, mas eu pude entender o que ele queria.
-Vai à frente – faço gestos com os braços para ele seguir em frente.
-Por quê? – Aquela era a pior hora para explicações então eu continuei.
-Vá... Vá logo – finalmente ele entende e continua para a enfermaria.
Entro na sala de aula e vejo um garoto com aparência de Doze anos se debatendo contra o armário, ele vestia um moletom verde escuro que estava rasgado no braço e sujo de sangue, e bermudas jeans. Vou lentamente ate ele pra golpeá-lo de uma só vez na cabeça com a faca que peguei na cozinha. Eu sabia, tem alguém ali preso, e estava chorando. Aproximo-me dele mas por descuido piso em uma madeira de uma mesa que estava quebrada fazendo o maior barulho, ele vira rapidamente para trás apenas gruindo.
Sua expressão me fez tremer por segundo, mas não me contive, coloquei toda força no meu braço e cravei a faca no seu peito, mas não adianto de nada. Com um forte empurrão ele me joga contra o quadro negro logo atrás, ele tentava morder meu peito, mas eu afastava seu rosto com meus braços. Acerto com o joelho seu estomago que o faz recua, quando ele ataca novamente pego a lixeira que estava do meu lado e bato com tudo no seu rosto, ele fica meio tonto, mas torna e me atacar.
Nesse momento pego outro pedaço de madeira que havia ali e fico com sua ponta feito estaca no seu olho, seu grito ecoava pela aula e isso chamou a atenção de mais deles, o silencio e a cautela foram quebrados, na janela da aula cinco começaram a quebrar o vidro tentando entrar. Abri o armário rapidamente acabei encontrando uma menina, ela tinha cabelo preto e liso, com uma calça jeans e uma blusa rosa da Hello Kit chorando, seu rosto suado e molhado de lagrimas e suor.
-Calma ta tudo bem... Vem comigo – Estendo os braços para ela e no mesmo momento a menina da um pulo se abraçando em mim.
Os malditos estavam quase entrando pelos buracos na janela, corro para fora da aula, mas havia mais deles já vindo pelo corredor. Vejo Marcelo ainda no corredor chegando à enfermaria, começo a correr na sua direção tentando não cair nas possas de sangue que havia no corredor.
A menina não mexia um músculo de tanto medo que estava sentindo, seu rosto estava grudado em meu peito, eu podia sentir a respiração acelerada dela nos meus braços tensos, mas tentando mate-los firmes.
-Entra Marcelo – Meu grito ecoou por todo corredor, mas quase não pode ser ouvido por causa dos outros gritos vindo na nossa frente e atrás.
Ele finalmente abre a porta, entramos rapidamente, solto a menina e ela corre para se esconder atrás de uma mesa. Tranco com a chave e ainda coloco um banco contra porta, eles não conseguiriam entrar aqui, pois essa porta é de uma madeira grossa e muito resistente, e as janelas eram reforçadas por fora por grades.
Sento na cadeira olhando diretamente para o teto, tentando me acalmar. Esse dia esta sendo terrível aqui na escola, será que alguém esta tomando alguma providencia? Alguém deve estar sabendo disso tudo aqui e se não sabem uma hora vão ter que saber. Lembro da menina em que eu acabei de salvar, olho para os lados e vejo-a olhando para mim de trás de uma mesa no chão.
-Oi... E ai tudo bem? Venha ate aqui... – estendo o braço tentando parecer calmo e tranqüilo.
Ela sai lentamente de trás da mesa e vem ate mim, com as mãos para trás ela olha para mim com o rosto sujo se suor, seu cabelo estava grudando no seu rosto pela umidade de suas lagrimas.
-Qual é seu nome? – Ela ao menos conseguia falar, mas depois de alguns segundos ela responde gaguejando.
-E... Emily.
-É um bonito nome, eu sou Edward – coloco a mão no peito me apresentando – Você esta bem? – Ela balança a cabeça respondendo que sim, mas ao mesmo tempo balança de volta respondendo que não.
-Edward me ajuda aqui – diz Marcelo ao lado de Jeferson que estava em cima da mesa deitado.
-Eu já volto... Senta ai e descansa – ela reponde balançando a cabeça novamente dizendo que sim.
Vejo que ele estava perdendo muito sangue, o corte havia sido muito profundo, mas havia jeito de fazer um curativo para estocar o sangue, meu irmão me ensinou um pouco de primeiros socorros quando ele estava no exercito, e agora seria muito útil.
-Marcelo me ajuda aqui – colocamos Jeferson sentado na mesa enquanto eu pegava os curativos.
Limpo bem sua nuca com algodão molhado, depois coloco um pouco de mertiolate, passo por fim uma faixa branca de algodão em volta da sua cabeça, e coloco fitas pra prender, não posso fazer muita coisa, pois posso fazer algo errado. Depois de terminado lavo as mãos e tomo um pouco de água, levo um copo para Emily junto com um pano úmido, limpo todo seu rosto tirando o suor, levanto sua franja e vejo um corte bem feio na sua testa, aproveito e já faço um curativo.
Marcelo vai ate a parte do fundo da sala pra ver se acha alguma coisa que sirva como arma, mas não encontra nada. Fico sentado ao lado de Emily pensando em o que faríamos a partir de agora, aonde iríamos? Como sairíamos dessa sala? Emily puxa minha camiseta e apontando na direção de Jeferson.
-O que foi Emily?
Jeferson estava levantando da mesa, com uma cara de perdido sem noção de onde ele estava.
-Nossa cara que sonho mais estranho... Eu sonhei que agente tava descendo pelo mastro da bandeira da escola fugindo da nossa sala de aula por que uns malucos queriam nos matar a mordidas e... – acho que ele se toca depois que viu onde estava e minha expressão de cansado e minha roupa suja – Pêra ai... Isso aconteceu mesmo?
-É infelizmente sim... Como esta se sentindo? – pergunto.
-Minha cabeça ta explodindo... Cadê o Marcelo? – pergunta Jeferson olhando com a maior cara de perdido pra mim.
-Aqui... Ainda bem que você acordou cara, não agüentava mais carregar você nas costas – Marcelo estava encostado ao lado da prateleira de remédios.
-Foi mal – Jeferson da um risinho para não estragar o clima, mas ele não consegue fazer isso – O que aconteceu lá na aula na hora em que saímos em?
O silencio invade a sala.
-Devemos voltar ate lá e ver se tem alguém vivo – Era a coisa que eu mais queria naquele momento, meus amigos estavam lá, a Cha minha melhor amiga estava lá, não podia simplesmente esquecer.
-Acho que é pura perca de tempo, já é tarde de mais – diz Marcelo pouco se importando com os outros.
-Como pode dizer isso sem ao menos ter certeza? – Emily se assustou com meu tom de voz que se encolheu na cadeira.
Mais uma vez o silencio permaneceu, mas eu não dependo deles para saber se meus amigos lá estavam seguros. Eu preciso saber, mesmo que eu tenha que me arriscar, é meus amigos poxa.
-Então vai ser assim... Vocês tentam sair daqui com a Emily que eu vou ate nossa aula.
-Você vai morrer na metade do caminho – diz Marcelo olhando para o lado.
-Prefiro morrer tentando a fica de braços cruzados esperando a morte chega feito um covarde como você Marcelo – Dessa vez eu o encarei nos olhos.
Ele me encarou por alguns minutos e se desencostou da prateleira como se fosse me atacar. Jeferson mais uma vez quebra o silencio que ficou entre agente.
-Cara não faz isso... Você por sorte conseguiu chegar aqui vivo, quem dirá ate nossa sala – Por um lado ele estava certo, tive muita sorte.
-É com essa mesma sorte que eu vou arriscar de novo – Pego minha faca e a coloco na cintura.
-Então eu vou com você Edward – diz Jeferson levantando da mesa.
-Você acabou de se recuperar, se você for vai só me atrapalhar, é melhor você ficar aqui e cuidar da Emily – começo a retirar o Sofá da porta, já que as batidas na porta haviam parado era a oportunidade de sair.
-Cara você é muito convencido – Diz Jeferson.
-Emily eu vou voltar assim que eu puder viu? Eles vão fica aqui com você – Me ajoelho na sua frente, ela se abraça em mim chorando, me dava pena de ver ela daquele jeito, mas eu não poderia levá-la, ela poderia morrer.
-Minha professora ela disse a mesma coisa antes de me trancar no armário... – disse ela sem ao menos me olhar.
-Como assim Emily? – pergunto afastando ela de junto do meu peito para ver seu rosto.
-Ela me tranco no armário e disse que voltaria para procurar ajuda, mas não voltou, e o mesmo vai acontecer com você! – Essa historia me fez engolir seco.
-Isso não vai acontecer, eu vou voltar – dou uma piscadela pra ela – Jeferson toma conta dela viu.
-Bom eu nunca fui baba, mas eu vou dar um jeito- Jéferson responde rindo - Claro que cuido cara, como não poderia depois do que vocês fizeram por mim, mas você se cuida mais ainda!
-Pode deixar... – Vou ate a porta e a abro lentamente empunhando a faca.
No corredor, uma sensação horrível de morte estava me envolvendo, o sopro de morte estava na minha orelha que fazia eu tremer ate a espinha. Bom mas agora não é hora de ficar com medo, vamos em frente. Olho para trás e vejo Emily me observando pela fresta da porta que estava se fechando pouco a pouco, Marcelo estava no fundo da sala de braços cruzados e logo ele deu um pequeno sorriso malicioso.
-Vamos lá!
sexta-feira, 3 de julho de 2009
2º Deve haver uma saida!
A cada passo que ele dava, parecia que meu coração estava mais perto de sair pela boca ao ver sua expressão. Puxo Marcelo para dentro cravando meus dedos no braço dele. Faltando poucos metros pra nos alcançar entramos na sala batendo a porta bloqueando-a de costas, uma batida forte faz meu corpo ir pra frente e volta contra a porta, todos me olharam apavorados sem saber o que estava acontecendo.
-Me ajudem aqui rápido... - Minha voz estava quase sumindo pelo pânico que eu estava sentindo.
Junior, Jeferson e mais dois vieram pra bloquear a porta, nos sentíamos as batidas do professor gritando sem parar, todos ficaram com os olhos arregalados sem reação. Charlene levanta lentamente vendo que não estávamos brincando, a única coisa que eu sabia era que não podíamos o deixar entrar de qualquer maneira. Às batidas estavam ficando mais intensas e o peso da porta estava aumentando, o que dava a entender que não era apenas o professor do lado de fora querendo entrar. Nos não estávamos conseguindo aguentar mais, por um momento vejo o armário onde os professores onde guardavam alguns de seus materiais – Segurem firme ai – Deixo a porta por alguns minutos para poder arrastar o armário ate lá, no momento em que comecei a empurrar Charlene e Carol vieram para ajudar.
-O que houve? – pergunta Charlene sem entender nada, fazendo força para empurrar o armário que estava muito pesado.
-Não sei, mas não podemos deixar que eles entrem.
Pronto, estávamos seguros por enquanto, o armário se mexia levemente com as batidas, impossível alguém entrar aqui. Ficamos parados diante do armário marrom de porta dupla, gritos e mais gritos por trás da porta. Espero que os outros alunos estejam bem e a salvo dentro de suas salas. O silencio permaneceu por alguns segundos, ninguém mais estava sentado nos seus lugares, todos ficaram olhando atentamente para a porta, outros começaram discutir e uns a me perguntar o que estava acontecendo. Sinto que estava começando a perder o equilíbrio e as pernas ficando tremulas, caminho procurando uma cadeira passando por todos. Não escuto nada, somente as batidas do meu coração acelerado, fico tentando processar e tentando acreditar em tudo que eu acabei de ver.
-Você esta bem?- Pergunta Charlene ajoelhando-se em minha frente.
-Eu... Estou bem – Respondo com a voz roca – Eu... Eu só... Preciso de um minuto ta bom?
-Você esta tremendo – Ela toca no meu peito – Edward, seu coração esta acelerado, o que houve fala pra mim – Ela estava realmente preocupada comigo.
Levanto em um salto e abraço ela fortemente, seu corpo estava quente, que transmitia um aspecto de proteção enquanto eu estava em volta de seus braços. Será que tudo o que eu vi há alguns minutos era real? O professora abrindo o estomago da menina ao meio, devorando suas tripas, o medo que eu senti naquela hora... Não tem como descrever. Eu nunca tinha visto ninguém morrer antes, muito menos ser estripada na minha frente, eu acho que nenhuma pessoa normal iria encarar numa boa. Solto Charlene e encosto na parede sentindo um pouco de desequilíbrio.
-Edward, o que esta acontecendo?- Chega Carol ao lado de Charlene.
-Eu... Não sei direito – Tento montar a melhor explicação em minha mente, mas eu estava tão apavorado que a cena não saia de minha cabeça.
-O que são essas batidas? Quem esta tentando entrar aqui? – Acho que eu não era o único a ficar preocupado e assustado, eu sabia que tinha q dar explicações, mas ninguém acreditaria e tentariam abrir a porta novamente.
-Cadê o Marcelo? – Pergunta Carol correndo o olhar em toda sala, quando o avista sentando na classe com a cabeça pra baixo – Marcelo vem aqui e nos explica o que aconteceu – Ele aproxima-se lentamente, enquanto todos faziam silencio eu observo o que ele iria falar.
-O professor Redi e mais dois alunos... – Deu uma pausa e continuou – Estavam estripando uma aluna no corredor – Olho em volta a expressão de todos sem entender nada, estripar? Como uma pessoa faria uma coisa dessas ainda no meio da escola, era o que deviam estar pensando – Então eles nos viram parados na porta e correram, acho que iriam fazer o mesmo com todos nós se o Edward não tivesse bloqueado a porta - Termina ele.
-Como isso é possível? – Pergunta Nathiele assustada – Como vamos sair agora? – Ótima pergunta, a única saída era a porta e estávamos no segundo piso da escola.
Fui o fundo da aula e comecei a procurar um jeito de sair. Deslizo a janela para o lado e sinto o vento batendo em meu rosto, um vento frio e húmido. A minha direita estava o mastro das bandeiras da escola, se conseguíssemos chegar ate eles poderíamos deslizar ate o chão do pátio que estava vazio?
-O que esta acontecendo... Olhem o que eles estão fazendo! – Larissa estava no outro lado da aula olhando pela janela, onde dava para ver o pátio da entrada da escola.
-Oh Meu Deus... O que estão fazendo? – Agora Charlene e toda aula estava grudada no vidro da janela presenciando o que eu e Marcelo havíamos visto no corredor.
Todos os alunos e professores estavam correndo rapidamente para a saída da escola, mas os portes estavam lacrados como sempre. Quando o sinal toca os portes fecham-se e só abrem ao meio dia quando os alunos são liberados para irem embora, caso contrario não havia como sair da escola. Outros alunos estavam agindo como o professor parecia que estavam com alguma espécie de raiva, seja lá o que for estava fazendo todos se machucarem e acabarem mortos no meio da escola. Era assustador como se movimentavam rapidamente, a velocidade e a força com a qual jogavam as pessoas ao chão e as devorava como se fosse Leões estripando uma zebra. O barulho das batidas na porta havia parado, pois acho que todos havia decido para o pátio principal.
-Eu vou dar o fora daqui – Maicon corre em direção à porta e começa a empurrar o armário para poder passar.
-Não Maicon, espera... – Ele moveu o armário alguns centímetros por ser pesado, mas eu consigo impedi-lo a tempo antes que ele abrisse a porta. Seguro ele contra parede, olho diretamente em seu olho que estava cheio de lagrimas, eu com certeza nunc a imaginei que veria ele daquela maneira, assustado, com medo, nervoso... Pois ele era o palhaço da turma, fazia todos rirem com qualquer bobagem. Nunca se ofendia com qualquer coisa que falassem para ele, o chamando de seja lá o que for ele não ligava era o mais feliz da turma e adorava uma boa farra.
-Cara você tem que tentar ficar calmo... – Respiro procurando as palavras certas para tentar acalmar a situação – Eu também estou com medo, mas se perdermos a cabeça vamos acabar como todo mundo lá fora você entende? – Ele nem ao menos olhava para mim, mas acenou com a cabeça – Nós estamos seguros aqui... Agora eu vou te solta e você vai sentar e coloca a cabeça no lugar, tudo bem?
-Eu só quero ir para casa – Agora ele me encarava com uma expressão de preocupação.
-Todos querem, acho que desde que começamos a estudar não é?– Tento parecer um pouco sarcástico. Ele senta em uma cadeira e começa a chorar com as mãos no rosto.
Respiro fundo e tento ficar o mais calmo possível, por que se perdemos o controle todos vão querer fazer o mesmo que Maicon e acabar como todos lá fora.
-Temos que pedir ajuda... Empresta-me o seu celular Carol.
-Eu deixei em casa.
-O meu fico sem bateria agora pouco – Diz Nathiele mostrando o aparelho desligado.
-Tenta o meu Edward, ele tem um pouco de credito – Charlene empresta seu Galaxy preto, o celular que a maioria dos jovens gostaria de ter.
-Tem um entrando aqui – Gritou Nathiele, por descuido deixamos a porta entre aberta por causa de Maico que havia retirado o armário, um deles conseguiu se espremer e passar pela pequena fenda que Maicon havia feito.
-Afastem-se rápido, fiquem longe dele – Grita Jeferson.
Todos correram desesperadamente para o fundo com medo do garoto que invadiu nossa sala. Ele vestia uma roupa que estava toda rasgada no peito e nas pernas, uma calça jeans escura e um moletom amarelo. Estava com uma parte do rosto arrancada e ao que parecia por uma mordida, um ferimento muito feio também estavam em seu pescoço. Ele tinha os mesmo olhos que o professor Redi quando o vi devorando a menina no corredor, uma espuma amarelada saia de sua boca mostrando seus dentes que parecia estar podre. Junior pega uma cadeira e a coloca em seu peito, na hora em que o garoto foi para cima dele. Com um empurrão ele o leva contra a janela da aula quebrando alguns vidros, fazendo o chão ficar cheios de cacos, empurro o armário novamente para fechar a porta para que ninguém entrar. O garoto com muita força tira a cadeira de Junior com muita facilidade, segurou seus braços e os dois acabaram caindo juntos ao chão em cima dos vidros quebrados.
Junior o afastava de seu rosto que fazia de tudo para mordê-lo, ele estava completamente descontrolado, por um descuido ele consegue morder o braço direito de Junior o fazendo gritar muito alto. Ele mordia com tanta força que arrancou um pedaço de carne e começou a mastigar.
-Tira ele de cima de mim – Jeferson e Marcelo correram e retirou ele segurando seus braços. O garoto também fazia de tudo para morder Marcelo e Jeferson que o seguravam, afinal o que estava acontecendo com esse cara.
-Junior sair daí... – Ajudo Junior a levantar o deixando sentado na cadeira, seu braço sangrava muito manchando o chão da sala sangue na aula – Pego um pedaço de vidro que havia no chão e vou ate eles – Segurem firme! – Assim que olhei diretamente para o seu rosto desfigurado eu tive certeza do que tinha que fazer.
-O que vai fazer? – Pergunta Jeferson com medo que eu fizesse alguma bobagem.
Cravo com toda força no seu olho o vidro que tinha forma de um pedaço de pizza, Jeferson e Marcelo soltam ele assim que para de se mexer. Não havia outra maneira acalma-lo, estava completamente fora de si, uma coisa que eu já mais havia visto numa pessoa, parecia estar com muito ódio e raiva. O silencio invade nossa sala, um garoto foi morto em frente aos olhos de todos, ao vivo, acho que ninguém jamais havia visto alguém morrer dessa maneira.
-Ed... Você... Mat... – Nathiele não consegue dizer uma palavra sem gaguejar pelo medo e nervosismo que estava sentindo.
-Foi preciso... Sinto muito – Minha mão estava cortada, o corte não era muito profundo, mas eu sentia o cheiro do sangue. Retiro o lenço que tinha no bolso para estocar o sangue em minha mão. Junior ainda estava sentado na cadeira olhando diretamente para o corpo que estava aos seus pés.
-Esse... Esse cara me mordeu, tirou um pedaço de mim – Seu braço estava muito feio, a mordida tirou uma boa parte da carne, a cor natural da pele não dava para ver mais, pois o braço inteiro era um vermelho escuro.
-Aqui, usa minha faixa para estocar o sangue dele – Carol retira sua faixa que ela sempre estava usando na sua perna que estava machucada por jogar futebol. Carol era uma das melhores jogadoras do time feminino da escola, quando havia um torneio envolvendo outras escolas da cidade, se o time dela ganhava era por causa dela.
-Espera Edward, joga um pouco de água em cima pra limpar um pouco – Larissa empresta sua garrafinha de água que sempre carregava.
-Junior vai doer um pouco, você vai ter que aguentar ouviu? – Despejo um pouco de agua e limpo com o dedo em volta da mordida, estava muito feio e o cheiro de sangue que estava na sala era quase insuportável. Junior abafa o grito com o outro braço. Enrolo gentilmente seu braço em quatro voltas, e prendo com um pedaço de durex.
-Ele precisa ir pra enfermaria, ele já perdeu muito sangue cara – Jeferson estava certo, por mais que eu não quisesse admitir teríamos que tentar sair da sala e conseguir ajuda.
-É eu sei... Vamos trazer ajuda – Vou ate a janela novamente analisando o mastro do qual poderíamos descer – Vamos descer por aqui. Jeferson e Marcelo vocês vem comigo?
-Vamos – Responderam juntos, mas Marcelo aparentou não estar muito a fim de ir, mas não comentou nada.
-Chegando à enfermaria vamos precisar que vocês fiquem atentos quando voltarmos para abrirem a porta, eles podem tentar entrar junto com agente – Por um momento nem acreditei que estava falando daquele jeito, como se eu já tivesse passado por aquilo antes.
-Tome muito cuidado, você viu o que aquele garoto fez no braço do Junior, só que desta vez pode não vir apenas um e sim vários – Charlene agora estava com um olhar de uma irmã mais velha preocupada, e afinal era isso que nós sempre nos consideramos... Irmãos, desde quando nos conhecemos na quarta serie. Mas por um lado ela tinha razão era muito perigoso, mas tínhamos que arriscar, ficar aqui não ajudaria em nada e Junior não iria aguentar.
-Eu sei não se preocupe, tomaremos cuidado - Era de se esperar que ela estivesse preocupada comigo e com eles, ela sempre pensa-nos outros primeiro que ela é a irmã que eu nunca tive.
-Vão o mais rápido possível, eu vou cuidar dele ate vocês voltarem – Seu sorriso agora era de extrema confiança.
–Vamos lá – Nos surpreendemos com o barulho que Junior faz caindo ao chão batendo a cabeça ficando inconsciente.
-Ele desmaiou... Vai logo garoto busca ajuda – Grita Carol após verificar se ele estava bem.
Pulando para o mastro estávamos agora descendo cuidadosamente por ele, o mastro estava enferrujado e sujo, se descermos rápido poderíamos nos cortar e acabar caindo. O vento ali em cima não estava ajudando, estava balançando muito, para nossa sorte não havia bandeira nenhuma ali. Estávamos quase chegando ao chão, quando gritos foram ouvidos de dentro da aula, um estrondo na janela faz cair vários cacos de vidro em cima de nós, mas felizmente ninguém se machuca.
-Socorro... Voltei o Junior enlouqueceu – Gritava Charlene na janela, mas logo ela é puxada novamente para dentro.
-Droga o que esta acontecendo lá em cima, vamos voltar.
-Eu não vou conseguir subir de novo Edward, temos que descer agora – Marcelo estava certo, seria pior se subirmos novamente.
-Droga - Olho para baixo e vejo que Jeferson havia parado e estava abraçado ao mastro – O que houve Jeferson continua!
-Não posso... Minhas pernas estão geladas, não consigo me mover, acho que me deu câimbra – O desespero conseguiu atingir Jeferson fazendo-o ficar em pânico.
-Calma estamos chegando... Se segura ai – Desço o mais rápido possível, mas estava difícil, se eu desliza-se ate ele eu poderia não conseguir parar, pois minha mão estava machucada e doía muito.
-Cara... Ta me dando Cãibra nas pernas... Não to conseguindo mover elas Edward... Ajude-me eu vou cair – Jeferson estava começando a perder as forças, seus olhos já estavam encharcados por suas lagrimas de pânico, mas ele não conseguiu agüentar.
Jéferson perde as forças e acaba caindo no chão batendo a cabeça no cimento da quadra. Vejo um liquido escuro escorrendo de sua cabeça, a pancada foi forte ele precisava de ajuda. Droga as coisas estão dando tudo errado. Eu precisava ajudar meu amigo, eu tinha que dar um jeito de chegar o mais rápido possível nele para ajudá-lo.
-Marcelo vai ter que pular comigo – Na distancia em que estávamos a queda não machucaria tanto.
- Você fico maluco, vamos acabar como ele – Marcelo não entendia que Jeferson poderia estar em sérios problemas se não o ajudássemos depressa.
-O Jéferson pode ta morto essa hora, agente tem que ajuda...eu vou conta ate 3 e pulamos.
Pulamos, tento amortecer a queda, mas mesmo assim caio para trás, o mesmo ocorreu com Marcelo, nossas pernas geladas dificultaram ainda mais nossa aterrissagem ao chão. Corro ate Jeferson e vejo que atrás de sua nuca havia um pequeno corte, mas que estava sangrando muito.
-Jéferson... Esta me ouvindo? Fala comigo – Somente um gemido conseguiu falar, ele estava muito mal e não era bom ficarmos no meio da quadra com um cheiro de sangue forte.
-E ai como ele esta?
-Nada bem... Ele bateu a cabeça quando caiu – Retiro um lenço de minha mão e pressiono contra sua nuca para tentar estocar o sangue – Temos que tirar ele daqui Marcelo, se não vamos ter mais problemas – digo olhando para a janela da nossa aula que estava agora distante.
-É tarde de mais pra isso – Diz Marcelo olhando com os olhos arregalados para trás de mim.
-O que foi? – pergunto acompanhando seu olhar... Engulo seco e respiro fundo, eu nunca tinha sentido tanto frio na barriga como naquele momento, era tudo ou nada, correr ou morrer. Mas Jeferson não conseguiria andar, e provavelmente o portão dos fundos estava fechado... Pensa... Pensa... Pensa.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
1º O Inicio do Pesadelo!
Estou sentado no sofá do porão da minha casa tentando me esconder para continuar vivo. Ainda não sei direito do que, mas sei que vou descobrir tudo e entender o que esta acontecendo.
Eles vieram tão rápidos que ninguém foi capaz conter sua onda de destruição, causando mortes, desespero e destruição. Pude ver grandes amigos serem mortos, minutos depois meus amigos mortos voltavam de alguma maneira para me matar junto com todo o resto, não sei como essa praga começo, mas rezo que acabe logo.
Queria poder dizer que isso é apenas um pesadelo, porém um pesadelo que no qual não consigo acordar. Queria poder acordar e ver o sol brilhando novamente, com sua luz ofuscando meus olhos, sentindo seu calor agradável no inverno rigoroso que se aproximava.
Não sei como consegui chegar ate aqui sem ser mordido, mas sei que eu vou conseguir escapar mais uma vez. Antes de tentar sair daqui e correr o risco de ter meus órgãos arrancados, vou explicar como começou meu dia, ou melhor, meu pesadelo. Pois ate onde eu sei, minhas teorias sobre tudo isso é somente, correr, fugir, se esconder, e tentar sobreviver...
É 07h15min da manha, meu celular desperto com seu barulho irritante. Sinto uma dor nas costas quando acordo, olho em volta e reparo que acabei adormecendo em cima dos livros em minha mesa que estava estudando. Esfrego os olhos e vejo no celular o aviso que eu havia marcado ‘‘Prova de matemática’’, espero que de tudo certo.
Vou arrastando meus pés ate chegar ate o banheiro, lavo o rosto para voltar ao meu pequeno mundo, escovo os dentes e arrumo o cabelo rapidamente apenas arrumando a franja. Vou indo em direção à cozinha e vejo meu irmão procurando mais uma vez o pote de café, reparo que ele estava um tanto irritado, seria melhor não tentar fazer nenhuma brincadeira hoje, só para evitar discussões desnecessárias.
-Bom dia mano – Vou indo ate a mesa para preparar meu café.
-Edward você viu o pote de café?- Diz Alexandre abrindo as portas de todos os armários sem se importar com meu Bom dia.
-Ta na ultima porta a esquerda, eu sempre deixo ali – Dou um longo bocejo colocando a primeira colher de açúcar em minha xicara.
-Já disse pra você, sempre que terminar de usar, colocar em cima da mesa... Quantas vezes vou ter que dizer isso? – Alexandre sentava a minha frente despejando duas colheres de café.
-Tudo bem... Desculpe.
Moramos apenas eu e Alexandre aqui, nossos pais morreram em um acidente de carro quando eu ainda era pequeno, desde então Alexandre e eu tivemos que nos ajudar para continuarmos nossa vida aqui na cidade. Ligo a TV no noticiário, parece estar exibindo gravações do hospital da cidade, o repórter corria pra ver se conseguia alguma entrevista, havia muitas pessoas feridas, e muitas ambulâncias ao redor.
-Ninguém sabe direito o que esta acontecendo, a muito sangue muitos corpos, alguns carros incendiados, esta um caos total aqui – O repórter estava desesperado por ver aquela bagunça e o que era pior, parecia que não parava nunca de chegar mais pessoas machucadas.
Realmente era uma cena muito forte para se assistir logo no café da manha, eu esperava ver algo produtivo, mas nos dias de hoje só vemos violência, mortes e guerras. O controle é tomado da minha mão sem eu ver.
-Qual é? Eu estava assistindo cara – Tento pegar o controle de volta.
-Você quer assistir pessoas morrendo e machucadas? Eu prefiro mil vezes assistir desenhos a isso – Sinceramente era um pouco irritante conviver com meu irmão, por mais que fossemos unidos, brigávamos seguidamente.
-Hoje eu vou volta mais tarde do trabalho e não sei que horas eu vou chegar então você não precisa fazer o jantar hoje. – Aqui em casa quem fazia o almoço ou janta era sempre eu, Alexandre não é um bom cozinheiro e também nunca tinha tempo, mas isso nunca me incomodou.
-Tudo bem... E que horas você chega?
-Não sei... Assim que eu resolver um problema que deu na loja – Alexandre era gerente de uma loja de motos, era responsável e muito serio no trabalho, deveria ter acontecido algo de muito grave.
-O que aconteceu? – Como papel de irmão mais novo eu deveria me preocupar nem que seja um pouco, além do mais, só temos nós para conversar e contar tudo um para o outro.
-Um cara maluco entrou na loja quebrando o vidro e derrubando todas as motos... Achamos que fosse um drogado descontrolado...
-E o que aconteceu?- Pergunto surpreso tomando um gole de café.
-O Tony foi tenta tira ele pra fora, mas o cara o agarrou e mordeu ele no braço, daí os outros rapazes tirara ele de cima do Tony, o cara caiu no chão e levantou no mesmo instante com muita facilidade... – continuou – Então ele saiu correndo deixando a loja toda bagunçada... – Tomou outro gole de café antes de continuar- Mas deixa isso pra lá, toma seu café e vai pra escola. -Termina levantando da mesa e indo para a Pia jogar a xícara suja.
Quando nossos pais morreram eu tinha quatro anos, Alexandre tinha 10. Não lembro direito deles, mas Alexandre sempre disse que eles eram pessoas de muito bom caráter, meu pai era Diretor de uma empresa na cidade que fornecia Artigos médicos para saúde. Minha mãe era a melhor Psicóloga da cidade, eles eram muito conhecidos aqui.
Olho o relógio 07h40min, estou atrasado, vou ate meu quarto e coloco uma causa jeans, meu all star preto e a primeira camiseta que encontro no armário. Pego duas fichas para o ônibus e vou correndo ate a parada de ônibus com minha mochila batendo em minhas costas, ele estava quase partindo, subo rapidamente, mas paro no segundo degrau da escada. Uma mancha vermelha escura no para brisa do veiculo chama minha atenção sou surpreendido quando o motorista me chama.
-Senhor, algum problema? – Pergunta ele antes de partir.
-O que?- Fico em silencio - Á problema nenhum eu só, fiquei olhando essa mancha, se não fosse loucura... – Dei uma pausa – Diria ate que é sangue – Disfarço com um sorriso torto.
-Por incrível que pareça, é sim – Isso me pego de surpresa – Ontem a noite uma mulher começou a se debater contra o ônibus gritando, ate que expeliu sangue pela boca – Disse ele na maior calma.
- E o senhor pediu ajuda pra ela? – Pergunto sentindo um cala frio esperando a resposta.
-Não ela saiu correndo... Bom entra ai que tenho que cumprir meu horário – Termina ele.
-Á... Desculpe – Continuo meu caminho entrando no ônibus.
Passo pela roleta e vejo Carol, Marcelo, Jéferson e Charlene me chamado no fundo do ônibus. Parece que não fui o único a estar atrasado, nunca mais deixo para estudar pra ultima hora.
-E ai galera... - Comprimento com a menor vontade de cumprimentar um por um.
-Que cara é essa Edward? Pelo visto não foi uma das suas melhores noites não é? - Pergunta Jéferson com uma cara de riso.
-Pois é, acabei dormindo em cima dos livros de matemática enquanto estudava – Sento de costas para a janela colocando os pés no banco vazio ao meu lado.
-Nossa esqueci completamente dessa prova, agora já era - Marcelo se assusta lembrando que mais uma vez não estudou por que ficou ate tarde na internet de novo.
-Eu nem precisei estudar, peguei o conteúdo de primeira – Charlene era a Intelectual do grupo, a mais aplicada da aula.
-O que foi Edward? Ta com uma cara de preocupado – Pergunta Carol.
-Á é que... Aconteceu um negocio lá na loja do meu irmão – Tento parecer menos preocupado possível.
-O que houve?- Pergunta Jéferson já preparando uma de suas colas para a prova de matemática.
-É uma longa historia – Tentei mudar de assunto, mas Jeferson insiste no assunto.
-Falta ainda pra chegar à escola – Diz ele.
-Bom foi assim... – Normalmente não sou muito de compartilhar assuntos que envolvem minha família, mesmo que não seja muito importante, a única pessoa que sei que posso contar é Charlene.
Explico o que aconteceu com Alexandre na noite passada, do maluco que invadiu a loja, minutos depois descemos do ônibus e caminhamos uma quadra ate o colégio. Chegando à porta da escola o sinal toca fazendo agente correr para não entrar depois do professor.
Chegando à aula vejo que muitos não estavam presentes somente estavam Angélica, Maicon, Larissa, Karen, Giuliano, Nathiele, Junior e Leonardo, e mais outros quatro que eram novatos.
Caminho ate meu lugar e reparo que no fundo da sala um cara que era o mais quieto da turma, Leonardo, estava com os braços apoiados na classe com a cabeça baixa o que aparentava não estar muito bem, então resolvo ir ate ele para ver como ele estava mesmo não tendo muito contato com ele, pensei que poderia ajudá-lo em alguma coisa.
- E ai cara, você ta bem? – Sento na classe ao lado da sua colocando a mão no seu ombro.
Ele vira o rosto e me encara, seus olhos estavam avermelhados e havia um arranhão no seu braço que provavelmente deixaria uma cicatriz muito feia e não aparentava ter um bom curativo. Ao redor do ferimento estava roxo e húmido, estava completamente infeccionado.
-O que houve no seu braço cara? – Continuo analisando o ferimento tentando mostrar-me preocupado, ele apenas da uma olhada e volta a baixar a cabeça.
Dez do primeiro dia de aula ele nunca foi de falar muito, acho que em toda escola ele não tem nenhum amigo, estava sempre nos cantos menos movimentado, sempre isolado de todos. Nunca me perguntei por que ele não se misturara e nos dias de trabalho em grupo ele optava sempre em fazer sozinho. Vou em direção ao braço para analisar o ferimento, mas ele não permite e acaba levantando da mesa para tirar satisfações.
-Cuida da sua vida Edward, não pedi sua ajuda – Seu tom de voz muda totalmente do que eu já ouvira antes, a agressividade e o ódio que eu vi em seus olhos me fizeram pensar que ele não era o mesmo.
-Tudo bem, fica calmo... Achei que estivesse precisando de ajuda – Tento manter a calma e não perder o controle com ele, além disso, ele já não sabia o que estava dizendo.
-Já disse que não preciso de ajuda, deixe-me em paz – Com força ele me empurra fazendo um impacto em meu peito, Junior nota que iria dar confusão então foi tentar me ajudar.
-Ei qual foi desse Mané Edward? – Junior já estava com os punhos fechados prontos para o ataque.
-Não foi nada... Deixa pra lá – Junior é o tipo de amigo que sempre tenta proteger os outros, esse lado grosseiro e bruto que eu não gosto muito, para ele nada mais pode resolve um assunto do que um cara leva uns socos na cara.
-Mantem esse seu amigo longe de mim Junior – Leonardo torna a aumentar o tom da voz, chamando atenção.
-Chega vocês ai... Bom dia Turma vai começar nossa aula de hoje – Diz o Professor de física jogando sua maleta em cima da mesa. Apesar de não gostar muito dessa matéria, eu realmente nunca tive dificuldade, pois o professor Redi sempre nos ajudava, mas só quando ele realmente achava que o aluno merecia sua ajuda.
Durante todo o primeiro período Leonardo como de costume não falava nada e ainda permanecia com os braços debruçados na mesa com a cabeça baixa olhando direto para o chão. Quando vejo que realmente ele não estava bem, ele levanta e caminha lentamente, mas ninguém notava sua presença ali em caminhar pelas classes. Ele se aproximou do professor, houve uma troca de palavras entre os dois, depois ele se direciona para a porta e sai.
Depois de algum tempo ele não voltou, o professor não pareceu se incomodar com isso, pois para ele só importava os alunos que realmente se interessavam por seu conteúdo e prestava atenção, o que não era muito o caso de muitos ali presentes. Ele só ficava ali sentado observando quem estava estudando ou quem estava fazendo que estudasse, pois ele tinha suas técnicas. Ele podia estar em silencio, mas estava de olho vivo em nós.
Se alguém conversa ou atrapalha o silencio que ele preza muito, ele apenas pegava seu caderno de anotações e escrevia o nome do aluno. O que não demoro muito, um grito ecoou pelo corredor, mas não um grito comum, era de sofrimento e horror, como gritos que se escuta apenas em filmes de terror.
-Nossa o que foi isso? – Pergunta Carol, mas todos tinham sido pegos de surpresa com esse grito.
-Deve ser alguma garota das salas ao lado, tentando chamar a atenção – Comenta Nathiele, que aparentava estar muito calma.
-Silencio... Eu vou ate lá da uma olhada, e vocês continuem fazendo os exercícios na pagina 394 – Quando reparei o professor já havia saído da sala de aula.
Alguns ficam conversando aproveitando a ausência do professor. Outros continuavam a fazer os exercícios que haviam sido deixados por ele, mas com os minutos passando e nada do professor voltar eu ficava cada vez mais inquieto e curioso. Quinze minutos depois novamente um grito, e agora vinha perto do corredor, levanto do meu lugar e vou lentamente ate a porta.
-Edward, o professor pediu pra ficarmos na aula – Diz Charlene que estava sentada na minha frente.
-Eu não vou sair... – A parede vai sumindo e a abertura da porta ocupando todo campo de minha visão.
Finalmente o professor estava vindo, mas estava diferente, ele estava caminhando raspando o ombro nas paredes do corredor. Sua camisa branca estava pra fora da calça e um lado do braço estava rasgado, mas isso era o de menos. Noto que no seu pescoço havia um ferimento e estava sangrando muito fazendo o sangue escorrer pelo peito sujando a camisa branca.
Ele ainda caminhava lentamente como um homem bêbado. Faltavam poucos metros para chegar à nossa sala. Sendo a ultima sala do pavilhão do segundo andar da escola, ele se aproximava ainda lentamente. Não senti nenhuma vontade de ir ate ele para ver se estava tudo bem, por que nas condições que ele estava, me fez ficar só observando da porta.
-O que deu nele? – Surge Marcelo logo atrás de mim.
-Não sei... – falo sem ao menos tirar os olhos dele.
-Será que ele precisa de ajuda? – No momento em que Marcelo passa por mim, no mesmo instante seguro seu braço rapidamente.
-O que foi?
-Acho melhor ficarmos aqui – Um arrepio no pescoço passa por mim, eu sinto como se meus pés e mãos estivessem preços, como alguém algemado, mas minha mão ainda permanecia segurando o braço de Marcelo.
Uma garota sai da aula do primeiro ano e nota a presença do professor logo do seu lado, ela vai ate ele para ajudá-lo, mas é surpreendida por um grito dele. Ele avança numa velocidade incrível pulando em cima dela, os gritos da garota ecoavam por todo pavilhão, me deixando paralisando de vez. Pensei que veria uma cena daquelas só em filmes de terror, ninguém aparecia para ajudar, atrás do professor vinham mais três pessoas correndo como ele, na maior velocidade e todos foram para cima dela. Uma mancha de sangue escorria em volta deles quatro manchando completamente o chão, nunca tinha visto tanto sangue na minha vida.
-E... Edward, voc... –Marcelo não consegue dizer uma só palavra, pois também estava assustado ao ver o que estávamos tentando acreditar.
-Vamos entrar... – O barulho deles rasgando a menina ao meio era só o que dava para ouvir no momento – VAI... ENTRA – Grito.
Minha voz chama a atenção do professor que nos olha, seus olhos brancos como se estivessem virados pra trás, então ele começa a correr em nossa direção gritando sem para. A cada passo que ele dava, parecia que meu coração estava mais perto de sair pela boca ao ver sua expressão. Puxo Marcelo para dentro cravando meus dedos em seu braço.
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